quinta-feira, 30 de março de 2017

PACOTAÇO ULTRANEOLIBERAL DE SARTORI: a boçalidade mercadológica enterrando o patrimônio imaterial-subjetivo de um povo...

Ato Público em defesa da Fundação Piratini, quarta-feira, 29 de março de 2016

N
o apagar das luzes de 2016, o governo Sartori com a cumplicidade criminosa dos deputados estaduais, aprovou a extinção de oito estatais. E o mais grave, que nem cabem em seu discurso de desmonte da máquina do estado, de que são deficitárias. Ao contrário, não só são lucrativas como também são utilizadas para pagar a dívida pública perante banqueiros e a União. O PMDB, golpista, repousa suas teses ultraneoliberais sobre privatizações de setores estratégicos como estradas, transporte e energia, a exemplo do que vem fazendo seu consorte em nível nacional de esmagamento do que restou da infraestrutura estratégia do país. Há muito tais recursos político-contábeis demonstraram seu total fracasso e demonstram não ausência de ação, mas um programa político bem claro: uma gigantesca operação de desmonte dos serviços estatais para entrega-los à empresas terceirizadas sob cujo nome está algum político ou um laranja seu ou para grandes monopólios econômicos. Para chegar a esse ponto o governo de bandidos peemedebista e sua “base aliada” jogaram no lixo até mesmo as leis que eles próprios criaram, a Constituição Estadual, segundo a qual uma estatal para ser entregue à “iniciativa privada” deve ter antes um plebiscito popular. Portanto, desfraldou-se descaradamente uma clara operação anticonstitucional para aprovar o pacotaço de Sartori (a serviço de banqueiros e da RBS), burlando até mesmo cláusulas pétreas que reza a “soberania popular ser inviolável”!

Assim, dos interesses privativos de cada deputado – um deputado é o que existe de mais privativo no capitalismo, pois defende seus próprios interesses e das grandes corporações que lhe pagam propinas e benesses – nasceu o PL 246, que propugna a extinção de importantes fundações do estado: Federação de Economia e Estatística (FEE), da Fundação Zoobotânica (FZB), da Fundação Piratini (TVE e FM Cultura), da Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), da Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH) e Metroplan; na mesma sessão na AL que colocou em prática o PL 246 (o que é uma ilegalidade), foi votado o PL 240, em plena madrugada, que extingue a Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore (FIGTF) e a Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro), esta última essencial nas pesquisas agropecuárias. Os cúmplices de Sartori destruíram a infraestrutura desenvolvida ao longo de mais de 43 anos em apenas 12 horas de votações de cabresto na Assembleia Legislativa.

No caso da extinção da Fundação Piratini (TVE e FM Cultura) resultará num enorme prejuízo para a categoria de artistas no Rio Grande do Sul. Não terão mais onde divulgar, sem “jabá”, seus trabalhos, porque a mídia corporativa mainstream não tem qualquer interesse em difundir uma obra autoral mais elaborada, apenas o lixo-esgoto-descartável comercial (Anitta, Ludimilla, Luan Santana, Tiago Iorc, Safadão...). Por exemplo, a título de comparação, enquanto a TV Cultura de São Paulo produzia Castelo Rá-Tim-Bum, a Globo entupia sua programação com a Xuxa... Com o fajuto argumento de que cultura não dá audiência, os ultraneoliberais tentam colocar um sinal de igual entre emissoras comerciais e as públicas, o que é uma tremenda distorção, pois uma estatal como a Fundação Piratini tem por foco o interesse público e não a mediação do mercado. E também não é verdade que “não tem audiência”: muita gente ouve a FM Cultura, dada a qualidade de seus programas, sendo que a produção local é imensamente superior a qualquer emissora privada (programa Radar, Cantos do Sul da Terra, Conversa de Botequim...)! Ian Ramil, Yamandu Costa, Borguetinho, Bebeto Alves e tantos outros foram lançados pela TVE e divulgados pela FM Cultura!

Enfim, trata-se de um crime a extinção inconstitucional destas fundações. Um deputado boçal que nunca esteve envolvido com a arte – nem sabe o que é na real, nem tem dimensão das consequências de seus atos – acaba não só com a importância do valor subjetivo da cultura para um povo, como também seus aspectos objetivos: toda uma rede de relações econômicas, como empregos diretos e indiretos (produtores, técnicos, funcionários dos teatros etc.). A comunicação, como a saúde e a educação, É UM BEM SOCIAL, portanto, deve ser a melhor indicação de programação de qualidade que contribua para a formação cultural do indivíduo, ampliar conhecimentos e potencializar as perspectivas culturais de um povo. NÃO É PROPRIEDADE DE UM GOVERNO DE OCASIÃO!

Nestes árduos tempos de ódio e intolerância, governos de plantão a soldo do capital esmeram-se em calar vozes pensantes e quem não se enquadra no status quo imposto pelo mercado de descartáveis. O silêncio de um povo e a irracionalidade são os pressupostos do fascismo e da idiotização que lhe sustenta... As vozes, no entanto, resistem!!!!