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assado algum tempo desde que a Nicarágua submergiu nas profundezas da
crise política após o governo Ortega desastrosamente ter tentado implantar verticalmente
uma reforma na previdência por pressão do FMI. Por isso, agora faz jus
aplicarmos um claro método de análise a fim de que possamos aferir a magnitude
dos acontecimentos no país onde triunfou a Revolução Sandinista em 1979 ao
depor pelas armas o ditador e sicário do Império, Anastácio Somoza. Isto porque
até o presente quase todas as correntes da esquerda mundial fazem profissão de
fé que os dissabores do governo sandinista devem-se exclusivamente pela
política equivocada dos ex-revolucionários, descartando a participação dos
órgãos de inteligência e do Departamento de Estado dos EUA. Encampam esta
vertente, como não seria novidade, as correntes morenistas (LIT/PSTU, CST, MES...),
cujas bases programáticas estão solidamente enraizadas na democracia burguesa:
as quais podem assim ser resumidas “Ortega é um ditador sanguinário e
assassino” e, portanto, deve ser apeado do poder, não interessa por quem. Fácil
adentrar nesse terreno; difícil, contudo, é engolir essa patranha! Revela, antes
de tudo, o grau de deterioração desta pseudo-esquerda, amiúde alinhada com a
mídia corporativa ou com a opinião pública pequeno-burguesa, cujo cerne sempre
fora o senso comum direitista. Muito longe desta perspectiva sombria e errática,
o método marxista deve ser aplicado com rigor, orientando a análise para romper
com programa identitário da neo-esquerda antirrevolucionária. A real situação deve ser abarcada através
do ponto de partida geopolítico, o qual sempre permeou a realidade da América
Central e do Caribe, ou seja, qual o papel cumpriam diante do monstro
imperialista os governos da centro-esquerda burguesas nesses países. A pergunta
correta, nesse sentido, a ser feita é quais os determinantes do Império nesta
região?