domingo, 11 de janeiro de 2015

MUITO ALÉM DAS CHARGES DE MAU GOSTO DO CHARLIE HEBDO “Terror branco”, tática da Casa Branca para eliminar estrategicamente adversários (islâmicos) através das ações de grupos neonazistas na Europa

Como era de se esperar, pelo menos quem já se acostumara ao “modus operandi” da CIA e do Mossad (possíveis emuladores da carnificina a serviço da extrema direita xenófoba francesa), os “culpados”, os irmãos Said e Chérif Kouachi, pelo massacre dos cartunistas do Charlie Hebdo foram hábil e rapidamente “descobertos” pelos “eficientes” órgãos de inteligência da polícia francesa. Tanta “destreza” que os “medonhos” fundamentalistas islâmicos foram devidamente sentenciados: atiradores de elite executaram-nos à bala, impossibilitando qualquer interrogatório dos “suspeitos”, ou seja, quando se tens um problema elimine-os o mais rápido possível. Marx advertira-nos há tempos que quando a história se repete elavem como farsa! Este desfecho lembra o que aconteceu após os atentados da Maratona de Boston (EUA), em 2013, quando dois jovens chechenos muçulmanos imediatamente acusados foram perseguidos e mortos covardemente em uma ação espetacular da racista polícia americana.

Em todos os atentados promovidos pela extrema-direita, em geral neonazistas, os muçulmanos “culpados” sempre a priori são exemplarmente executados, tomados como bodes-expiatórios de ações terroristas, articuladas nas entranhas obscuras de governos e agências de inteligência (CIA, Mossad...), cujo objetivo é inculcar-lhes toda a responsabilidade pela selvageria e brutalidade, como algo intrínseco à sua cultura e religião.

Aliás, desde o início, a orquestração do massacre pareceu uma farsa, nada bate bem: a começar pelo método de ação dos “terroristas”, logo acusados de pertencerem ao fundamentalismo islâmico; ora, estes não usam capuzes em suas ações (a indumentária é característica de grupos paramilitares), a redação da Charlie não se constituía em um alvo tipicamente militar (apesar do conteúdo provocador e amiúde de baixo nível estético de algumas de suas charges, não obstante a serviço da islamofobia ocidental – uma coisa é criticar/combater a religião com os métodos do marxismo; outra totalmente distinta é zombar de uma crença); a “missão” não corresponde à ideologia jihadista, pois esta não se limita a matar os ateus, mas a destruir tudo o que estes produziram, uma vez que “ofendem a Deus”; aqui, o mais inacreditável, os atiradores fugiram – jihadistas não fogem, a maioria morre – em um carro em cujo interior foi “esquecida” uma identidade de um dos autores da ação, o que teria supostamente favorecido a perseguição do mesmo. Isto é no mínimo uma piada, como um grupo ou pessoa porta seus documentos numa tão arriscada empreitada? Somente os tolos podem acreditar na versão da polícia! Ainda mais que à véspera do massacre várias manifestações xenófobas e anti-imigração aconteceram em quase toda a Europa, principalmente na Alemanha. Teríamos que sermos muito ingênuos para afirmar que a invasão da Charlie neste contexto completamente desfavorável foi perpetrada por uma organização islâmica (Al Qaeda ou Estado Islâmico). Outrossim, os chamados “fundamentalistas” não fabricam armas, eles as recebem de quem tem tecnologia e rede de distribuição, ou seja, as grandes potências imperialistas e suas agência de inteligência.

A mídia corporativa, não foi surpresa, logo tratou de desencadear uma gigantesca e grotesca campanha de comoção internacional pelos mortos no atentado, com ladainhas acerca da “liberdade de expressão”, ataque à democracia ocidental e estúpidas comparações com os atentados de 11 de Setembro de 2001. Em se tratando das organizações murdochianas como a Globo, os jornalões Der Spiegel, Le Figaro, Le Nouvel Observateur, Clarín, Folha de S.Paulo etc., é no mínimo um desaforo e muita cara de pau falar em liberdade de imprensa para quem tem o monopólio da informação e a utilizam a seu bel-prazer. Cabe ressaltar que, lamentavelmente, a maioria da esquerda comprou acriticamente a versão da imprensa pró-imperialista e golpista. Quando o agressor é fascista-católico (branco), por exemplo, o norueguês Breivik que matou 68 jovens do partido trabalhista em 2011 não foi fabricada esta comoção (sendo tratado inclusive como herói, diga-se de passagem!) na opinião pública.

Necessário lembrar que o próprio governo Hollande sancionou várias leis restritivas ao livre expressar do povo muçulmano na França, chegando ao cúmulo de decretar ilegais manifestações de apoio à Palestina quando do criminoso bombardeio à Faixa de Gaza pelo nazissionismo de Israel ou aos protestos contra a pilhagem francesa das suas colônias (Mali, Costa do Marfim e República Centroafricana) na empobrecida África, onde diariamente a população morre aos milhares quer por indigência quer por doenças infecciosas (ebola). Fome, doença, miséria não causam comoção internacional, pois são partes integrantes e necessárias para o funcionamento do modo de produção capitalista.

A tendência à fascistização e o incremento da repressão no Velho Continente é uma via de mão única para o imperialismo ianque e sua sanguinária máquina de guerra, dissemina as intrigas políticas no sentido de fomentar novos atentados na Europa, a fim de lapidar governos cada vez mais afinados com a sua sanha antiterror. Na França o clima islamofóbico abre alas para um futuro governo da fascista senhora Marine Le Pen (herdeira política de seu pai), derrotando o frágil PSF de Hollande. Abrir porteiras para novas invasões militares da OTAN, eis o objetivo do falcão negro Obama, respondendo aos anseios de classe visando a um próximo governo republicano encabeçado provavelmente por Jeb Bush. Para tais objetivos o imperialismo se vale de suas criaturas mercenárias que têm a macabra finalidade de destruir os regimes que se colocam minimamente como empecilhos a seus negócios em todo o planeta. Assim é a Al-Qaeda, o “Estado Islâmico” (mercenários financiados pela OTAN para destruir o povo sírio e o governo Assad), assim foi com Saddam Hussein, Noriega na América Central, Pinochet, a ditadura no Brasil, etc etc... O massacre de Charlie Ebdo foi antes de mais nada uma orquestração ordenada desde os bastidores de Washington e Tel Avid com a finalidade de agradar os neocon e falcões liberais sedentos por guerra e novas inversões da indústria bélica. No final das contas, a burguesia francesa e a extrema direita pretendem passar o rodo sobre as já combalidas conquistas dos trabalhadores e levar adiante seus projetos de expulsar muçulmanos do país, ou seja, o regime político se fechará ainda mais e com drásticas consequências para o proletariado europeu e mundial.