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Os carniceiros desolaram as ilhas./Guanahaní foi a primeira/nesta
história de martírios./Os filhos da argila viram/partido/seu sorriso, ferida”,
assim iniciam os versos de Pablo Neruda em seu antológico Canto Geral. Lamento elegíaco que se aplica infelizmente à perfeição
no Brasil atual. A catástrofe de Brumadinho é mais uma consequência da
devastação ambiental e social promovida pelas mineradoras, as quais têm como
único objetivo alçar lucros astronômicos na especulação bursátil providos pelos
mais baixos custos possíveis no processo de extração de minérios. Estes irão
abastecer as grandes potencias mundiais, em especial, claro, os Estados Unidos,
principalmente a indústria bélica. Depósitos de rejeitos são produtos
destrutivos mais acabados, vão se acumulando, sendo um após o outro “descartados”,
porém continuam recebendo toneladas de produtos tóxicos, ou seja, ficam sem
manutenção, mas ainda recebendo chorume. Isto porque a Vale S.A. decidiu
ampliar a capacidade do córrego do Feijão em 88%, medida que foi aprovada pelo
governo do estado em dezembro do ano passado, então nas mãos do petista
Fernando Pimentel, que simplificou o processo de concessão ambiental para a
mineradora como se fosse uma exploração de médio porte, mas na verdade, era
exatamente o contrário, havia grande potencial destruidor. Deu vazão - sem trocadilho - ao príncipe da privataria tucana. Para tornar claro o
significado da tragédia resultante da pilhagem colonialista o artigo versará
por alguns pontos fundamentais de forma bastante sintética sem, contudo, cair
em simplificações exageradas.