Ato Público em defesa da Fundação Piratini, quarta-feira, 29 de março de 2016 |
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o apagar das luzes de 2016, o governo Sartori com a
cumplicidade criminosa dos deputados estaduais, aprovou a extinção de oito
estatais. E o mais grave, que nem cabem em seu discurso de desmonte da máquina
do estado, de que são deficitárias. Ao contrário, não só são lucrativas como
também são utilizadas para pagar a dívida pública perante banqueiros e a União.
O PMDB, golpista, repousa suas teses ultraneoliberais sobre privatizações de
setores estratégicos como estradas, transporte e energia, a exemplo do que vem
fazendo seu consorte em nível nacional de esmagamento do que restou da
infraestrutura estratégia do país. Há muito tais recursos político-contábeis
demonstraram seu total fracasso e demonstram não ausência de ação, mas um
programa político bem claro: uma gigantesca operação de desmonte dos serviços
estatais para entrega-los à empresas terceirizadas sob cujo nome está algum
político ou um laranja seu ou para grandes monopólios econômicos. Para chegar a
esse ponto o governo de bandidos peemedebista e sua “base aliada” jogaram no
lixo até mesmo as leis que eles próprios criaram, a Constituição Estadual,
segundo a qual uma estatal para ser entregue à “iniciativa privada” deve ter
antes um plebiscito popular. Portanto, desfraldou-se descaradamente uma clara
operação anticonstitucional para aprovar o pacotaço de Sartori (a serviço de
banqueiros e da RBS), burlando até mesmo cláusulas pétreas que reza a “soberania
popular ser inviolável”!
Assim, dos interesses privativos de cada deputado – um deputado
é o que existe de mais privativo no capitalismo, pois defende seus próprios
interesses e das grandes corporações que lhe pagam propinas e benesses – nasceu
o PL 246, que propugna a extinção de importantes fundações do estado: Federação
de Economia e Estatística (FEE), da Fundação Zoobotânica (FZB), da Fundação
Piratini (TVE e FM Cultura), da Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), da
Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH) e Metroplan; na
mesma sessão na AL que colocou em prática o PL 246 (o que é uma ilegalidade), foi
votado o PL 240, em plena madrugada, que extingue a Fundação Instituto Gaúcho
de Tradição e Folclore (FIGTF) e a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária
(Fepagro), esta última essencial nas pesquisas agropecuárias. Os cúmplices de
Sartori destruíram a infraestrutura desenvolvida ao longo de mais de 43 anos em
apenas 12 horas de votações de cabresto na Assembleia Legislativa.
No caso da extinção da Fundação Piratini (TVE e FM Cultura)
resultará num enorme prejuízo para a categoria de artistas no Rio Grande do
Sul. Não terão mais onde divulgar, sem “jabá”, seus trabalhos, porque a mídia
corporativa mainstream não tem qualquer interesse em difundir uma obra autoral
mais elaborada, apenas o lixo-esgoto-descartável comercial (Anitta, Ludimilla,
Luan Santana, Tiago Iorc, Safadão...). Por exemplo, a título de comparação,
enquanto a TV Cultura de São Paulo produzia Castelo Rá-Tim-Bum, a Globo entupia
sua programação com a Xuxa... Com o fajuto argumento de que cultura não dá
audiência, os ultraneoliberais tentam colocar um sinal de igual entre emissoras
comerciais e as públicas, o que é uma tremenda distorção, pois uma estatal como
a Fundação Piratini tem por foco o interesse público e não a mediação do
mercado. E também não é verdade que “não tem audiência”: muita gente ouve a FM
Cultura, dada a qualidade de seus programas, sendo que a produção local é
imensamente superior a qualquer emissora privada (programa Radar, Cantos do Sul
da Terra, Conversa de Botequim...)! Ian Ramil, Yamandu Costa, Borguetinho,
Bebeto Alves e tantos outros foram lançados pela TVE e divulgados pela FM
Cultura!
Enfim, trata-se de um crime a extinção inconstitucional
destas fundações. Um deputado boçal que nunca esteve envolvido com a arte – nem
sabe o que é na real, nem tem dimensão das consequências de seus atos – acaba não
só com a importância do valor subjetivo da cultura para um povo, como também
seus aspectos objetivos: toda uma rede de relações econômicas, como empregos
diretos e indiretos (produtores, técnicos, funcionários dos teatros etc.). A comunicação, como a saúde e a educação, É UM BEM
SOCIAL, portanto, deve ser a melhor indicação de programação de
qualidade que contribua para a formação cultural do indivíduo, ampliar
conhecimentos e potencializar as perspectivas culturais de um povo. NÃO É PROPRIEDADE
DE UM GOVERNO DE OCASIÃO!
Nestes árduos tempos de ódio e intolerância, governos de
plantão a soldo do capital esmeram-se em calar vozes pensantes e quem não se
enquadra no status quo imposto pelo mercado de descartáveis. O silêncio de um
povo e a irracionalidade são os pressupostos do fascismo e da idiotização que
lhe sustenta... As vozes, no entanto, resistem!!!!