quarta-feira, 5 de agosto de 2015

70 ANOS DA BOMBA ATÔMICA SOBRE HIROSHIMA E NAGASAKI Terror criminoso e bárbaro do imperialismo contra a população civil num Japão derrotado inaugura nova ordem mundial de ofensiva ideológica e militar contra a URSS

“O que aconteceria se uma cidade inteira fosse arrasada por uma única bomba de urânio? E com uma bomba de plutônio?” (Diretor do Exército dos EUA, Projeto Manhattan, Gal. Leslie Groves).

“Então um imenso clarão cortou o céu... o clarão partiu do leste em direção ao oeste, da cidade em direção às montanhas. Parecia um naco de sol...” (John Hersey, Hiroshima).

6
de Agosto de 1945, mesmo que a guerra estivesse acabada era necessário que a Casa Branca e o Pentágono justificassem os gastos de mais de 2,6 bilhões de dólares no tétrico e ao mesmo tempo macabro de proporções gigantescas “Projeto Manhattan”, posto em pé com o objetivo de criar a bomba atômica (200 mil operários estavam a ele submetidos sem saber o que estavam construindo e centenas de cientistas). Época em que a indústria da destruição em massas foi levada a frente “a todo vapor”! Além do mais, há anos a população norte-americana vinha sendo “bombardeada” pela mídia corporativista e a propaganda oficial que uma possível bomba destas proporções poderia por a termo a guerra e assim “salvar milhares de vidas americanas”. O então presidente dos EUA, Harry Truman, vertendo lágrimas de crocodilo discursou impavidamente entonando uma prece acerca da sua mais nova criatura: “… Agradecemos a Deus por [a bomba] ter vindo a nós ao invés de nossos inimigos; e oramos para que Ele nos guie para usa-la a Sua maneira e com Seus propósitos…” (http://www.trumanlibrary.org/publicpapers/index.php?pid=104&st=&st1). Antes, porém, Albert Einstein, o grande gênio da física moderna, atuando como “inocente útil” (ou idiota mesmo), havia advertido Roosevelt que os alemães estariam desenvolvendo uma poderosa bomba a partir da fissão atômica do urânio. Hoje documentos descobertos comprovam que isso se tratou de uma falácia, pois os nazistas estavam muito longe de produzir uma bomba nas características nucleares, careciam de cientistas, tecnologia, matéria prima e, não obstante, capitais. Mas serviu como pretexto ideológico do imperialismo para a produção da arma nos laboratórios de Los Alamos a fim de atingir seu objetivo tático-estratégico: causar terror na população japonesa e demonstrar sua força descomunal contra uma cacifada União Soviética do pós-guerra! Após seis anos de sangrentos embates, 50 milhões de vidas foram ceifadas da face da terra causadas pelos crimes hediondos dos nazistas nos campos de concentração e de extermínio, pelo fascismo do imperialismo japonês que estendeu cadáveres sobre a China, a Manchúria, ilhas do Pacífico em nome do petróleo e, evidente, pelo genocídio do imperialismo ianque assassinando sem qualquer chance de defesa 180 mil pessoas em Hiroshima e Nagasaki.

TERROR E PAVOR, O MÉTODO ANGLO-AMERICANO DE SUSTENTAR UMA GUERRA

Aqui cabe uma advertência epistemológica, pois o presente artigo pretende analisar a política dos aliados na Segunda Guerra Mundial, ou mais particularmente o papel dos EUA no que foi o seu ápice, o lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki e o porquê de tamanha barbárie. Claro está que não se trata de menosprezar os crimes das SS nazistas, do imperialismo japonês e do fascismo italiano. O regime imposto por Hitler foi aterrador pela banalidade cotidiana a qual postulava desígnios de vida ou morte sobre as pessoas, a intolerância, a defesa da supremacia branca/cristã e o anticomunismo doentio. No entanto, a pergunta que não pode ser deixada de lado pelos historiadores mais lúcidos e afinados com o pensamento do materialismo histórico: os Estados Unidos, como supostos vencedores criados pela propaganda ideológica capitalista e a indústria cinematográfica hollywoodiana, são moralmente melhores que os vencidos? Não fazer esta correlação significa adotar uma ótica reducionista acerca das atrocidades de Hitler e seu staff; ao contrário, é imprescindível expor cristalinamente a serviço de quê estavam os nazistas e os estrategistas norte-americanos. Veremos a seguir que os “Tapetes de Bombas” promovidos pelos aliados anglo-americanos não ficam nada a dever aos Blitzkriegen alemães que arrasavam povoados e cidades inteiras.

Os covardes bombardeios sobre a cidade cultural/barroca de Dresden podem atestar que os “vencedores” ocidentais não são tão “inocentes” como a propaganda ideológica norte-americana/europeia difundiu falsamente através da opinião pública servil. Dessa forma, a máquina de propaganda oficial dos EUA fez com que a população apoiasse massacres de guerra: “…Uma pesquisa do Gallup feita em dezembro de 1944 revelou que 13% dos estadunidenses eram a favor da eliminação do povo japonês por meio do genocídio…” (Fonte: LIFTON, Robert Jay; MITCHEL, Greg. Hiroshima in America: Fifty years of denial. Nova York: HarperCollins, 1996, p. 133). A agência Gallup sempre a serviço da classe dominante!

Dresden, 13 e 15 de fevereiro de 1945, ataques surpresa dos aliados utilizaram 1300 aviões que lançaram mais de 4 mil toneladas de bombas, bombas químicas e incendiárias (fósforo), as quais destruíram 40 quilômetros da cidade, provocando a morte de 25 mil civis já no primeiro ataque. Esta cidade não tinha nenhuma importância militar, era simplesmente um marco cultural da humanidade! Tratou-se de uma ação militar cruel e absurda que tinha como “objetivo” insano destruir a infraestrutura industrial e a rede de transportes. 12 mil prédios foram queimados, 100 mil civis mortos – na maioria absoluta idosos e crianças, haja vista que os homens estavam em combate no front!!! – não havia qualquer defesa antiaérea, pois nunca fora considerada alvo militar estratégico. Contudo, houve uma razão política para tal ato criminoso dos aliados: o Exército Vermelho, segundo os serviços secretos dos aliados, estava para tomar a cidade, assim teria que se antecipar e demonstrar poderio do Ocidente capitalista e que detinha o controle da região. Agora, do ponto de vista militar a ação foi totalmente inútil, apenas dando formas a mais um terrível genocídio da população civil indefesa em nome da guerra fria que abria porteiras através do poderio militar ianque. Sem esquecer, neste sentido, os ataques a Hamburgo em 1943 pela RAF e a Força Aérea dos Estados Unidos que esmagou 50 mil civis e arrasou a cidade; o bombardeio de Pforzheim em 1945 que ceifou a vida de quase 20 mil cidadãos. Todos esses episódios foram apagados da memória pelos “vencedores” ocidentais. Ninguém foi responsabilizado ou julgado por tais crimes de guerra: “O Holocausto nazista está entre os genocídios mais perversos da história. Mas o bombardeio de Dresden pelos Aliados e a destruição nuclear de Hiroshima e Nagasaki também foram crimes de guerra...” (Genocide Watch, in How Can We Prevent Genocide: Building An International Campaign to End Genocide).

BOMBAS A SERVIÇO DO STABLISHMENT CAPITALISTA/LIBERAL: PUSILAMINIDADE E COVARDIA AO EXTREMO

Oppenheimer e Groves em Los Alamos
Em meio a guerra, Franklin R. Roosevelt, alertado por Einstein acerca dos testes alemães de uma suposta bomba atômica, dá o sinal de largada em 1942 para fomentar o “Projeto Manhattan” voltado para construir uma arma nuclear. Seu funcionamento estava sob um rigoroso segredo de Estado e férrea disciplina militar (conta-se que houve até execuções sumárias de cientistas e trabalhadores que se recusavam a cumprir jornadas estafantes e sem dormir), cujas equipes eram coordenadas pelo físico norte-americano J. Robert Oppenheimer e chefiados com mão de ferro pelo General Leslie Groves. Entretanto, o artefato foi concluído no FINAL DA GUERRA, agora sob a égide do novo presidente, Harry Truman, avisado da proeza durante a atribulada Conferência de Potsdam que corria de 17 de julho a 2 de agosto e aí mesmo peremptoriamente decidiu bombardear o Japão. Porém, com o diferencial político de que não mais se tratava de combater o fascismo, mas o Estado operário russo, quem de fato derrotou os até então inquebrantáveis exércitos de Hitler. A “democracia” americana estava prestes a realizar os mais bárbaros crimes jamais cometidos por um governo contra a população civil indefesa, desrespeitando todas as convenções burguesas internacionais referentes à conduta ética nas guerras...

Entretanto, tão covarde e criminosa decisão não foi obra do acaso, nem uma ação militar típica, mas a sequencia de uma orientação eminentemente política e ideológica nos estertores da guerra. Senão vejamos.

Os EUA, a par do arrefecimento da guerra no front da Europa (Londres, Dresden, Berlim), deslocaram a artilharia para o Japão – tremendamente combalido. Eis que a partir de 1944 as chamadas “fortalezas voadoras”, ou aviões B-29 passam a fustigar impiedosamente as principais cidades nipônicas. O país do sol nascente sofreria um ano depois os terríveis bombardeios noturnos, os quais dão cabo às grandes cidades. Precisamente em 10 de março mais de duas mil toneladas de bombas (incendiárias e químicas) devastaram ¼ de Tóquio, deixando um montante de 85 mil civis mortos e mais de 100 mil feridos. No dia seguinte foi a vez de Nagoya, Kobe e Osaka todas quase varridas do mapa pelas fortalezas voadoras. Em julho os alvos foram as pequenas e médias cidades, praticamente sendo reduzidas a escombros. De maio a julho 300 mil civis foram mortos, 1 milhão de feridos e entre 8 e 10 milhões de desabrigados. Os números são impressionantes e dão a dimensão clara dos massacres perpetrados pelas forças aliadas em território japonês! Neste ínterim, enquanto enterrava seus mortos o imperador Hirohito procurava desesperadamente uma rendição formal, a menos humilhante possível, cerca de quatro meses antes da decisão de Truman incinerar Hiroshima. A ideia de que Hirohito estava organizando uma ofensiva por mar não tem o menor cabimento, serviu apenas para reforçar o intento assassino de Truman e a ala belicista do Pentágono.

Não obstante, a Alemanha já havia se rendido incondicionalmente em maio de 1945, após o suicídio de Hitler, Mussolini preso e executado. O Japão, por consequência, estava severamente enfraquecido e isolado. Além dos aspectos militares estavam subjacentes na decisão de bombardear Hiroshima e Nagasaki sórdidos preconceitos racistas e um rasteiro sentimento de vingança por causa de Pearl Harbor: não se tratava de um povo europeu, branco e “desenvolvido”, mas de uma cultura destituída dos valores ocidentais e era uma civilização densamente povoada. Eram “amarelos”...

“Alea jacta est”, disse Júlio César em 49 a.C. após invadir a Gália e desafiar o senado romano atravessando o Rubicão! Assim, para os dias atuais, “a sorte estava lançada”, a Casa Branca e o Pentágono resolveram enfrentar a tudo e a todos, lançando a bomba atômica sobre um estropiado Japão.

ANIQUILAÇÃO DE HIROSHIMA E NAGASAKI COMO OBJETIVOS POLÍTICOS TRAÇADOS NO CURSO DA INSIPIENTE GUERRA FRIA

O que levou o comando aliado, em particular os EUA, a lançar a bomba atômica sobre um Japão abatido? Desde junho de 1942, quando a Batalha de Midway derrotou os japoneses na disputa militar pelo Pacífico e depois, em 1944, a frota japonesa foi liquidada durante a Batalha do Golfo de Leyte (nas ilhas filipinas), o comando militar vinha sofrendo fortes baixas. Os constantes e devastadores bombardeios a que foi submetido fez com que a máquina de guerra nipônica ficasse paralisada. Refinarias foram destruídas, o que causou o fim do abastecimento de combustíveis, o exército estava em frangalhos; havia como forma de persistência a cultura imperial de honra que consistia em “resistir até o último homem” (o desespero dos pilotos kamikazes). A resistência nestes marcos poderia, segundo analistas não alinhados com o Ocidente, ter durado no máximo por três meses.

Assim, o plano mórbido do imperialismo ianque foi colocado em prática: ignorando todos os tratados assinados até então por todas as potências capitalistas, de não atacar civis indiscriminadamente, Hiroshima foi escolhida em razão de seu tamanho e disposição urbana, cercada por montanhas que ampliaria os efeitos destrutivos, ou seja, “...grande parte da cidade seria extensamente danificada...”. Na manhã de 6 de agosto de 1945 o B-29 (Enola Gay) se aproximou do espaço aéreo de Hiroshima, a sétima maior cidade japonesa, com 350 mil habitantes, e foi atacada com a “Little Boy” em pleno hora do “rush” cuja população estava em trens e ônibus indo para seus empregos. Tudo muito bem pensado para causar os maiores danos e vítimas possíveis! O “pequeno sol” da bomba que explodiu a 580 metros de altitude, alcançou dezenas de milhares de graus centígrados, o que em milésimos de segundos vaporizou 80 mil pessoas, animais, objetos; minutos depois caiu dos céus uma chuva ácida na qual as pessoas se banhavam e bebiam... O piloto do B-29 (Enola Gay) teve o disparate cínico de encarnar em uma entrevista o espírito do “herói americano” de guerra: “Você sempre vai matar pessoas inocentes ao mesmo tempo. Nunca travamos uma guerra em que civis não morressem. Gostaria que os jornais parassem com essa merda de ‘vocês mataram tantos civis...’. Eles tiveram o azar de estar lá” (http://www.theguardian.com/world/2002/aug/06/nuclear.japan). Três dias depois, tendo Truman estudado minuciosamente todos os relatórios da hecatombe atômica postos sobre sua mesa, foi a vez de Nagasaki, só que com uma bomba ainda mais devastadora, de plutônio que matou 70 mil seres humanos, com a vil intensão de testar o artefato in loco, em nome da curiosidade científica: “o que aconteceria se uma cidade inteira fosse arrasada por uma única bomba de urânio? E com uma bomba de plutônio?” (declaração do diretor do Exército dos EUA do projeto Manhattan, General Leslie Groves). Cobaias humanas explodindo a serviço da “ciência” e indústria bélica...

Proeminentes membros do alto staff militar americano criticaram a atrocidade de Truman: “O Japão estava buscando alguma forma de render-se com uma perda mínima de aparência (…) não era necessário golpeá-lo com aquela coisa” (Dwight Eisenhower, cit. por Peter Scowen em O Livro Negro dos Estados Unidos, p. 51). No mesmo sentido, vinculado às forças armadas, o United States Strategic Bombing Survey fez um balanço negativo em 1946: “Baseado numa investigação detalhada de todos os fatos e apoiados pelo testemunho dos sobreviventes líderes japoneses envolvidos, certamente antes de 31 de dezembro de 1945, e, em todas as probabilidades, antes de 1.º de novembro de 1945, o Japão ter-se-ia rendido mesmo se as bombas atômicas não tivessem sido lançadas, mesmo se a Rússia não tivesse entrado na guerra e mesmo se a invasão não tivesse sido planejada”. Mas a ala “guerreirista” estava havia muito pré-determinada a “testar” o artefato plutônico, deveras alimentada pelo general Leslie Groves: “Nunca houve qualquer ilusão da minha parte de que a Rússia era o nosso inimigo, e que o projeto fora conduzido nesta base” (National Archives in Washington).

Em 1945: o novo primeiro ministro britânico
Clement Attlee, sucessor de Winston Churchill, com
Harry Truman e Joseph Stalin na Conferência de Podstam
A decisão de Truman em atacar Hiroshima deu-se nos estertores da Conferência de Podstam, onde a União Soviética despontava como grande vitoriosa sobre a barbárie nazista e avançava rumo ao Ocidente capitalista e cristão libertando povos e nações do jugo hitlerista. Quer dizer, as bombas atômicas não se destinavam a atacar ou intimidar nazistas ou japoneses ainda em guerra, elas estavam irrefutavelmente voltadas para conter o avanço soviético sobre a Europa e o Pacífico.

O serviço de inteligência ianque (pré-CIA) propugnava que a URSS pretendia invadir o Japão pela Manchúria no dia 8 de agosto – o que já estava em andamento rumo ao leste – translúcido nas dissenções Truman/Stalin durante a fatídica Conferência de Podstam! A tese de que Hitler possuía uma bomba de fissão nuclear era falsa, mas foi apresentada como certeza por alguns historiadores alemães no pós-guerra como Rainer Karlsch (A bomba de Hitler) a título de valorizar a campanha do III Reich. Havia no máximo pequenas bombas de alto poder de destruição, mas nada, absolutamente nada que se comparasse ao artefato de destruição de massa criado pelos americanos nos subterrâneos de Los Alamos! Mesmo porque só possuíam urânio enriquecido a 10%, enquanto para uma bomba como a lançada sobre Hiroshima seriam necessários 80%, ou seja, não detinham a tecnologia e o capital necessários para tanto (as próprias experiências com foguetes foram vergonhosas). Enquanto o Exército Vermelho avançava para o Leste no território japonês, Nagasaki era atacada pela bomba de plutônio a fim de apavorar e impedir os russos de controlar a região. Relatos secretos apontam ainda que os EUA estavam preparando outras bombas nucleares para serem jogadas sobre o Japão, aumentando terrivelmente a carnificina ainda no mês de agosto.

NAZI-FASCISMO E “ALIADOS” A SERVIÇO DA DITADURA BURGUESA

Os abomináveis ataques terroristas promovidos pelos “estrategistas” da Casa Branca e Pentágono demonstraram para a União Soviética e para qualquer povo que se opusesse à hegemonia dos EUA, e a nova ordem mundial inaugurada, que estavam dispostos a promover atrocidades piores que as cometidas pelos nazistas, para preservar os interesses do capital financeiro internacional, a propriedade privada e o “american way life”. A burocracia stalinista após este ato de brutal selvageria do mundo capitalista ficou ainda mais na defensiva em seus desígnios de coexistência “pacífica”, apesar de ter sido a grande vitoriosa nos embates com as tropas hitlerianas. A expressão desta “impotência” reside nos movimentos antifascistas estavam prestes a tomar o poder em vários países na Europa, mas foram sabotados e reprimidos pelo stalinismo, pois qualquer rompimento dos acordos de coexistência (Yalta, Potsdam) poderia resultar num ataque atômico contra a própria URSS por parte dos EUA.

Em seus germens, o nazismo foi visto com bons olhos pelas grandes potências ocidentais, uma vez que na sua essência predominava um anticomunismo atávico e profundamente raivoso, muito além de seus aspectos superficiais antissemitas. O magnata americano Henry Ford foi um grande entusiasta do projeto nazi, o que facilitou a unidade entre os capitais monopolistas alemães e estadunidenses; W. Churchill, racista contumaz e dono de um conhecimento enciclopédico, declarara emparvecido que “as conquistas de Hitler, as quais são responsáveis por as coisas terem se voltado contra os satisfeitos, inúteis e meio-cegos vencedores, merecem ser reconhecidas como maravilhas da história mundial (sic!)... Toda pessoa que ficou frente a frente com Hitler, seja em público, em seu local de trabalho ou em eventos sociais, estiveram confrontados com um ser humano extremamente competente, tranquilo e bem informado, com modos agradáveis e um sorriso que desarmava as pessoas” (Winston Churchill, cit. E. Hughes, in Churchill – British Bulldog – His Carrer in War and Peace, Pags. 140, 141, 144, 167).

Antes da Guerra o capital industrial e financeiro se desenvolviam de vento em popa entre britânicos e alemães já com Hitler no poder! Grandes empresas de capital monopolista multinacional como Siemens, Kodak, Bayer (que produzia o terrível e mortífero gás Zyklon B das câmaras de extermínio), General Eletric, BMW, Volkswagen, Coca Cola (Fanta) etc. estiveram a serviço do nazismo tendo judeus e outras minorias trabalhado como escravos nos campos de concentração...

Marx era judeu e comunista. Para Hitler os "maiores
males da civilização
Hitler, na proporção exata em que avança no território russo, levava consigo a barbárie capitalista, no final 30 milhões de soviéticos mortos com requintes de crueldade. Entre 8 e 10 milhões de judeus e minorias étnicas foram trucidados nos campos de extermínio das SS se valendo do temível “ácido prússico” (gás Zyklon B) nas câmaras de gás. No entanto, chama atenção a elevada quantia de russos mortos no conflito. A questão do holocausto judeu tem servido como manipulação ideológica da Casa Branca em defesa da causa sionista no Oriente Médio e seu Estado policial de Israel. O antissemitismo nazista era declarado e ao mesmo tempo a ponta de um imenso iceberg no oceano gélido e atroz da guerra. O comunismo em primeiro lugar e o judaísmo eram para Hitler os grandes males da civilização ocidental. A “Operação Barbarossa” espelha, por outro lado, fielmente este importante aspecto da Segunda Guerra Mundial, e se converteu na maior e mais agressiva campanha militar contra um país em 22 de junho de 1941, cujo objetivo era tomar a parte ocidental da URSS e depois todo o território (Hitler arrebatou apenas a Ucrânia; Letônia, Lituânia e Estônia já eram redutos simpatizantes do Führer).

Neste contexto ideológico/político os ataques terroristas sobre Hiroshima e Nagasaki detonaram não só a arma mais letal que a humanidade jamais havia visto, mas deram o pontapé para a edificação da nova ordem mundial, na qual o imperialismo esteve sempre na ofensiva. A própria hecatombe atômica os militares de linha dura e assassina trataram de tentar apagar da história. “Inteligências” raras, repletas de sadismo louco como o demente General Douglas MacArthur, logo após assumir o cargo de sátrapa americano no Japão em ruínas, tratou de encobrir as evidência do crime, ao determinar o confisco e/ou destruição de toda a evidência fotográfica que documentava os horrores dos bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki. Qualquer matéria “indesejável” surgida que revelasse a barbárie americana seria considerada “antipatriota” e destruída ou colocada sob censura em seguida.

Semelhante senda terrorista de Estado foi aplicada com toda repugnância em outras guerras passadas e atuais, a começar pela Coreia do Norte, Irã, Vietnã, Laos, Camboja, Líbano, Granada, Panamá, Filipinas, Chile, El Salvador, Nicarágua, Guatemala, Honduras, Haiti, Colômbia, Palestina, Kuwait, Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria etc., etc. Mesmo poucos anos depois de encerrada a Segunda Guerra, os EUA levaram a cabo uma campanha eminentemente de cunho fascista, o repugnante macarthismo na década de 50 em desesperado temor do avanço comunista no planeta.

O nazi-fascismo antes de qualquer coisa foi a pedra de toque do capital financeiro, um muro de arrimo para conter a ascendência da revolução proletária iniciada a partir de Outubro de 1917, trazendo à tona as trevas sanguinolentas destinadas a preservar o mundo da propriedade privada. Hitler e Mussolini foram financiados em suas monstruosidades por grandes corporações capitalistas a fim de espantar o “espectro do comunismo” que “ameaçava tomar a cristandade ocidental” de assalto. São do “Führer” estas palavras: “Se na Europa de hoje falarmos em terras, haveremos de ter em mente apenas a Rússia e as nações vizinhas a ela subordinadas” (Mein Kanpf). Os países europeus eram considerados apenas “zonas de passagem” rumo ao Leste como explicita em “Minha Luta”.

EXÉRCITO VERMELHO E AS BRIGADAS OPERÁRIAS DERROTARAM O INIMIGO NAZISTA

Hitler, até o final de 1941 ainda não havia sofrido revezes, suas tropas pareciam inquebrantáveis, invencíveis. O alto comando SS enviara os melhores homens e equipamentos para este front, fato que aumenta ainda mais a importância da vitória soviética. Porém, tudo estava para mudar às margens do Volga, na Batalha de Stalingrado, 17 de julho de 1942 a 2 de fevereiro de 1943. Após sete meses de combates corpo a corpo 95 mil soldados alemães, entre os quais 2.500 oficiais e 24 generais, foram feitos prisioneiros, 140 mil foram mortos nos embates com o Exército Vermelho. Com a rendição em Stalingrado as tropas nazistas foram em efeito cascata sendo derrotada uma após a outra.

Os ideólogos americanos apresentam ao mundo a empáfia de quem derrotou o III Reich foi o Ocidente, após o denominado “Dia D”. O “Desembarque na Normandia” só não acabou como um grande fiasco de uma canoa furada que afunda num banhado porque os generais soviéticos estavam avançando pelo Leste europeu e Hitler concentrara forças nesta região. Historiadores oficiais do império americano para falsificar a História de outra forma, imputaram a queda nazista ao “General Inverno” na Rússia, o que significa ocultar propositalmente a real motivação do povo soviético: a defesa intransigente e heroica da Revolução de 1917, o sangue derramado por seus pais durante a guerra civil contra o Exército Branco, suas conquistas sociais e políticas.

Einstein: "Nós temos uma enorme dívida" com a URSS
Einstein, inicialmente apoiador dos EUA por ingenuidade, amadurecido politicamente declarou após o genocídio nuclear: “Sem a Rússia, estes cães sanguinários alemães poderiam ter atingido os seus fins ou, em todo o caso, estariam muito perto disso. (…) Nós e os nossos filhos temos uma enorme dívida de gratidão para com o povo russo que suportou tão grandes perdas e sofrimento” (Fred Jerome, Einstein... Un traître pour le FBI. Les secrets d'un conflit, p.58).

Portanto, Hiroshima e Nagasaki arrasadas pelas bombas atômicas tem que ser colocadas dentro da concepção capitalista-burguesa de choques terroristas contra a ameaça de desenvolvimento do regime soviético na Europa, numa fase de profunda e aguda crise intraburguesa e enquadrado como um assassinato premeditado em escala industrial de massa. Tanto o III Reich queria se erguer sob os escombros do Estado operário da União Soviética, como os consortes dos países aliados tinham em comum o anticomunismo visceral. Para atentar contra a URSS, a decisão de assassinar civis nas cidades japonesas foi essencialmente política antes de militar e em nome dela continuam a ceifar vidas e a invadir povos por todo o planeta até os dias atuais. Hoje a máquina da morte do imperialismo americano e europeu está sendo cada vez mais aperfeiçoada com armas químicas, biológicas, bacteriológicas, nanotecnológicas, magnéticas etc., as quais podem destruir de diversas formas toda a Humanidade e a biosfera terrestre. A crise estrutural da economia capitalista somente pode produzir este tipo de indústria, a de aniquilação em massa; não pode historicamente apresentar uma saída positiva para o progresso e o bem estar da civilização.