segunda-feira, 14 de novembro de 2016

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA/15 DE NOVEMBRO 1889: golpe político-militar para ratificar domínio do latifúndio e do privatismo nas entranhas do Estado

“Uma rematada tolice que foi a tal república. No fundo, o que se deu em 15 de novembro foi a queda do Partido Liberal e a subida do Conservador, sobretudo da parte mais retrógrada dele, os escravocratas de quatro costados”. [Lima Barreto, 1881-1922]

Quadro de Henrique Bernardelli
idealizando a Proclamação da República
pelo Marechal Deodoro da Fonseca
A
Proclamação da República no Brasil segue em uma linha de evolução iniciada com a “Independência” (1824) conduzida pelas classes dominantes do país. Consequência das revoltas sociais e políticas durante o “Império”, das novas necessidades da Revolução Industrial que se desenvolvia na Europa e o reordenamento das oligarquias no país logo após o fim da Guerra contra o Paraguai. Não se tratou de um corte histórico na sociedade, nem um ato heroico de um indivíduo tal como o representado pela arte oficial em que o Marechal Deodoro da Fonseca aparece glamoroso montado em seu corcel erguendo seu quepe triunfante como figura central do episódio, tampouco representou a vontade popular e os novos ideais de liberdade. A vida, após a Proclamação da República, como ela era no Império segue a mesma: exploração, elitismo e selvageria repressiva antipopular... agora acrescida com o trabalho assalariado dos imigrantes europeus que viria por substituir a mão de obra escrava.

DECISÃO CONTRA A VONTADE DE DEODORO!

Adoentado, acometido de forte dispneia (enfermidade contraída durante a Guerra do Paraguai), o Marechal Deodoro foi retirado da cama pela madrugada e instigado a agir dada a enorme crise por que passava o governo de D. Pedro II. Este último, o “velhinho” passava os dias prostrado e recolhido na sua residência em Petrópolis (72 quilômetros da capital Rio de Janeiro). Foi necessário que os republicanos, atônitos com a morbidez dos militares, espalhassem o boato de que o imperador iria prender as lideranças do partido para que Deodoro colocasse algumas tropas nas ruas e no dia 15 se deslocassem para o centro do Rio de Janeiro a fim de deporem os ministros de D. Pedro II. O “herói da proclamação” fazia parte do staff de confiança do imperador, relutou em participar do “putsch” até poucos dias antes. Nem mesmo o imenso prestígio do Exército após o genocídio que foi a Guerra contra o Paraguai (1864-1870) animava o claudicante marechal!