denominada operação “Lava Jato” (“car wash”) a cada dia
ganha contornos mais autoritários, acentuando teses comezinhas do tipo “achismo”,
do “teria” e/ou “poderia” conduzidas com o credo do “homem de preto”, Sergio
Moro. A sua última peripécia que emoldurou o sequestro ilegal do ex-presidente
Lula é a peça mais trágica de um enredo elaborado a partir das “delações
premiadas” de notórios gangsteres e escroques a serviço do capital no Brasil,
afinal quem corrompe é o possuidor e não os meros estafetas públicos. Não direi
de quem partiram as novas “denúncias” que provocaram a caça a ao ex-presidente Lula
e seus familiares (apenas digo que foi alguém com o nome do sempre-tucano
Delcídio...). Promotores públicos medíocres e profundamente ignorantes se
aproveitam do sangramento do
staff
governamental para terem seus dias de fama como serviçais da burguesia paulista.
A burguesia financeira na voz dos tucanos paulistas arregaça suas mangas e
ataca o governo federal. A classe média idiotizada expõe sua esquizofrenia
anticomunista manietada pela mídia corporativa.
Sobre este caldo de cultura virulento imensamente contagioso navega o
bundamolismo da direção nacional do PT que praticamente se cala diante da
ofensiva direitista, o que significa que tem a sua aquiescência com a
situação. Tudo coaduna à fascistização do regime político através da
politização (ou despolitização) da “justiça” brasileira e da condenação da
política (partidos) em geral pela mídia
mainstream.
NENHUMA MATÉRIA PODE SER GERADA ESPONTANEAMENTE, SÃO
NECESSÁRIOS OS REAGENTES!
A sensacionalista blitzklieg
hollywoodiana dirigida pela republiqueta de Curitiba contra um ex-presidente não foi obra do acaso, deve
ser compreendida como parte de uma orientação parida nos porões de Washington, tendo
como agentes a oposição de direita ao governo Dilma e como executor Sérgio Moro
e consortes. Ela tem como meta destruir as forças produtivas do país em todos
os ramos, mas em especial a que está relacionada à infraestrutura energética a
partir da Petrobras e das derivativas empreiteiras.
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Sangrar o governo Dilma até as eleições de 2018 |
Moro, o queridinho da direita fascistizante (ele próprio
declarou ser admirador de Mussolini), espelha-se no juiz italiano, Antonio di
Pietro, quem colocou parte da máfia atrás das grades se valendo da “delação
premiada”. Colocou na berlinda o Banco Ambrosiano e o Banco do Vaticano, ambos
envolvidos nas maracutaias da máfia. O alvo da “Mani pulite” fora a direita
italiana. Aqui, o método foi invertido: colocar um suposto governo de esquerda
(na realidade neoliberal) no banco dos réus para limpar a barra da direita.
Para este fito, alia-se ao que há de pior e retrógrado na sociedade, a mídia
corporativa: Rede Globo, Folha de São Paulo, Estadão, Veja e seu jornalismo
esgoto. E tem “bases teóricas” a respeito: “...a ação judicial não pode
substituir a democracia no combate à corrupção. É a opinião pública esclarecida
que pode, pelos meios institucionais próprios, atacar as causas estruturais da
corrupção.(...) a punição judicial de agentes públicos corruptos é sempre
difícil, se não por outros motivos, então pela carga de prova exigida para
alcançar a condenação em processo criminal. (...) a
opinião pública pode constituir um salutar substitutivo, tendo
condições melhores de impor alguma espécie de punição a agentes públicos
corruptos, condenando-os ao ostracismo” [
http://docplayer.com.br/97504-Consideracoes-sobre-a-operacao-mani-pulite.html
– o grifo é meu].
Acima estão as razões que o elevaram a herói e a um possível
“eleito” como sucessor do governo Dilma pela famiglia Marinho, posto que todas
as ratazanas do PSDB foram vaiadas nas passeatas da direita no país e a linha
sucessória natural de um improvável impeachment está marcada a ferro pela
corrupção. Afinal, tamanho servilismo merece ser “recompensado” pelos amplos serviços
prestados!!! No entanto, os mesmos que vaiaram a tucanalha exaltaram a PF, “membros
da Polícia Federal também estiveram presentes, alguns deles em cima do caminhão
de som principal, saudados com gritos de ‘Polícia Federal, orgulho nacional’”
(
Sul 21, 13/3). O verdadeiro golpe nas massas passa precisamente pelo
aprofundamento do ajuste fiscal e o corte de benefícios sociais por parte do governo
neoliberal da frente popular.
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Mídia corporativa já elegeu Moro |
A aliança da justiça federal de Curitiba com a elite mais
retrógrada tem a finalidade de por em marcha os planos dos atuais (e futuros) ocupantes
da Avenida Pennsylvania, 1600. Esta mesma elite é a caudatária dos 20 mil
“nobres” portugueses que aqui aportaram em 1808, covardemente fugidios do
cutelo napoleônico. Forma a cepa da classe dominante brasileira voltada
exclusivamente para saquear as riquezas do povo e beneficiar os amos de ocasião
(Portugal, Inglaterra, EUA) na condição subserviente de uma nação semicolonial.
O “OBJETO” LULA, MUITO MAIS DO QUE UM EMBLEMA: UMA POLÍTICA
DE OPRESSÃO DE CLASSE
Na atual conjuntura não se trata de defender a índole do
Lula - que é mais suja que pau de galinheiro! É necessário, isto sim, denunciar
a enorme operação arquitetada pelo capital financeiro internacional (a Bolsa de
Valores teve alta considerável!), as multinacionais petrolíferas, a mídia
corporativa (que teve aumentado seus “índices de audiência” - em especial a
Rede Globo), a Justiça brasileira sob a figura mefistofélica do “homem de preto”
Sergio Moro e, claro a espetacularização extrema feita pela Polícia Federal,
esta minada por demo-tucanos desde a Era Itamar/FHC. Todo este operativo feito
para humilhar o ex-operário, agora no mínimo classe média alta, situa-se dentro
do marco geral de uma ampla campanha reacionaríssima contra quaisquer resquícios
que possa ter um governo futuro pós-Dilma, de acordo com a nova orientação do
Departamento de Estado ianque: destruir por dentro governos populares (não
populistas) como sequencia da mal chamada “primavera árabe” pelo conjunto da
esquerda mundial. Dilma/Lula até 2013 estavam em seu auge em termos de
popularidade, chegando inclusive a gozar certo nível de blindagem política em
razão de sua política monetarista (circulação fácil de capitais sem investir na
produção e infraestrutura do país) que enriquecera banqueiros e difundia falsa
ilusão de consumo e pleno emprego. Tudo mudaria com a retomada (especulativa)
da economia norte-americana a partir do biênio 2014/15, quando esta passa a ter
uma ação mais agressiva e belicosamente militar na Ucrânia, Síria, Irã,
Venezuela, Líbia novamente, e as escaramuças lançadas em torno da Rússia.
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Lula e as "delações selecionadas" |
Enfim, o tema é bastante delicado, mas o importante é que se
tenha a compreensão fina de que Lula não foi preso, ou melhor,
SEQUESTRADO pela
PF, somente por ser “corrupto”, e sim pelo fato de ter sido um ex-presidente
com certa dose de popularidade e, muito importante:
NÃO FAZ PARTE DO STAFF
BURGUÊS ENQUANTO CLASSE!!!! Lula não é proprietário de meios de produção em
massa. Por ser um elemento “intrometido” foi
SELECIONADO para cumprir o
calvário da via crucis da política burguesa no Brasil, o autêntico tubo de
ensaio para um regime cada vez mais próximo do fascismo e, pior, amplamente
amparado pelos que fazem a Lei e os que as regem, ou seja, atuam no campo da
ilegalidade: Câmara Federal e Justiça. Tamanha barbaridade arranca aplausos e
júbilos orgásticos da classe média decadente e boçal, a base histórica, social
e politica do fascismo.
REACENDIDA AS CHAMAS DA POLÍTICA DE CONTENÇÃO AO CRESCIMENTO
DAS POTENCIAS REGIONAIS
A situação política do Brasil é um exemplo de como
imperialismo vem encarando as possibilidades de desenvolvimentos regionais. Assim
em relação ao Brasil, tem como meta impreterível deter qualquer avanço, mesmo
que muito tímido e improvável, haja vista o grau de comprometimento do governo
Dilma com cartéis de bancos e rentistas internacionais. Contudo, julga
necessário arrancar pela raiz o menor indício neodesenvolvimentista do Brasil
ou outro país do planeta.
A estratégia, neste sentido, passa por eliminar o cartel nacional oligárquico das grandes empreiteiras erigido
com favorecimentos e regalias a partir do regime militar pós-1964, as quais
ganharam o status de exclusividade nas obras públicas do Estado.
Não obstante, o principal ponto desta orientação é o completo
domínio das bases energéticas do Brasil e das semicolônias que são a extração
do petróleo (sucateando as refinarias) e o usufruto de minerais estratégicos
(reduzidos à condição de commodities de baixo valor agregado). Assim o tem
feito nos países do BRIC a fim de solapar suas bases econômicas
“independentes”. O controle do potencial
energético determina o grau de poder de uma nação sobre a outra e é o
imperativo da dominação imperialista sobre todos os povos do planeta. Cumpre
este papel em grande parte a “car wash”.
Vejamos o caso da Petrobras.
A estatal SEMPRE FORA LUCRATIVA E EFICIENTE, até a abertura
de seu capital pelos governos de FHC nos anos 90. A riqueza gerada era tanta
que chegava a compor 18% do PIB nacional! O pré-sal, por exemplo, foi uma obra
nativa da Petrobras, com tecnologia e recursos próprios. Com tudo pronto, os
demo-tucanos, com a ajuda do PMDB, ofereceram-na de mão beijada a Chevron. Ou
seja, com a infraestrutura petrolífera em ponto de bala, o propósito revela-se
mais criminoso, posto que se baseia no DESMONTE METICULOSO DA PETROBRAS para
entregá-la a baixíssimo custo às grandes empresas petrolíferas mundiais.
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Linha dura de Hillary Clinton prevalecerá |
Ao mesmo tempo, prima por destruir a economia de um Brasil
cada vez mais isolado, que sofre com a desaceleração da China, com a queda dos
preços abrupta das commodities, com a crise por que passa a Rússia e em geral o
retrocesso econômico dos BRICS. Neste cenário, o Copom mantém a taxa de juros
na estratosfera, 14,25% (com tendência à alta), o governo do PT que não consegue
levar adiante o ajuste fiscal exigido pelos especuladores internacionais. Mais
de 120 bilhões de dólares são destinados aos banqueiros, os verdadeiros
credores da dívida pública do país. Não há investimentos em nenhum setor, o
crédito fácil foi abandonado, acabou a sanha consumista. Hillary Clinton,
provavelmente vitoriosa na corrida presidencial norte-americana, estará
incumbida de cumprir esta tarefa!
DILMA, GOVERNO SUBMISSO ÀS GARRAS
IMPERIALISTAS E O ESGOTAMENTO POLÍTICO DE UM REGIME
A subordinação da burguesia brasileira (ou o que sobrou
dela) faz parte de sua essência no papel da divisão internacional do trabalho,
isto é, tem como marca indelével a sua associação histórica com o imperialismo,
cuja expressão é a exigência deste a insuficiência tecnológica principalmente
na produção do petróleo, possibilitando no máximo a exportação de commodity com
baixo valor agregado (em franca queda) para depois ser obrigado a consumi-lo
industrializado (diesel, gasolina etc.) pelos trustes na metrópole a altíssimo
custo. Qualquer país que não tenha o
pleno domínio da questão energética jamais poderá atingir sua soberania
enquanto nação. O papel reservado à operação “car wash” está diretamente
vinculado a dois elementos centrais, a autossuficiência na produção de energia
e na lógica da submissão estratégica aos interesses das grandes corporações do
petróleo e da mineração. Como resultado da “car wash”, todo investimento em
infraestrutura no país foi cancelado, quer em nível industrial, estradas,
refinarias ou na área social. O país está paralisado... obstruindo de vez o mui
tímido e limitado projeto de soberania nacional, bem ao gosto dos estrategistas
de Washington.
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Sistema judiciário sempre a serviço da classe dominante |
Estas foram as consequências nefastas para o desenvolvimento
das forças produtivas do Brasil, com sérias implicações políticas, levadas a
mão de ferro pela republiqueta de Curitiba, inserida em seu contexto
totalizante internacional: desmonte da Petrobras e de empreiteiras, desemprego
em massa, a volta da inflação, alta dos juros, reclames inflamados pelo ajuste
fiscal, recrudescimento do regime determinado pela “politização” à direita da
justiça, ao ponto da polícia paulista chegar a invadir o sindicato dos
Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, onde acontecia uma plenária dos
movimentos sociais, a mando de um medíocre e obscuro promotor de justiça
vinculado aos demo-tucanos paulistanos. Claro, sem esquecer a hollywoodiana
“condução coercitiva” de Lula pela PF. O sistema judiciário (STF, STJ, TST e MP)
nunca foi uma instituição democrática, está a serviço de uma classe apenas, a
dos que detêm os meios de produção e dos grandes monopólios capitalistas.
Sergio Moro e o estúpido estelionatário Cássio Conserino são a expressão mais
acabada das Leis antipovo e suas peças jurídicas, verdadeiras aberrações,
funcionam, como na época do “ex-funcionário” da Globo Joaquim Barbosa, tal qual
o enfadonho “domínio de fato”.
A gerência capitalista do PT sobre o país, segundo a
burguesia, já cumpriu seu papel que consistiu principalmente em conter e
destruir contrarrevolucionariamente por dentro o movimento de massas,
qualificando suas ações de “terrorismo”, favorecer o agronegócio (setor que
mais tem lucrado junto com os banqueiros em uma época recessivo como a atual) e
o poderoso cartel de bancos privados, a fonte real dos imensos tentáculos da
corrupção capitalista. O pacto com as oligarquias regionais tem se esgotado,
basta ver as múltiplas facetas do arquicorrompido PMDB no governo e no
Congresso. Cada vez mais se tem a urgência de darmos início a uma nova
aglutinação do movimento operário, livre do engessamento da CUT e UNE, numa
atuação independente e ativa como oposição revolucionária ao Planalto e aos
governos demo-tucanos de plantão.
Nota
* Por se tratar de uma operação com grande envergadura
midiática e que se insere incomensuravelmente num contexto internacional, esta
denominação é mais adequada em uma análise mais fina, baseada em uma analogia
assim ironizada: “Car Wash(shington)”!