M
|
uito além das “teorias
da conspiração” inspiradas no senso comum ou em delirantes mentes que ainda
vivem na Era clássica da Guerra Fria desencadeada pelos Estados Unidos logo após
a União Soviética ter solapado o nazi-fascismo. Rezam tais “teóricos”, o Homem
(que espécie de Homem seria este? Respondendo a que interesses?) nunca pisara
no solo lunar. Inúmeros vestígios podem corroborar objetivamente nesse sentido,
porém não coloca em pauta a bipolaridade política naquela época (a qual nunca
esvanecera), uma vez que não se tratava de proselitismo ideológico em estado
puro na defesa do american way life.
Isto é, à publicidade e semiótica capitalista havia o adjunto bélico, voltado
para o controle estratégico de amplas regiões do planeta, para o qual não foram
poupados esforços por parte do Pentágono e da Casa Branca. O dizer nada
improvisado de N. Armstrong esboça este pensamento e modus operandi da maior potência militar do planeta: “Um pequeno
passo para o Homem, um salto gigantesco para a Humanidade!”.
A “HUMANIDADE” TENDO
COMO REDENTOR OS ESTADOS UNIDOS
![]() |
General G. Zhukov enfrentou Stalin |
Um grande trauma
sofreram os mandatários do poder nos Estados Unidos desde o final da Segunda
Guerra Mundial: grandes corporações norte-americanas (e europeias) não só
simpatizavam, mas apoiaram logisticamente os crimes hitleristas e seus bandos
assassinos, os ianques e aliados (a isto se soma a prostração de Stalin) estiveram
a um fio de serem derrotados entre os anos de 1941-2 pelos estrategistas
militares nazistas. Isto só não aconteceu porque o general Georgi K. Zhukov
peitou Stalin chamando-o de idiota e imbecil (só isto demonstra o grau de
desmoralização do burocrata e sua camarilha), afirmando a necessidade dos
soviéticos organizarem uma contraofensiva em cima das SS. A partir desse novo
curso, o heroico povo soviético pôs a correr as aves de rapina de Hitler em
solo russo, avançando à custa de muitas vidas, para o Ocidente com o Exército
Vermelho.
Pode-se afirmar que esta
marcha para o Ocidente foi o start
para a Guerra Fria nos anos seguintes e que também iria marcar o chamado “Dia D”,
o “Desembarque na Normandia”, ocasião na qual somente quando uma Alemanha
praticamente destroçada pelo Exército Vermelho e seus aliados, o Ocidente
capitalista resolveu criar uma “nova” frente para enfrentar Hitler – diga-se de
passagem, muito mais preocupados com o avanço militar soviético. Quase não
houve resistência por parte dos nazistas. Outra vergonha enfrentada pelos
Estados Unidos foi a Guerra da Coreia, cinco anos após o final da Grande
Guerra, tendo que se retirarem para não desencadear outra guerra mundial, agora
de conteúdo abertamente atômico e com potencial destrutivo milhares de vezes
superior. É sob esta perspectiva que a corrida espacial, na verdade bélica,
deve ser compreendida. E mais, numa guerra o que menos prevalece é a verdade; a
mentira é o método usual nos projetos ultrassecretos de EUA e URSS. O
imperialismo americano derrotado politicamente precisava se redimir desses
erros através da propaganda ideológica contra o comunismo vencedor, assumindo
para si os “anseios da humanidade”, da superioridade capitalista perante o
comunismo em ascensão.
ATROPELO TECNOLÓGICO E
PRODUÇÃO INDUSTRIAL COMPARTIMENTADA
Sabe-se que o raciocínio
acima se completa com o conhecimento que havia no que tange a protótipos de
foguetes, a inteligência técnica-científica nazista fora majoritariamente “cooptada”
pelos serviços secretos americanos (Operação Overcast; depois Operação
Paperclip) a fim de desenvolver foguetes (V-1, V-2), eletro-gravitação, armas
químicas, medicina e psicotrópicos que poderiam ser aplicados em sessões de
tortura e lavagem cerebral em possíveis “inimigos comunistas”.
A ala científica dos
nazistas há muito vinha desenvolvendo armas que poderiam atingir grandes
distâncias viajando pela estratosfera terrestre. Miríades de testes foram
realizados com foguetes químicos, cujo know-how
fora “assimilado” pelo Pentágono, sendo incorporado inexoravelmente na produção
de foguetes cujo intuito seria chegar ao espaço.
![]() |
Cadela Lika atormenta EUA |
Para desespero dos EUA,
a URSS largou na frente na chamada corrida espacial. Em 3 de novembro de 1957
enviou ao espaço o primeiro ser vivo, a cadela Lika a bordo na nave Sputnik 2;
um mês antes lançara o primeiro satélite artificial a orbitar a Terra. Quatro
anos depois foi a vez de Yuri Gagarin, em 12 de abril de 1961, realizar seu voo
orbital em torno da Terra. Disse: “A Terra é azul... Olhei para todos os lados,
mas não vi Deus”. Os EUA responderam quatro meses depois do Sputnik 1, lançando
o Explorer I; somente em 1961 mandaram um homem, mas em voo sub-orbital muito
em razão da fundação da NASA em 1958. Erros de projetos, a pressa, as
exigências militares excessivas atrasaram sem dúvidas o desenvolvimento técnico
norte-americano na corrida espacial. Para piorar, na visão ianque, os russos
enviam em 1959 a primeira sonda que pousou na Lua deixando por lá uma bandeira
da URSS. Não poderia de ser diferente, os americanos reivindicaram direito de
posse do satélite natural...
![]() |
Satélite Sputnik inaugura era espacial |
Tais sentimentos e exigências
só iriam aumentar após o discurso de J.F. Kennedy, em 1961, afirmando que os
EUA iriam de qualquer jeito para a Lua! Era o início concentrado da indústria
espacial em solo americano. Vingaram os projetos Mercury (um astronauta para
voo orbital terrestre), Gemini (dois astronautas) e, por fim, o Projeto Apollo
que dispunha lugares para três astronautas e visava atingir a Lua. Na noite de
Natal – a data não é coincidência – a Apollo 8 circum-navegou a Lua com três
astronautas. O pouso tripulado na Lua aconteceria apenas em 20 de julho de
1968, com a Apollo 11. A Lua entra no espírito de propriedade dos americanos,
não da humanidade! É preciso chamar a atenção acerca da forma como foi produzida a Apollo 11: cada segmento, milhares de peças, cada uma produzida em separado por várias empresas terceirizadas. Nunca tiveram em sua mesa o projeto totalizante do foguete, dado o conteúdo ultrassecreto proposto pelo Pentágono. Uma verdadeira produção em série, completamente alienada, pois os operários terem a dimensão exata do que representa o projeto da NASA era um perigo potencial para os ideais imperialistas.
OS PIONEIROS DA
EXPLORAÇÃO ESPACIAL FORAM OS SOVIÉTICOS, NÃO OS AMERICANOS!
Com o início da Guerra
Fria, a explosão das duas bombas atômicas sobre o Japão foi a principal
consequência, a URSS ficara momentaneamente atrás dos EUA na corrida bélica.
Contudo, quatro anos após, a URSS criaria sua própria bomba, só que ela era
muito mais pesada do que a americana, precisando desenvolver um foguete para
transportá-la, o que acabou por despertar o programa espacial soviético. O
foguete R-7 Semyorka foi desenvolvido pelos cientistas, sendo finalizado em
1957, o primeiro míssil balístico de longo alcance, ulteriormente aperfeiçoado
para a exploração espacial. O Sputnik foi a evolução deste projeto em 4 de
outubro de 1957. Um mês depois, em comemoração ao aniversário da Revolução
Bolchevique de 1917, foi a vez da cadela Lika! A vira-lata Lika dera uma
profunda dor de cabeça aos americanos... Em 12 de abril de 1961 Yuri Gagarin
chegou aonde nenhum ser humano esteve, a bordo da cápsula Vostok, dando uma
volta ao redor da Terra.
![]() |
Estação MIR, início soviético da colonização do espaço |
A URSS declina das
viagens à Lua e passa a desenvolver os projetos de colonização do espaço, criar
técnicas de sobrevivência e trabalho fora do ambiente terrestre: as estações orbitais.
Nisso também foram pioneiros! Em 19 de abril lançaram a primeira estação que
abrigaria três astronautas durante três semanas. Em 20 de fevereiro de 1986 foi
ao espaço a primeira estação permanente, a MIR. Afirmar que os russos “perderam”
a corrida para a Lua é uma grande falsificação histórica, difundida pelos
ideólogos da direita internacional e pela mídia corporativa que entra em êxtase
até hoje com a “conquista do espaço pelos Estados Unidos”. Deve-se sim, à URSS
a vitória sobre o nazismo, e também a conquista do espaço, dado seu pioneirismo
e insistência em desenvolver os programas espaciais desde os estertores dos
anos 40 do século passado! Mas como os EUA chegaram à Lua? A tecnologia da
época lhes possibilitou o triunfo? Esta é uma discussão para outro artigo!!!