segunda-feira, 27 de abril de 2020

SÉRGIO MORO: o “ex-ex”, a serviço do grande capital financeiro, é convencido a deixar o Ministério da Justiça


U
ma questão que toda a mídia corporativa oculta e faz questão de dissimular em relação ao ex-ex Sérgio Moro: a sua promíscua relação com o Departamento de Estado dos Estados Unidos! Há documentos que comprovam o envolvimento do ex-ex na política do governo americano, expostos pelo site WikiLeaks onze anos atrás [1], que comprovam a sua participação em cursos doutrinários, cujo nome fora dado como programa Bridges Project (Projeto Pontes) a fim de “consolidar o treinamento bilateral [entre Estados Unidos e Brasil] para aplicação da lei” [2]. Vários juristas brasileiros participaram, porque, segundo alegaram não tinham capacidade para se valer do Código Penal e enfrentar a corrupção e os esquemas de lavagem de dinheiro no Brasil. Como veremos adiante, foi a porta de entrada para a intervenção americana nos assuntos brasileiros: espionagem e doutrinação jurídica.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

CORONAVÍRUS: Como o neoliberalismo forjou a crise da saúde pública mundial desde suas bases macroeconômicas


A
crise sistêmica pela qual o planeta, em seu modo capitalista de produção, está passando foi acionada pela disseminação do coronavírus, não é um fenômeno recente. É preciso entende-la em sua historicidade e ideologia. Trata-se do regime político-econômico surgido ao final dos anos 70 no Reino Unido e nos Estados Unidos como contraponto às economias planejadas do bloco soviético: o neoliberalismo. Despontou com o objetivo de minar o Estado provedor de bem-estar-social erigido no pós-guerra para conter o avanço da URSS (a responsável direta pela derrota nazista) na Europa e sua influência política mundo afora. Nos anos 80 os países do “bloco comunista” sob a égide do gorbachevismo começavam a agonizar, dado caráter parasitário de sua burocracia dirigente, enquanto o bloco capitalista investia mais e mais em protecionismos e no belicismo. O resultado não poderia ser outro senão o triunfo do grande capital monopólico sobre as economias planificadas sem o padrão dólar. O final da década de 80 prenunciava o fim da bipolarização do mundo (EUA versus URSS), com a reunificação capitalista da Alemanha (derrubada do Muro de Berlim por yuppies), marca indelével do processo contrarrevolucionário que dissolveu a URSS proclamado em dezembro de 1991.

sexta-feira, 3 de abril de 2020

FILME “O POÇO”: Imersão do indivíduo em seus processos (des)civilizatórios na sociedade de consumo ultraneoliberal e a intrépida jornada de Goreng


O
diretor espanhol Galder Gaztelu-Urrutia, autor de perturbantes obras cinematográficas do quilate de A boca do lobo (2004), O caixão de cristal (2016)1, criou uma instigante metáfora em tempo mais do que presente da realidade que nos emoldura presa ao insano social do consumo capitalista: O Poço, filme concluído em 2019. Uma narrativa sombria que reflete a condição humana sensitiva imposta pelo ultraneoliberalismo como um todo, e nos transparece como um fardo ao assisti-la. O autor faz com que submerjamos num mundo distópico dominado pelo instinto primário de sobrevivência, sobejamente metafísico-delirante, cruel, cujos personagens não têm rumo, nem esperanças, tampouco futuro, exceto um, o excelente Iván Massagué (o Goreng), protagonista da trama. Logo no início Urrutia deixa claro seu método e como deve ser compreendido o filme: “Existem três tipos de pessoas: as que estão em cima, as que estão embaixo e as que caem”. São paradoxais as inúmeras cenas ao longo do filme, as quais encerram profusão de cinismo, profunda arrogância acrescida de desprezo pelos de baixo expresso na atuação de Zorion Eguileor (o Trimagasi), individualismo e selvageria contumazes que, por fim, amalgamam-se em perigosas amizades (Emilio Buale, o Baharat), única e mais fiel a aliar-se com o nosso protagonista.