segunda-feira, 14 de março de 2016

OPERAÇÃO “CAR WASH”* Arquitetada pelos amos do Norte para solapar as forças produtivas do Brasil. Politização (ou despolitização) da “justiça” do país?



A
denominada operação “Lava Jato” (“car wash”) a cada dia ganha contornos mais autoritários, acentuando teses comezinhas do tipo “achismo”, do “teria” e/ou “poderia” conduzidas com o credo do “homem de preto”, Sergio Moro. A sua última peripécia que emoldurou o sequestro ilegal do ex-presidente Lula é a peça mais trágica de um enredo elaborado a partir das “delações premiadas” de notórios gangsteres e escroques a serviço do capital no Brasil, afinal quem corrompe é o possuidor e não os meros estafetas públicos. Não direi de quem partiram as novas “denúncias” que provocaram a caça a ao ex-presidente Lula e seus familiares (apenas digo que foi alguém com o nome do sempre-tucano Delcídio...). Promotores públicos medíocres e profundamente ignorantes se aproveitam do sangramento do staff governamental para terem seus dias de fama como serviçais da burguesia paulista. A burguesia financeira na voz dos tucanos paulistas arregaça suas mangas e ataca o governo federal. A classe média idiotizada expõe sua esquizofrenia anticomunista manietada pela mídia corporativa. Sobre este caldo de cultura virulento imensamente contagioso navega o bundamolismo da direção nacional do PT que praticamente se cala diante da ofensiva direitista, o que significa que tem a sua aquiescência com a situação. Tudo coaduna à fascistização do regime político através da politização (ou despolitização) da “justiça” brasileira e da condenação da política (partidos) em geral pela mídia mainstream.

NENHUMA MATÉRIA PODE SER GERADA ESPONTANEAMENTE, SÃO NECESSÁRIOS OS REAGENTES!

A sensacionalista blitzklieg hollywoodiana dirigida pela republiqueta de Curitiba contra um ex-presidente não foi obra do acaso, deve ser compreendida como parte de uma orientação parida nos porões de Washington, tendo como agentes a oposição de direita ao governo Dilma e como executor Sérgio Moro e consortes. Ela tem como meta destruir as forças produtivas do país em todos os ramos, mas em especial a que está relacionada à infraestrutura energética a partir da Petrobras e das derivativas empreiteiras.

Sangrar o governo Dilma até as eleições de 2018
Moro, o queridinho da direita fascistizante (ele próprio declarou ser admirador de Mussolini), espelha-se no juiz italiano, Antonio di Pietro, quem colocou parte da máfia atrás das grades se valendo da “delação premiada”. Colocou na berlinda o Banco Ambrosiano e o Banco do Vaticano, ambos envolvidos nas maracutaias da máfia. O alvo da “Mani pulite” fora a direita italiana. Aqui, o método foi invertido: colocar um suposto governo de esquerda (na realidade neoliberal) no banco dos réus para limpar a barra da direita. Para este fito, alia-se ao que há de pior e retrógrado na sociedade, a mídia corporativa: Rede Globo, Folha de São Paulo, Estadão, Veja e seu jornalismo esgoto. E tem “bases teóricas” a respeito: “...a ação judicial não pode substituir a democracia no combate à corrupção. É a opinião pública esclarecida que pode, pelos meios institucionais próprios, atacar as causas estruturais da corrupção.(...) a punição judicial de agentes públicos corruptos é sempre difícil, se não por outros motivos, então pela carga de prova exigida para alcançar a condenação em processo criminal. (...) a opinião pública pode constituir um salutar substitutivo, tendo condições melhores de impor alguma espécie de punição a agentes públicos corruptos, condenando-os ao ostracismo” [http://docplayer.com.br/97504-Consideracoes-sobre-a-operacao-mani-pulite.html – o grifo é meu].

Acima estão as razões que o elevaram a herói e a um possível “eleito” como sucessor do governo Dilma pela famiglia Marinho, posto que todas as ratazanas do PSDB foram vaiadas nas passeatas da direita no país e a linha sucessória natural de um improvável impeachment está marcada a ferro pela corrupção. Afinal, tamanho servilismo merece ser “recompensado” pelos amplos serviços prestados!!! No entanto, os mesmos que vaiaram a tucanalha exaltaram a PF, “membros da Polícia Federal também estiveram presentes, alguns deles em cima do caminhão de som principal, saudados com gritos de ‘Polícia Federal, orgulho nacional’” (Sul 21, 13/3). O verdadeiro golpe nas massas passa precisamente pelo aprofundamento do ajuste fiscal e o corte de benefícios sociais por parte do governo neoliberal da frente popular.

Mídia corporativa já elegeu Moro 
A aliança da justiça federal de Curitiba com a elite mais retrógrada tem a finalidade de por em marcha os planos dos atuais (e futuros) ocupantes da Avenida Pennsylvania, 1600. Esta mesma elite é a caudatária dos 20 mil “nobres” portugueses que aqui aportaram em 1808, covardemente fugidios do cutelo napoleônico. Forma a cepa da classe dominante brasileira voltada exclusivamente para saquear as riquezas do povo e beneficiar os amos de ocasião (Portugal, Inglaterra, EUA) na condição subserviente de uma nação semicolonial.

O “OBJETO” LULA, MUITO MAIS DO QUE UM EMBLEMA: UMA POLÍTICA DE OPRESSÃO DE CLASSE

Na atual conjuntura não se trata de defender a índole do Lula - que é mais suja que pau de galinheiro! É necessário, isto sim, denunciar a enorme operação arquitetada pelo capital financeiro internacional (a Bolsa de Valores teve alta considerável!), as multinacionais petrolíferas, a mídia corporativa (que teve aumentado seus “índices de audiência” - em especial a Rede Globo), a Justiça brasileira sob a figura mefistofélica do “homem de preto” Sergio Moro e, claro a espetacularização extrema feita pela Polícia Federal, esta minada por demo-tucanos desde a Era Itamar/FHC. Todo este operativo feito para humilhar o ex-operário, agora no mínimo classe média alta, situa-se dentro do marco geral de uma ampla campanha reacionaríssima contra quaisquer resquícios que possa ter um governo futuro pós-Dilma, de acordo com a nova orientação do Departamento de Estado ianque: destruir por dentro governos populares (não populistas) como sequencia da mal chamada “primavera árabe” pelo conjunto da esquerda mundial. Dilma/Lula até 2013 estavam em seu auge em termos de popularidade, chegando inclusive a gozar certo nível de blindagem política em razão de sua política monetarista (circulação fácil de capitais sem investir na produção e infraestrutura do país) que enriquecera banqueiros e difundia falsa ilusão de consumo e pleno emprego. Tudo mudaria com a retomada (especulativa) da economia norte-americana a partir do biênio 2014/15, quando esta passa a ter uma ação mais agressiva e belicosamente militar na Ucrânia, Síria, Irã, Venezuela, Líbia novamente, e as escaramuças lançadas em torno da Rússia.

Lula e as "delações selecionadas"
Enfim, o tema é bastante delicado, mas o importante é que se tenha a compreensão fina de que Lula não foi preso, ou melhor, SEQUESTRADO pela PF, somente por ser “corrupto”, e sim pelo fato de ter sido um ex-presidente com certa dose de popularidade e, muito importante: NÃO FAZ PARTE DO STAFF BURGUÊS ENQUANTO CLASSE!!!! Lula não é proprietário de meios de produção em massa. Por ser um elemento “intrometido” foi SELECIONADO para cumprir o calvário da via crucis da política burguesa no Brasil, o autêntico tubo de ensaio para um regime cada vez mais próximo do fascismo e, pior, amplamente amparado pelos que fazem a Lei e os que as regem, ou seja, atuam no campo da ilegalidade: Câmara Federal e Justiça. Tamanha barbaridade arranca aplausos e júbilos orgásticos da classe média decadente e boçal, a base histórica, social e politica do fascismo.

REACENDIDA AS CHAMAS DA POLÍTICA DE CONTENÇÃO AO CRESCIMENTO DAS POTENCIAS REGIONAIS

A situação política do Brasil é um exemplo de como imperialismo vem encarando as possibilidades de desenvolvimentos regionais. Assim em relação ao Brasil, tem como meta impreterível deter qualquer avanço, mesmo que muito tímido e improvável, haja vista o grau de comprometimento do governo Dilma com cartéis de bancos e rentistas internacionais. Contudo, julga necessário arrancar pela raiz o menor indício neodesenvolvimentista do Brasil ou outro país do planeta.

A estratégia, neste sentido, passa por eliminar o cartel nacional oligárquico das grandes empreiteiras erigido com favorecimentos e regalias a partir do regime militar pós-1964, as quais ganharam o status de exclusividade nas obras públicas do Estado.

Não obstante, o principal ponto desta orientação é o completo domínio das bases energéticas do Brasil e das semicolônias que são a extração do petróleo (sucateando as refinarias) e o usufruto de minerais estratégicos (reduzidos à condição de commodities de baixo valor agregado). Assim o tem feito nos países do BRIC a fim de solapar suas bases econômicas “independentes”. O controle do potencial energético determina o grau de poder de uma nação sobre a outra e é o imperativo da dominação imperialista sobre todos os povos do planeta. Cumpre este papel em grande parte a “car wash”.

Vejamos o caso da Petrobras.

A estatal SEMPRE FORA LUCRATIVA E EFICIENTE, até a abertura de seu capital pelos governos de FHC nos anos 90. A riqueza gerada era tanta que chegava a compor 18% do PIB nacional! O pré-sal, por exemplo, foi uma obra nativa da Petrobras, com tecnologia e recursos próprios. Com tudo pronto, os demo-tucanos, com a ajuda do PMDB, ofereceram-na de mão beijada a Chevron. Ou seja, com a infraestrutura petrolífera em ponto de bala, o propósito revela-se mais criminoso, posto que se baseia no DESMONTE METICULOSO DA PETROBRAS para entregá-la a baixíssimo custo às grandes empresas petrolíferas mundiais.

Linha dura de Hillary Clinton prevalecerá
Ao mesmo tempo, prima por destruir a economia de um Brasil cada vez mais isolado, que sofre com a desaceleração da China, com a queda dos preços abrupta das commodities, com a crise por que passa a Rússia e em geral o retrocesso econômico dos BRICS. Neste cenário, o Copom mantém a taxa de juros na estratosfera, 14,25% (com tendência à alta), o governo do PT que não consegue levar adiante o ajuste fiscal exigido pelos especuladores internacionais. Mais de 120 bilhões de dólares são destinados aos banqueiros, os verdadeiros credores da dívida pública do país. Não há investimentos em nenhum setor, o crédito fácil foi abandonado, acabou a sanha consumista. Hillary Clinton, provavelmente vitoriosa na corrida presidencial norte-americana, estará incumbida de cumprir esta tarefa!

DILMA, GOVERNO SUBMISSO ÀS GARRAS IMPERIALISTAS E O ESGOTAMENTO POLÍTICO DE UM REGIME

A subordinação da burguesia brasileira (ou o que sobrou dela) faz parte de sua essência no papel da divisão internacional do trabalho, isto é, tem como marca indelével a sua associação histórica com o imperialismo, cuja expressão é a exigência deste a insuficiência tecnológica principalmente na produção do petróleo, possibilitando no máximo a exportação de commodity com baixo valor agregado (em franca queda) para depois ser obrigado a consumi-lo industrializado (diesel, gasolina etc.) pelos trustes na metrópole a altíssimo custo. Qualquer país que não tenha o pleno domínio da questão energética jamais poderá atingir sua soberania enquanto nação. O papel reservado à operação “car wash” está diretamente vinculado a dois elementos centrais, a autossuficiência na produção de energia e na lógica da submissão estratégica aos interesses das grandes corporações do petróleo e da mineração. Como resultado da “car wash”, todo investimento em infraestrutura no país foi cancelado, quer em nível industrial, estradas, refinarias ou na área social. O país está paralisado... obstruindo de vez o mui tímido e limitado projeto de soberania nacional, bem ao gosto dos estrategistas de Washington.

Sistema judiciário sempre a serviço da classe dominante
Estas foram as consequências nefastas para o desenvolvimento das forças produtivas do Brasil, com sérias implicações políticas, levadas a mão de ferro pela republiqueta de Curitiba, inserida em seu contexto totalizante internacional: desmonte da Petrobras e de empreiteiras, desemprego em massa, a volta da inflação, alta dos juros, reclames inflamados pelo ajuste fiscal, recrudescimento do regime determinado pela “politização” à direita da justiça, ao ponto da polícia paulista chegar a invadir o sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, onde acontecia uma plenária dos movimentos sociais, a mando de um medíocre e obscuro promotor de justiça vinculado aos demo-tucanos paulistanos. Claro, sem esquecer a hollywoodiana “condução coercitiva” de Lula pela PF. O sistema judiciário (STF, STJ, TST e MP) nunca foi uma instituição democrática, está a serviço de uma classe apenas, a dos que detêm os meios de produção e dos grandes monopólios capitalistas. Sergio Moro e o estúpido estelionatário Cássio Conserino são a expressão mais acabada das Leis antipovo e suas peças jurídicas, verdadeiras aberrações, funcionam, como na época do “ex-funcionário” da Globo Joaquim Barbosa, tal qual o enfadonho “domínio de fato”.

A gerência capitalista do PT sobre o país, segundo a burguesia, já cumpriu seu papel que consistiu principalmente em conter e destruir contrarrevolucionariamente por dentro o movimento de massas, qualificando suas ações de “terrorismo”, favorecer o agronegócio (setor que mais tem lucrado junto com os banqueiros em uma época recessivo como a atual) e o poderoso cartel de bancos privados, a fonte real dos imensos tentáculos da corrupção capitalista. O pacto com as oligarquias regionais tem se esgotado, basta ver as múltiplas facetas do arquicorrompido PMDB no governo e no Congresso. Cada vez mais se tem a urgência de darmos início a uma nova aglutinação do movimento operário, livre do engessamento da CUT e UNE, numa atuação independente e ativa como oposição revolucionária ao Planalto e aos governos demo-tucanos de plantão.

Nota
* Por se tratar de uma operação com grande envergadura midiática e que se insere incomensuravelmente num contexto internacional, esta denominação é mais adequada em uma análise mais fina, baseada em uma analogia assim ironizada: “Car Wash(shington)”!