quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O Estado Islâmico declara que “Allah não nos ordenou a lutar contra Israel”, mas o cão que ladra pode morder seu dono!

OTAN bombardeia bases do Estado Islâmico na Síria (Kobani)

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os dias atuais é muito difícil fugir à pauta imposta pela chamada mídia corporativa, associada ideológica do imperialismo ianque, a qual vem nos últimos meses dando destaque em seus jornalões impressos, virtuais e na Tv aos “bárbaros crimes” provocados pelo Estado Islâmico (ISIS). É NECESSÁRIO QUE TENHAMOS A CORAGEM DE ROMPER COM O SENSO COMUM IMEDIATO-IMPRESSIONISTA que a todos impregna. Os alvos do EI são reféns americanos, britânicos e japoneses “decapitados”, um piloto jordaniano da OTAN “queimado vivo”, execuções coletivas de cristãos egípcios etc., toda essa barbaridade denunciada por ninguém menos do que organismos vinculados diretamente à Casa Branca e à ONU, ambas sedes das mais autênticas organizações terroristas existentes em todo o planeta. Claro está o caráter reacionário das direções teocráticas, mas objetivamente elas se voltam contra seus criadores como foi o caso da Al Qaeda, organizada e financiada pelos Estados Unidos para combater o Exército Vermelho no Afeganistão na década de 80, Saddam Hussein para atacar a Revolução Iraniana e agora o EI que tinha como objetivo derrotar o governo de Bashar Al Assad na Síria como contraponto militar ao Hezbollah e ao Hamas, para o quê recebera grandes aportes financeiros e logísticos das grandes potencias ocidentais, a fim de atingir a Rússia. De Bush a Obama, Iraque, Afeganistão, Síria, Irã e Coreia do Norte são os chamados “eixos do mal” e alvos iminentes da contrarrevolução mundial. Por outro lado, dirigentes do EI afirmaram que por enquanto não irão se confrontar com o Estado de Israel: “A maior resposta a esta pergunta é o Alcorão, onde Allah fala sobre os inimigos - os próximos dos muçulmanos que se tornaram infiéis, pois eles são mais perigosos do que aqueles que já foram infiéis” http://en.shiapost.com/2014/07/12/allah-has-not-ordred-us-to-fight-against-israel/). Os nazi-sionismo já traçaram uma linha de defesa militar em seu território, a “Operação Linha Defensiva”, o que só serviu para apertar o cerco à resistência palestina.


ATÉ O MOMENTO, OS ALVOS DO EI SÃO TODOS ELES LIGADOS AO IMPERIALISMO IANQUE E EUROPEU

No entanto, uma coisa é certa, da esquerda (PCO, PCB, PSTU) à direita todos se unem contra as ações do Estado Islâmico, fazem coro com a cruzada anti-islâmica do imperialismo ianque. Lamentavelmente os morenistas exigem que Obama forneça armas para os “rebeldes” mercenários na Síria e pede que a OTAN não bombardeie o Iraque: “sustentamos que uma tarefa imperiosa é impulsionar a mais ampla mobilização para exigir dos governos de nossos países e de todos os governos do mundo, inclusive os dos países imperialistas, o envio imediato de modernas armas pesadas, medicamentos e todo tipo de ajuda material para as milícias rebeldes do ELS e aos Comitês de Coordenação Local, sem condições de nenhuma natureza” (site do PSTU, Outubro/2014). Mas então fica a pergunta, se o EI é uma criatura do imperialismo por que os EUA bombardeiam esta organização? De certa forma, a resposta é simples: porque se bate contra os interesses econômicos do grande amo no norte no Oriente Médio ao instalarem califados fundamentalistas antiocidente, principalmente no Iraque dos fantoches governantes pró-Pentágono, o que coloca os “bárbaros fundamentalistas” no campo militar oposto ao do negro Obama. Só para ilustrar, sob os escombros da Líbia, provocados pelas bombas da OTAN, o EI vai instalando suas bases também e ameaça expandi-las pelo Magreb (região rica em petróleo), a partir da cidade de Derna. E o que mais preocupa os estrategistas do Pentágono, é que malgrado as opiniões da mídia corporativista, os militantes do EI promovem melhorias sociais e econômicas em regiões devastadas por guerras provocadas pelos americanos e as grandes potências capitalistas do Ocidente. Em um ambiente degradado no qual impera a miséria e a falta de perspectiva política é muito fácil o fundamentalismo se instaurar e impor a disciplina teocrática.

COLOCAR-SE NA TRINCHEIRA ANTI-IMPERIALISTA É O DEVER DE TODO REVOLUCIONÁRIO!

Assim, Jordânia, Japão, Inglaterra, Egito, são considerados “infiéis” e aliados do monstro imperialista e alvos de suas ações militares e execuções. Todo revolucionário honesto que se colocou ao lado de Saddam Hussein no Iraque (onde milhões de iraquianos foram assassinados durante a guerra de rapina da coalizão ocidental), de Kadaffi durante a guerra na Líbia (que teve toda a infraestrutura do país destruída, bem como as conquistas sociais obtivas com a revolução nacionalista burguesa), Assad na Síria – sempre destacando os limites destas direções burguesas – hoje deve postar-se ao lado do Estado Islâmico quando este ataca alvos imperialistas contra a cruzada antiterrorismo do Pentágono iniciada por Bush após os ataques às Torres Gêmeas em 2001, que deu início a uma das Eras mais reacionárias de todos os tempos, comparáveis ao nazifascismo. A perseguição aos fundamentalistas islâmicos, tanto do EI como do Talibã, por parte do imperialismo infelizmente tem recebido apoio da esquerda que se reivindica trotsquista e da neo-stalinista que o define como “excrecências” não-integrantes do regime da democracia dos ricos. O imperialismo bombardeia o EI não porque ele é misógino ou antidemocrático, mas porque se insurge contra o “american way life” e o bom desenvolvimento do status quo da ordem mundial imposta pela Casa Branca. Importante frisar, que os próprios métodos do EI foram assimilados junto à experiência dos prisioneiros de Guantánamo que são identificados com uniformes laranjas e sofrem todo tipo de torturas...

Está perfeitamente entendido que o EI é uma força irremediavelmente burguesa e reacionária, muito distante dos interesses imediatos da classe operária mundial, mas que em certa medida se confronta com o imperialismo e suas imensas teias de interesses, porque até mesmo o mais fiel cão pode alguma vez morder seu dono. Um marxista revolucionário não teme correr contra a corrente da opinião pública burguesa: nunca, jamais, os genuínos revolucionários devem cerrar fileiras com o imperialismo e sua coalizão internacional, a OTAN, o inimigo número um do proletariado e responsável pelos mais hediondos massacres de povos inteiros na História.