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té agora um grande espectro da opinião pública encarou a
crise institucional que abala o governo Dilma como consequência da corrupção,
dia após dia bombardeando a população com factoides midiáticos. Aqui, é
necessário mudar esta perspectiva se valendo de um método de análise
materialista a partir do critério de classe, pois tratar os melindres da
corrupção de forma geral dilui o essencial, o conflito entre os exploradores e
explorados, como se o corrupto (o serviçal) pudesse agir como elemento ativo no
processo e perante o capitalista (a burguesia), quando este último se apropria
da riqueza nacional como inerente à acumulação capitalista. A mídia, a classe
média, a direita e até setores da esquerda vêm tratando a corrupção brasileira
como uma generalidade deixando para trás o aspecto ontológico mais importante
que é a dominação de classe. A corrupção sempre existiu, desde as formações
sociais pré-capitalistas – quando não havia a distinção público/privada
(antiguidade oriental, Grécia Clássica, Roma), só que hoje ela advém e parte da
classe dominante detentora dos meios de produção. Assim, o jogo por detrás das
visões generalizadoras passa por manter a lógica do senso comum, a fim de que a
dominação e a opressão de uma classe sobre a outra se perpetue indefinidamente
no avançar dos tempos. O conteúdo de classe e ideológico tem sido imposto de
fora, como teremos oportunidade de constatar mais abaixo. Outrossim, significa
desvincular a corrupção de uma apropriação privada dos recursos públicos em
direção a um punhado de ricaços como um sistema funcional e não uma qualidade
natural da alma humana.