terça-feira, 7 de maio de 2024

HECATOMBE CLIMÁTICA NO RS – PORTO ALEGRE DISTÓPICA: Governos neoliberais privatistas destruíram infraestrutura do Estado. Eduardo Leite e Sebastião Melo são responsáveis sim!!!

 

Os eventos climáticos extremos que o povo gaúcho vivencia não foi algo imprevisto, nem de incidências meramente naturais: a mão do homem neoliberal está presente. Há anos vinha sendo alertado, mas nada de concreto fora feito; ao contrário, governos municipais e estaduais levaram a cabo profunda destruição das infraestruturas do Estado enquanto ente público. O estado do Rio Grande do Sul e a capital Porto Alegre são os exemplos aprimorados do efeito deletério do ultraneoliberalismo na vida dos trabalhadores e na população em geral. Acumulam-se descasos e tragédias há pelo menos dois meses: na região metropolitana e na capital vem de anos a crise no sistema de saúde, colapsada via sucateamento. Governo federal cortou bilhões em verbas para saúde em nome do “ajuste fiscal” imposto pela extrema-direita bolsonarista; o governo do estado, Eduardo Leite, destruiu o IPE, de assistência ao funcionário público e a rede hospitalar; em nível municipal, o prefeito bolsonarista Sebastião Melo demitiu dois mil agentes da saúde, precarizando ainda mais a rede de atendimento hospitalar. Em Canoas, a terceira maior cidade do estado, a crise na saúde é ainda mais drástica em meio a denúncias de corrupção por parte do prefeito Jairo Jorge.

Não bastasse o estado caótico da saúde, há duas semanas houve um incêndio na Pousada Garoa, também na capital, matando dez pessoas, fruto criminoso da terceirização da FASC, lugar que impera grande volume de corrupção. Só para se ter uma noção, os donos da pousada recebem dois milhões de reais por ano para oferecer um lugar infecto, insalubre e com inevitável tendência a se consumir pelo fogo a qualquer momento, inabitável portanto.

Agora, os serviços básicos em Porto Alegre entraram em colapso total ao sofrer a maior cheia do estuário Guaíba (que acolhe as águas de vários afluentes), grande parte da cidade está às escuras, casa de bombas que evitam os alagamentos estão desligadas, aumentando assim a elevação das águas que tomaram as ruas da capital, o muro de contenção da avenida Mauá demonstrou toda a sua ineficácia, porque nem sequer sofrera qualquer tipo de manutenção ao longo de 40 anos, em razão da política privatista de governos do PDT, PMDB, PSDB e agora PMDB novamente: o DMAE (responsável pelo saneamento básico) foi jogado às traças. O curso do Arroio Dilúvio foi abandonado pela gestão Melo, cujos taludes e pontes estão desmoronando devido ao descaso e a falta de manutenção. Neste momento, cerca de 90% da capital está sem fornecimento de água nos bairros. Na cidade, zonas central, norte, sul todas alagadas e sem luz, à mercê de bandidos, submersa em um afã distópico de futuro nefasto.

Leite (antes o vergonhosos governo Sartori) e Melo privatizaram tudo o que envolve a infraestrutura do estado: a CEEE, a Corsan, os órgãos de inteligência organizativa de serviços como a Metroplan, Fundação Zoo Botânica, FEE, SEMA, CIENTEC, DMAE. Deixaram estes órgãos privatizados sem qualquer controle e os gerenciam com muita incompetência, terceirizaram responsabilidades. São lacaios dos grandes bancos privados, com os quais estão concentrada a dívida pública, hoje impagável, a razão primeira da “lei de responsabilidade fiscal” que impede qualquer investimento público. Toda a base arrecadatória de impostos vai para encher as burras dos banqueiros.

A VIDA AO PREÇO DE UM CARRO VELHO

Governo Leite priorizou em oito anos de mandato as demandas do agronegócio, aumentando áreas de cultivo, de pecuária com o uso intensivo do solo. Para chegar a isto, flexibilizou leis ambientais para facilitar o plantio da soja (commoditie), fomentou a especulação imobiliária em zonas ribeirinhas, implantação de minas carvoeiras (em desuso no mundo inteiro). Enfim, um apagão na infraestrutura do Estado em benefício dos especuladores, de poucos rentistas concentradores de capital. A decapitação dos recursos hídricos fundamentais e a dilapidação de áreas de proteção ambiental, como o bioma pampeano estão sendo vilipendiados pelo governo tucano, o que contribuiu inelutavelmente com os fenômenos extremos do clima, enchentes tsunâmicas, chuvas torrenciais, tornados, secas prolongadas. Mas para o capital, isto não importa. Na Assembleia Legislativa, deputados bajuladores da base do governo aprovaram um “pacote” de 50 mil reais para a prevenção de catástrofes ambientais em todo o estado! Eis quanto vale vida de milhares de pessoas: um carro velho...


E a situação mais vil que se pode conceber são os governantes neoliberais vestindo jalecos da defesa civil “preocupados com o bem-estar” da população. Puro cinismo e canalhice. O jovem tucano de alma velha, Eduardo Leite, é um dos maiores responsáveis para o aumento dos eventos climáticos extremos no Rio Grande do Sul. Desde pelo menos 2014 já se alertava para estes eventos decorrentes da crise climática: aumento do nível dos oceanos, ondas de calor extremas e duradouras, escassez de água na região sudeste do Brasil, agravamento da seca no nordeste e aumento exponencial de chuvas no sul (https://www.intercept.com.br/2024/05/06/enchentes-no-rs-leia-o-relatorio-de-2015-que-projetou-o-desastre-e-os-governos-escolheram-engavetar/). Medidas foram elaboradas para amenizar efeitos, no entanto, a pesquisa (https://www.oc.eco.br/pais-podera-viver-drama-climatico-em-2040/) - que previu efeitos dramáticos no clima - foi parar na lata do lixo por governos neoliberalizantes (aí incluso os governos do PT) negacionistas e suas corruptelas parlamentares.

OS EMBUSTEIROS QUE FAZEM TUDO PELO CAPITAL, NADA PARA A POPULAÇÃO POBRE

Um mês antes da hecatombe climática que hoje vivemos, a tucanalha, respaldada por Leite flexibilizou lei ambiental (projeto de lei 151/2023) elaborada pelo bolsonarista Delegado Zucco (Republicanos) que beneficia apenas o agronegócio (latifúndio). Ambientalistas criticaram esta lei: “Encaramos a aprovação e a sanção deste projeto com muita lamentação, falta visão ecológica para quem apoia este projeto, pois as APPs são fundamentais para regular o microclima do Estado e preservar os recursos naturais” (https://www.brasil247.com/regionais/sul/1-mes-antes-das-tragedias-no-rs-eduardo-leite-sancionou-flexibilizacao-em-regras-ambientais). 

Eventos naturais, como observamos, não fogem às decisões pretéritas de governantes negacionistas e defensores do avanço do capital sobre a Natureza. Para eles, tudo se torna mercadoria e sanha pelo lucro: o espaço urbano tomado por construtoras inescrupulosas, as áreas verdes que podem amortecer os impactos violentos do clima, as moradias e a especulação imobiliária, a ocupação desordenada de áreas ribeirinhas e encostas de morros. Sebastião Melo (PMDB), prefeito de Porto Alegre, por exemplo, doou a cidade para os grandes grupos empresariais, onde o Plano Diretor municipal foi massacrado como poder público decisório (https://sul21.com.br/especiais/porto-alegre-prepara-plano-diretor-bastante-liberal-sob-encomenda-de-empresarios/). A cidade “cresce por cima”, em prédios e mais prédios avançando sobre as áreas verdes, e não há melhoria na infraestrutura de saneamento básico. O intendente promoveu investimento zero no combate às enchentes, apesar dos cofres do tesouro municipal estarem cheios (https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2024/05/07/porto-alegre-nao-investiu-um-centavo-em-prevencao-contra-enchentes-em-2023.htm), demonstrando seu completo descaso com a população, mas vem “zaffarisando” alopradamente o território urbano.

Prefeito Sebastião Melo (PMDB)
Com tudo isto elencado, é de causar ânsia ver dois sujeitos, acima mencionados, em todo seu cinismo se fantasiar com jalecos da defesa civil e aparecendo na imprensa corporativa como “líderes”. Nada disso, toda a situação só não foi mais caótica em função da adesão da sociedade civil no resgate das vítimas da hecatombe climática no RS. Leite, por exemplo, restringiu-se a ser um “homem do tempo na TV”, dizendo que vai chover, vai alagar, fujam, se lasquem… Não apresentou nenhum plano de organização do coletivo afetado. Um embuste completo. Melo consegue ser ainda mais pérfido com sua solução estapafúrdia: “saiam de Porto Alegre, vão para o litoral” (https://www.correiodopovo.com.br/notícias/política/melo-aconselha-população-de-porto-alegre-a-viajar-para-o-litoral-1.1491615).

A pergunta que ressoa no ar, mesmo tendo ciência de que eventos extremos poderiam ocorrer, por que nada foi feito pelo governo estadual para mitigar os problemas? Criar uma articulação de municípios, construir preventivamente abrigos emergenciais, reestruturar áreas urbanas ao longo de rios, isto desde os conhecidos alertas de no mínimo dez anos atrás, vindos de todo o planeta. A determinação, por princípios e ideologia, é negar, negar...