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choque da dura e nefasta realidade parece que não afetou em
nada os arautos da tão propalada “primavera árabe” e, ainda no mesmo barco da
contrarrevolução, os aríetes da “revolução árabe” somatizados em seus delírios
das quentes noites de verão. Pungentes são os efeitos das centenas de milhares
de bombas da OTAN sobre a Líbia em 2011 e as imensas chagas sobre a população. Devastado
o país, o coronel Kadhaffi foi assassinado com requintes de crueldade e sadismo
por mercenários a soldo da CIA e Mossad, comandados diretamente do Pentágono e
a Casa Branca. Hillary Clinton comemorou em plena epifania esse “prêmio”, o
corpo jazido ao chão do líder líbio... A quinta-coluna dos Clinton, e eversiva
da esquerda, também aplaudiu orgasticamente o suplício do povo líbio aqui no
Brasil: “a Primavera Árabe arrasta mais um ditador e abre a perspectiva do povo
líbio desenvolver sua aspiração por um futuro livre de dominação. Esta ação
também dará um novo impulso à revolução em toda região...”1. Restou o arraso das bombas, o pó, corpos e
miséria. Quase sete anos do fim de
Kadhaffi a guerra civil é a marca indelével do país, cuja economia não mais
existe enquanto nação produtora. Vige uma terra sem lei, dominada por guerras fratricidas e por gangues sanguinárias. No lumiar desse caos absoluto, ressurge
o tráfico de escravos em escala nunca antes vista. O status quo escravagista fora-lhe
imposto a ferro e fogo pela ação militar e política das grandes potências
capitalistas, com os Estados Unidos à cabeça.