sexta-feira, 19 de julho de 2019

50 ANOS DA CHEGADA DO HOMEM À LUA: Um “salto para a humanidade” ou para o “american way life”? A URSS esteve na vanguarda da corrida espacial; não os EUA!


M
uito além das “teorias da conspiração” inspiradas no senso comum ou em delirantes mentes que ainda vivem na Era clássica da Guerra Fria desencadeada pelos Estados Unidos logo após a União Soviética ter solapado o nazi-fascismo. Rezam tais “teóricos”, o Homem (que espécie de Homem seria este? Respondendo a que interesses?) nunca pisara no solo lunar. Inúmeros vestígios podem corroborar objetivamente nesse sentido, porém não coloca em pauta a bipolaridade política naquela época (a qual nunca esvanecera), uma vez que não se tratava de proselitismo ideológico em estado puro na defesa do american way life. Isto é, à publicidade e semiótica capitalista havia o adjunto bélico, voltado para o controle estratégico de amplas regiões do planeta, para o qual não foram poupados esforços por parte do Pentágono e da Casa Branca. O dizer nada improvisado de N. Armstrong esboça este pensamento e modus operandi da maior potência militar do planeta: “Um pequeno passo para o Homem, um salto gigantesco para a Humanidade!”.

A “HUMANIDADE” TENDO COMO REDENTOR OS ESTADOS UNIDOS

General G. Zhukov enfrentou Stalin
Um grande trauma sofreram os mandatários do poder nos Estados Unidos desde o final da Segunda Guerra Mundial: grandes corporações norte-americanas (e europeias) não só simpatizavam, mas apoiaram logisticamente os crimes hitleristas e seus bandos assassinos, os ianques e aliados (a isto se soma a prostração de Stalin) estiveram a um fio de serem derrotados entre os anos de 1941-2 pelos estrategistas militares nazistas. Isto só não aconteceu porque o general Georgi K. Zhukov peitou Stalin chamando-o de idiota e imbecil (só isto demonstra o grau de desmoralização do burocrata e sua camarilha), afirmando a necessidade dos soviéticos organizarem uma contraofensiva em cima das SS. A partir desse novo curso, o heroico povo soviético pôs a correr as aves de rapina de Hitler em solo russo, avançando à custa de muitas vidas, para o Ocidente com o Exército Vermelho.

Pode-se afirmar que esta marcha para o Ocidente foi o start para a Guerra Fria nos anos seguintes e que também iria marcar o chamado “Dia D”, o “Desembarque na Normandia”, ocasião na qual somente quando uma Alemanha praticamente destroçada pelo Exército Vermelho e seus aliados, o Ocidente capitalista resolveu criar uma “nova” frente para enfrentar Hitler – diga-se de passagem, muito mais preocupados com o avanço militar soviético. Quase não houve resistência por parte dos nazistas. Outra vergonha enfrentada pelos Estados Unidos foi a Guerra da Coreia, cinco anos após o final da Grande Guerra, tendo que se retirarem para não desencadear outra guerra mundial, agora de conteúdo abertamente atômico e com potencial destrutivo milhares de vezes superior. É sob esta perspectiva que a corrida espacial, na verdade bélica, deve ser compreendida. E mais, numa guerra o que menos prevalece é a verdade; a mentira é o método usual nos projetos ultrassecretos de EUA e URSS. O imperialismo americano derrotado politicamente precisava se redimir desses erros através da propaganda ideológica contra o comunismo vencedor, assumindo para si os “anseios da humanidade”, da superioridade capitalista perante o comunismo em ascensão.

ATROPELO TECNOLÓGICO E PRODUÇÃO INDUSTRIAL COMPARTIMENTADA

Sabe-se que o raciocínio acima se completa com o conhecimento que havia no que tange a protótipos de foguetes, a inteligência técnica-científica nazista fora majoritariamente “cooptada” pelos serviços secretos americanos (Operação Overcast; depois Operação Paperclip) a fim de desenvolver foguetes (V-1, V-2), eletro-gravitação, armas químicas, medicina e psicotrópicos que poderiam ser aplicados em sessões de tortura e lavagem cerebral em possíveis “inimigos comunistas”.

A ala científica dos nazistas há muito vinha desenvolvendo armas que poderiam atingir grandes distâncias viajando pela estratosfera terrestre. Miríades de testes foram realizados com foguetes químicos, cujo know-how fora “assimilado” pelo Pentágono, sendo incorporado inexoravelmente na produção de foguetes cujo intuito seria chegar ao espaço.

Cadela Lika atormenta EUA
Para desespero dos EUA, a URSS largou na frente na chamada corrida espacial. Em 3 de novembro de 1957 enviou ao espaço o primeiro ser vivo, a cadela Lika a bordo na nave Sputnik 2; um mês antes lançara o primeiro satélite artificial a orbitar a Terra. Quatro anos depois foi a vez de Yuri Gagarin, em 12 de abril de 1961, realizar seu voo orbital em torno da Terra. Disse: “A Terra é azul... Olhei para todos os lados, mas não vi Deus”. Os EUA responderam quatro meses depois do Sputnik 1, lançando o Explorer I; somente em 1961 mandaram um homem, mas em voo sub-orbital muito em razão da fundação da NASA em 1958. Erros de projetos, a pressa, as exigências militares excessivas atrasaram sem dúvidas o desenvolvimento técnico norte-americano na corrida espacial. Para piorar, na visão ianque, os russos enviam em 1959 a primeira sonda que pousou na Lua deixando por lá uma bandeira da URSS. Não poderia de ser diferente, os americanos reivindicaram direito de posse do satélite natural...

Satélite Sputnik inaugura era espacial
Tais sentimentos e exigências só iriam aumentar após o discurso de J.F. Kennedy, em 1961, afirmando que os EUA iriam de qualquer jeito para a Lua! Era o início concentrado da indústria espacial em solo americano. Vingaram os projetos Mercury (um astronauta para voo orbital terrestre), Gemini (dois astronautas) e, por fim, o Projeto Apollo que dispunha lugares para três astronautas e visava atingir a Lua. Na noite de Natal – a data não é coincidência – a Apollo 8 circum-navegou a Lua com três astronautas. O pouso tripulado na Lua aconteceria apenas em 20 de julho de 1968, com a Apollo 11. A Lua entra no espírito de propriedade dos americanos, não da humanidade! É preciso chamar a atenção acerca da forma como foi produzida a Apollo 11: cada segmento, milhares de peças, cada uma produzida em separado por várias empresas terceirizadas. Nunca tiveram em sua mesa o projeto totalizante do foguete, dado o conteúdo ultrassecreto proposto pelo Pentágono. Uma verdadeira produção em série, completamente alienada, pois os operários terem a dimensão exata do que representa o projeto da NASA era um perigo potencial para os ideais imperialistas.

OS PIONEIROS DA EXPLORAÇÃO ESPACIAL FORAM OS SOVIÉTICOS, NÃO OS AMERICANOS!

Com o início da Guerra Fria, a explosão das duas bombas atômicas sobre o Japão foi a principal consequência, a URSS ficara momentaneamente atrás dos EUA na corrida bélica. Contudo, quatro anos após, a URSS criaria sua própria bomba, só que ela era muito mais pesada do que a americana, precisando desenvolver um foguete para transportá-la, o que acabou por despertar o programa espacial soviético. O foguete R-7 Semyorka foi desenvolvido pelos cientistas, sendo finalizado em 1957, o primeiro míssil balístico de longo alcance, ulteriormente aperfeiçoado para a exploração espacial. O Sputnik foi a evolução deste projeto em 4 de outubro de 1957. Um mês depois, em comemoração ao aniversário da Revolução Bolchevique de 1917, foi a vez da cadela Lika! A vira-lata Lika dera uma profunda dor de cabeça aos americanos... Em 12 de abril de 1961 Yuri Gagarin chegou aonde nenhum ser humano esteve, a bordo da cápsula Vostok, dando uma volta ao redor da Terra.

Estação MIR, início soviético
da colonização do espaço
Entretanto, a URSS optou por outras prioridades durante a década de 60 do século passado, pois os recursos econômicos eram escassos: produção de alimentos, resolver o sério e grave problema de moradias populares, as dissenções políticas no interior da casta burocrática stalinista. Enquanto isso, no outro lado do mundo, Kennedy estava disposto a gastar imensas fortunas na corrida espacial, não se importando se seu povo precisava comer ou morar. Ainda em 1965 a URSS foi a primeira nação do mundo a colocar um ser humano a caminhar no espaço, fato que possibilitou uma grande propaganda para o regime e marcou o encerramento da sanha espacial tripulada. O caminho à Lua estava livre para os estrategistas da NASA e do Pentágono.

A URSS declina das viagens à Lua e passa a desenvolver os projetos de colonização do espaço, criar técnicas de sobrevivência e trabalho fora do ambiente terrestre: as estações orbitais. Nisso também foram pioneiros! Em 19 de abril lançaram a primeira estação que abrigaria três astronautas durante três semanas. Em 20 de fevereiro de 1986 foi ao espaço a primeira estação permanente, a MIR. Afirmar que os russos “perderam” a corrida para a Lua é uma grande falsificação histórica, difundida pelos ideólogos da direita internacional e pela mídia corporativa que entra em êxtase até hoje com a “conquista do espaço pelos Estados Unidos”. Deve-se sim, à URSS a vitória sobre o nazismo, e também a conquista do espaço, dado seu pioneirismo e insistência em desenvolver os programas espaciais desde os estertores dos anos 40 do século passado! Mas como os EUA chegaram à Lua? A tecnologia da época lhes possibilitou o triunfo? Esta é uma discussão para outro artigo!!!