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uito se tem falado sobre a “Inconfidência Mineira”1, o martírio de “Tiradentes”, o que ambos os
fatos representaram para a evolução política do Brasil dos séculos XVII e
XVIII. Lembrando também do uso que certa historiografia fez desta “epopeia” de
uma “conspiração” que nunca houve: perseguir, prender, torturar e assassinar
pelo simples fato de existir como pensamento, um ideal de liberdade liberal,
nunca colocados em prática pelos representantes da elite. É preciso ter a
dimensão de tempo e espaço dos acontecimentos que foram forjados à luz da
decadência da “metrópole” lusitana, na mesma proporção que se esgotavam os ciclos
da economia brasileira, sempre determinada pela economia europeia. As idas e
vindas de ciclos coloniais, o crescente processo de urbanização das cidades
estava diretamente vinculado à economia de extração do ouro aluvial, durante a
qual foi se fortalecendo uma camada média de agentes da Coroa, cada vez mais
descontente com os rumos que o exclusivismo colonial tomava. O antigo sistema
colonial despedaçava-se gradativamente ao longo do século XVII, e com ele a
superficialidade opulenta da corte portuguesa.