“O que aconteceria se uma cidade inteira
fosse arrasada por uma única bomba de urânio? E com uma bomba de plutônio?” (Diretor do Exército dos EUA, Projeto Manhattan, Gal.
Leslie Groves).
“Então um imenso clarão cortou o céu...
o clarão partiu do leste em direção ao oeste, da cidade em direção às montanhas.
Parecia um naco de sol...” (John
Hersey, Hiroshima).
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de Agosto de 1945,
mesmo que a guerra estivesse acabada era necessário que a Casa Branca e o
Pentágono justificassem os gastos de mais de 2,6 bilhões de dólares no tétrico
e ao mesmo tempo macabro de proporções gigantescas “Projeto Manhattan”, posto
em pé com o objetivo de criar a bomba atômica (200 mil operários estavam a ele
submetidos sem saber o que estavam construindo e centenas de cientistas). Época
em que a indústria da destruição em massas foi levada a frente “a todo vapor”! Além
do mais, há anos a população norte-americana vinha sendo “bombardeada” pela
mídia corporativista e a propaganda oficial que uma possível bomba destas
proporções poderia por a termo a guerra e assim “salvar milhares de vidas
americanas”. O então presidente dos EUA, Harry Truman, vertendo lágrimas de
crocodilo discursou impavidamente entonando uma prece acerca da sua mais nova
criatura: “… Agradecemos a Deus por [a bomba] ter vindo a nós ao invés de
nossos inimigos; e oramos para que Ele nos guie para usa-la a Sua maneira e com
Seus propósitos…” (http://www.trumanlibrary.org/publicpapers/index.php?pid=104&st=&st1).
Antes, porém, Albert Einstein, o grande gênio da física moderna, atuando como
“inocente útil” (ou idiota mesmo), havia advertido Roosevelt que os alemães
estariam desenvolvendo uma poderosa bomba a partir da fissão atômica do urânio.
Hoje documentos descobertos comprovam que isso se tratou de uma falácia, pois
os nazistas estavam muito longe de produzir uma bomba nas características nucleares,
careciam de cientistas, tecnologia, matéria prima e, não obstante, capitais.
Mas serviu como pretexto ideológico do imperialismo para a produção da arma nos
laboratórios de Los Alamos a fim de atingir seu objetivo tático-estratégico:
causar terror na população japonesa e demonstrar sua força descomunal contra uma
cacifada União Soviética do pós-guerra! Após seis anos de sangrentos embates,
50 milhões de vidas foram ceifadas da face da terra causadas pelos crimes
hediondos dos nazistas nos campos de concentração e de extermínio, pelo
fascismo do imperialismo japonês que estendeu cadáveres sobre a China, a
Manchúria, ilhas do Pacífico em nome do petróleo e, evidente, pelo genocídio do
imperialismo ianque assassinando sem qualquer chance de defesa 180 mil pessoas
em Hiroshima e Nagasaki.
TERROR E PAVOR, O MÉTODO ANGLO-AMERICANO DE SUSTENTAR UMA
GUERRA
Aqui cabe uma advertência epistemológica, pois o presente
artigo pretende analisar a política dos aliados na Segunda Guerra Mundial, ou
mais particularmente o papel dos EUA no que foi o seu ápice, o lançamento das
bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki e o porquê de tamanha barbárie.
Claro está que não se trata de menosprezar os crimes das SS nazistas, do
imperialismo japonês e do fascismo italiano. O regime imposto por Hitler foi
aterrador pela banalidade cotidiana a qual postulava desígnios de vida ou morte
sobre as pessoas, a intolerância, a defesa da supremacia branca/cristã e o
anticomunismo doentio. No entanto, a pergunta que não pode ser deixada de lado
pelos historiadores mais lúcidos e afinados com o pensamento do materialismo
histórico: os Estados Unidos, como supostos vencedores criados pela propaganda
ideológica capitalista e a indústria cinematográfica hollywoodiana, são
moralmente melhores que os vencidos? Não fazer esta correlação significa adotar
uma ótica reducionista acerca das atrocidades de Hitler e seu staff; ao
contrário, é imprescindível expor cristalinamente a serviço de quê estavam os
nazistas e os estrategistas norte-americanos. Veremos a seguir que os “Tapetes
de Bombas” promovidos pelos aliados anglo-americanos não ficam nada a dever aos
Blitzkriegen alemães que arrasavam povoados e cidades inteiras.
Os covardes bombardeios sobre a cidade cultural/barroca de
Dresden podem atestar que os “vencedores” ocidentais não são tão “inocentes”
como a propaganda ideológica norte-americana/europeia difundiu falsamente através
da opinião pública servil. Dessa forma, a máquina de propaganda oficial dos EUA
fez com que a população apoiasse massacres de guerra: “…Uma pesquisa do Gallup
feita em dezembro de 1944 revelou que 13% dos estadunidenses eram a favor da
eliminação do povo japonês por meio do genocídio…” (Fonte: LIFTON, Robert Jay; MITCHEL, Greg.
Hiroshima in America: Fifty years of denial. Nova York: HarperCollins,
1996, p. 133). A agência Gallup sempre a serviço da classe dominante!
Dresden, 13 e 15 de fevereiro de 1945, ataques surpresa dos
aliados utilizaram 1300 aviões que lançaram mais de 4 mil toneladas de bombas,
bombas químicas e incendiárias (fósforo), as quais destruíram 40 quilômetros da
cidade, provocando a morte de 25 mil civis já no primeiro ataque. Esta cidade
não tinha nenhuma importância militar, era simplesmente um marco cultural da
humanidade! Tratou-se de uma ação militar cruel e absurda que tinha como
“objetivo” insano destruir a infraestrutura industrial e a rede de transportes.
12 mil prédios foram queimados, 100 mil civis mortos – na maioria absoluta
idosos e crianças, haja vista que os homens estavam em combate no front!!! –
não havia qualquer defesa antiaérea, pois nunca fora considerada alvo militar
estratégico. Contudo, houve uma razão política para tal ato criminoso dos
aliados: o Exército Vermelho, segundo os serviços secretos dos aliados, estava
para tomar a cidade, assim teria que se antecipar e demonstrar poderio do
Ocidente capitalista e que detinha o controle da região. Agora, do ponto de
vista militar a ação foi totalmente inútil, apenas dando formas a mais um
terrível genocídio da população civil indefesa em nome da guerra fria que abria
porteiras através do poderio militar ianque. Sem esquecer, neste sentido, os
ataques a Hamburgo em 1943 pela RAF e a Força Aérea dos Estados Unidos que
esmagou 50 mil civis e arrasou a cidade; o bombardeio de Pforzheim em 1945 que
ceifou a vida de quase 20 mil cidadãos. Todos esses episódios foram apagados da
memória pelos “vencedores” ocidentais. Ninguém foi responsabilizado ou julgado
por tais crimes de guerra: “O Holocausto nazista está entre os genocídios mais
perversos da história. Mas o bombardeio de Dresden pelos Aliados e a destruição
nuclear de Hiroshima e Nagasaki também foram crimes de guerra...” (Genocide Watch, in How Can We
Prevent Genocide: Building An International Campaign to End Genocide).
BOMBAS A SERVIÇO DO STABLISHMENT CAPITALISTA/LIBERAL:
PUSILAMINIDADE E COVARDIA AO EXTREMO
Oppenheimer e Groves em Los Alamos |
Entretanto, tão covarde e criminosa decisão não foi obra do
acaso, nem uma ação militar típica, mas a sequencia de uma orientação eminentemente
política e ideológica nos estertores da guerra. Senão vejamos.
Os EUA, a par do arrefecimento da guerra no front da Europa
(Londres, Dresden, Berlim), deslocaram a artilharia para o Japão –
tremendamente combalido. Eis que a partir de 1944 as chamadas “fortalezas
voadoras”, ou aviões B-29 passam a fustigar impiedosamente as principais
cidades nipônicas. O país do sol nascente sofreria um ano depois os terríveis
bombardeios noturnos, os quais dão cabo às grandes cidades. Precisamente em 10
de março mais de duas mil toneladas de bombas (incendiárias e químicas)
devastaram ¼ de Tóquio, deixando um montante de 85 mil civis mortos e mais de
100 mil feridos. No dia seguinte foi a vez de Nagoya, Kobe e Osaka todas quase
varridas do mapa pelas fortalezas voadoras. Em julho os alvos foram as pequenas
e médias cidades, praticamente sendo reduzidas a escombros. De maio a julho 300
mil civis foram mortos, 1 milhão de feridos e entre 8 e 10 milhões de
desabrigados. Os números são impressionantes e dão a dimensão clara dos
massacres perpetrados pelas forças aliadas em território japonês! Neste
ínterim, enquanto enterrava seus mortos o imperador Hirohito procurava
desesperadamente uma rendição formal, a menos humilhante possível, cerca de
quatro meses antes da decisão de Truman incinerar Hiroshima. A ideia de que Hirohito
estava organizando uma ofensiva por mar não tem o menor cabimento, serviu
apenas para reforçar o intento assassino de Truman e a ala belicista do
Pentágono.
Não obstante, a Alemanha já havia se rendido
incondicionalmente em maio de 1945, após o suicídio de Hitler, Mussolini preso
e executado. O Japão, por consequência, estava severamente enfraquecido e
isolado. Além dos aspectos militares estavam subjacentes na decisão de
bombardear Hiroshima e Nagasaki sórdidos preconceitos racistas e um rasteiro
sentimento de vingança por causa de Pearl Harbor: não se tratava de um povo
europeu, branco e “desenvolvido”, mas de uma cultura destituída dos valores
ocidentais e era uma civilização densamente povoada. Eram “amarelos”...
“Alea jacta est”, disse Júlio César em 49 a.C. após invadir
a Gália e desafiar o senado romano atravessando o Rubicão! Assim, para os dias
atuais, “a sorte estava lançada”, a Casa Branca e o Pentágono resolveram
enfrentar a tudo e a todos, lançando a bomba atômica sobre um estropiado Japão.
ANIQUILAÇÃO DE HIROSHIMA E NAGASAKI COMO OBJETIVOS POLÍTICOS
TRAÇADOS NO CURSO DA INSIPIENTE GUERRA FRIA
O que levou o comando aliado, em particular os EUA, a lançar
a bomba atômica sobre um Japão abatido? Desde junho de 1942, quando a Batalha
de Midway derrotou os japoneses na disputa militar pelo Pacífico e depois, em
1944, a frota japonesa foi liquidada durante a Batalha do Golfo de Leyte (nas
ilhas filipinas), o comando militar vinha sofrendo fortes baixas. Os constantes
e devastadores bombardeios a que foi submetido fez com que a máquina de guerra
nipônica ficasse paralisada. Refinarias foram destruídas, o que causou o fim do
abastecimento de combustíveis, o exército estava em frangalhos; havia como
forma de persistência a cultura imperial de honra que consistia em “resistir
até o último homem” (o desespero dos pilotos kamikazes). A resistência nestes
marcos poderia, segundo analistas não alinhados com o Ocidente, ter durado no
máximo por três meses.
Assim, o plano mórbido do imperialismo ianque foi colocado
em prática: ignorando todos os tratados assinados até então por todas as
potências capitalistas, de não atacar civis indiscriminadamente, Hiroshima foi
escolhida em razão de seu tamanho e disposição urbana, cercada por montanhas
que ampliaria os efeitos destrutivos, ou seja, “...grande parte da cidade seria
extensamente danificada...”. Na manhã de 6 de agosto de 1945 o B-29 (Enola Gay)
se aproximou do espaço aéreo de Hiroshima, a sétima maior cidade japonesa, com
350 mil habitantes, e foi atacada com a “Little Boy” em pleno hora do “rush”
cuja população estava em trens e ônibus indo para seus empregos. Tudo muito bem
pensado para causar os maiores danos e vítimas possíveis! O “pequeno sol” da
bomba que explodiu a 580 metros de altitude, alcançou dezenas de milhares de
graus centígrados, o que em milésimos de segundos vaporizou 80 mil pessoas,
animais, objetos; minutos depois caiu dos céus uma chuva ácida na qual as
pessoas se banhavam e bebiam... O piloto do B-29 (Enola Gay) teve o disparate
cínico de encarnar em uma entrevista o espírito do “herói americano” de guerra:
“Você sempre vai matar pessoas inocentes ao mesmo tempo. Nunca travamos uma
guerra em que civis não morressem. Gostaria que os jornais parassem com essa merda
de ‘vocês mataram tantos civis...’. Eles tiveram o azar de estar lá” (http://www.theguardian.com/world/2002/aug/06/nuclear.japan).
Três dias depois, tendo Truman estudado minuciosamente todos os relatórios da
hecatombe atômica postos sobre sua mesa, foi a vez de Nagasaki, só que com uma
bomba ainda mais devastadora, de plutônio que matou 70 mil seres humanos, com a
vil intensão de testar o artefato in loco, em nome da curiosidade científica: “o
que aconteceria se uma cidade inteira fosse arrasada por uma única bomba de
urânio? E com uma bomba de plutônio?” (declaração do diretor do Exército dos
EUA do projeto Manhattan, General Leslie Groves). Cobaias humanas explodindo a
serviço da “ciência” e indústria bélica...
Proeminentes membros do alto staff militar americano
criticaram a atrocidade de Truman: “O Japão estava buscando alguma forma de
render-se com uma perda mínima de aparência (…) não era necessário golpeá-lo
com aquela coisa” (Dwight Eisenhower, cit. por Peter Scowen em O Livro Negro
dos Estados Unidos, p. 51). No mesmo sentido, vinculado às forças armadas, o United
States Strategic Bombing Survey fez um balanço negativo em 1946: “Baseado numa
investigação detalhada de todos os fatos e apoiados pelo testemunho dos
sobreviventes líderes japoneses envolvidos, certamente antes de 31 de dezembro
de 1945, e, em todas as probabilidades, antes de 1.º de novembro de 1945, o
Japão ter-se-ia rendido mesmo se as bombas atômicas não tivessem sido lançadas,
mesmo se a Rússia não tivesse entrado na guerra e mesmo se a invasão não
tivesse sido planejada”. Mas a ala “guerreirista” estava havia muito
pré-determinada a “testar” o artefato plutônico, deveras alimentada pelo
general Leslie Groves: “Nunca houve qualquer ilusão da minha parte de que a
Rússia era o nosso inimigo, e que o projeto fora conduzido nesta base” (National
Archives in Washington).
Em 1945: o novo primeiro ministro britânico
Clement Attlee, sucessor de Winston Churchill, com Harry Truman e Joseph Stalin na Conferência de Podstam |
O serviço de inteligência ianque (pré-CIA) propugnava que a
URSS pretendia invadir o Japão pela Manchúria no dia 8 de agosto – o que já
estava em andamento rumo ao leste – translúcido nas dissenções Truman/Stalin durante
a fatídica Conferência de Podstam! A tese de que Hitler possuía uma bomba de
fissão nuclear era falsa, mas foi apresentada como certeza por alguns
historiadores alemães no pós-guerra como Rainer Karlsch (A bomba de Hitler) a
título de valorizar a campanha do III Reich. Havia no máximo pequenas bombas de
alto poder de destruição, mas nada, absolutamente nada que se comparasse ao
artefato de destruição de massa criado pelos americanos nos subterrâneos de Los
Alamos! Mesmo porque só possuíam urânio enriquecido a 10%, enquanto para uma
bomba como a lançada sobre Hiroshima seriam necessários 80%, ou seja, não
detinham a tecnologia e o capital necessários para tanto (as próprias experiências
com foguetes foram vergonhosas). Enquanto o Exército Vermelho avançava para o
Leste no território japonês, Nagasaki era atacada pela bomba de plutônio a fim
de apavorar e impedir os russos de controlar a região. Relatos secretos apontam
ainda que os EUA estavam preparando outras bombas nucleares para serem jogadas
sobre o Japão, aumentando terrivelmente a carnificina ainda no mês de agosto.
NAZI-FASCISMO E “ALIADOS” A SERVIÇO DA DITADURA BURGUESA
Os abomináveis ataques terroristas promovidos pelos
“estrategistas” da Casa Branca e Pentágono demonstraram para a União Soviética
e para qualquer povo que se opusesse à hegemonia dos EUA, e a nova ordem
mundial inaugurada, que estavam dispostos a promover atrocidades piores que as
cometidas pelos nazistas, para preservar os interesses do capital financeiro
internacional, a propriedade privada e o “american way life”. A burocracia
stalinista após este ato de brutal selvageria do mundo capitalista ficou ainda
mais na defensiva em seus desígnios de coexistência “pacífica”, apesar de ter
sido a grande vitoriosa nos embates com as tropas hitlerianas. A expressão
desta “impotência” reside nos movimentos antifascistas estavam prestes a tomar
o poder em vários países na Europa, mas foram sabotados e reprimidos pelo
stalinismo, pois qualquer rompimento dos acordos de coexistência (Yalta,
Potsdam) poderia resultar num ataque atômico contra a própria URSS por parte
dos EUA.
Em seus germens, o nazismo foi visto com bons olhos pelas
grandes potências ocidentais, uma vez que na sua essência predominava um
anticomunismo atávico e profundamente raivoso, muito além de seus aspectos
superficiais antissemitas. O magnata americano Henry Ford foi um grande
entusiasta do projeto nazi, o que facilitou a unidade entre os capitais
monopolistas alemães e estadunidenses; W. Churchill, racista contumaz e dono de
um conhecimento enciclopédico, declarara emparvecido que “as conquistas de
Hitler, as quais são responsáveis por as coisas terem se voltado contra os
satisfeitos, inúteis e meio-cegos vencedores, merecem ser reconhecidas como
maravilhas da história mundial (sic!)... Toda pessoa que ficou frente a frente
com Hitler, seja em público, em seu local de trabalho ou em eventos sociais,
estiveram confrontados com um ser humano extremamente competente, tranquilo e
bem informado, com modos agradáveis e um sorriso que desarmava as pessoas” (Winston
Churchill, cit. E. Hughes, in Churchill
– British Bulldog – His Carrer in War and Peace, Pags. 140, 141, 144, 167).
Antes da Guerra o capital industrial e financeiro se
desenvolviam de vento em popa entre britânicos e alemães já com Hitler no
poder! Grandes empresas de capital monopolista multinacional como Siemens, Kodak,
Bayer (que produzia o terrível e mortífero gás Zyklon B das câmaras de
extermínio), General Eletric, BMW, Volkswagen, Coca Cola (Fanta) etc. estiveram
a serviço do nazismo tendo judeus e outras minorias trabalhado como escravos
nos campos de concentração...
Marx era judeu e comunista. Para Hitler os "maiores males da civilização |
Neste contexto ideológico/político os ataques terroristas
sobre Hiroshima e Nagasaki detonaram não só a arma mais letal que a humanidade
jamais havia visto, mas deram o pontapé para a edificação da nova ordem
mundial, na qual o imperialismo esteve sempre na ofensiva. A própria hecatombe
atômica os militares de linha dura e assassina trataram de tentar apagar da
história. “Inteligências” raras, repletas de sadismo louco como o demente General
Douglas MacArthur, logo após assumir o cargo de sátrapa americano no Japão em
ruínas, tratou de encobrir as evidência do crime, ao determinar o confisco e/ou
destruição de toda a evidência fotográfica que documentava os horrores dos
bombardeios atômicos de Hiroshima e Nagasaki. Qualquer matéria “indesejável”
surgida que revelasse a barbárie americana seria considerada “antipatriota” e
destruída ou colocada sob censura em seguida.
Semelhante senda terrorista de Estado foi aplicada com toda
repugnância em outras guerras passadas e atuais, a começar pela Coreia do
Norte, Irã, Vietnã, Laos, Camboja, Líbano, Granada, Panamá, Filipinas, Chile,
El Salvador, Nicarágua, Guatemala, Honduras, Haiti, Colômbia, Palestina, Kuwait,
Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria etc., etc. Mesmo poucos anos depois de
encerrada a Segunda Guerra, os EUA levaram a cabo uma campanha eminentemente de
cunho fascista, o repugnante macarthismo na década de 50 em desesperado temor
do avanço comunista no planeta.
O nazi-fascismo antes de qualquer coisa foi a pedra de toque
do capital financeiro, um muro de arrimo para conter a ascendência da revolução
proletária iniciada a partir de Outubro de 1917, trazendo à tona as trevas
sanguinolentas destinadas a preservar o mundo da propriedade privada. Hitler e
Mussolini foram financiados em suas monstruosidades por grandes corporações
capitalistas a fim de espantar o “espectro do comunismo” que “ameaçava tomar a
cristandade ocidental” de assalto. São do “Führer” estas palavras: “Se na
Europa de hoje falarmos em terras, haveremos de ter em mente apenas a Rússia e
as nações vizinhas a ela subordinadas” (Mein Kanpf). Os países europeus eram
considerados apenas “zonas de passagem” rumo ao Leste como explicita em “Minha
Luta”.
EXÉRCITO VERMELHO E AS BRIGADAS OPERÁRIAS DERROTARAM O
INIMIGO NAZISTA
Hitler, até o final de 1941 ainda não havia sofrido revezes,
suas tropas pareciam inquebrantáveis, invencíveis. O alto comando SS enviara os
melhores homens e equipamentos para este front, fato que aumenta ainda mais a
importância da vitória soviética. Porém, tudo estava para mudar às margens do
Volga, na Batalha de Stalingrado, 17 de julho de 1942 a 2 de fevereiro de 1943.
Após sete meses de combates corpo a corpo 95 mil soldados alemães, entre os
quais 2.500 oficiais e 24 generais, foram feitos prisioneiros, 140 mil foram
mortos nos embates com o Exército Vermelho. Com a rendição em Stalingrado as
tropas nazistas foram em efeito cascata sendo derrotada uma após a outra.
Os ideólogos americanos apresentam ao mundo a empáfia de
quem derrotou o III Reich foi o Ocidente, após o denominado “Dia D”. O
“Desembarque na Normandia” só não acabou como um grande fiasco de uma canoa furada
que afunda num banhado porque os generais soviéticos estavam avançando pelo
Leste europeu e Hitler concentrara forças nesta região. Historiadores oficiais
do império americano para falsificar a História de outra forma, imputaram a
queda nazista ao “General Inverno” na Rússia, o que significa ocultar
propositalmente a real motivação do povo soviético: a defesa intransigente e
heroica da Revolução de 1917, o sangue derramado por seus pais durante a guerra
civil contra o Exército Branco, suas conquistas sociais e políticas.
Einstein,
inicialmente apoiador dos EUA por ingenuidade, amadurecido politicamente
declarou após o genocídio nuclear: “Sem a Rússia, estes cães sanguinários
alemães poderiam ter atingido os seus fins ou, em todo o caso, estariam muito
perto disso. (…) Nós e os nossos filhos temos uma enorme dívida de gratidão
para com o povo russo que suportou tão grandes perdas e sofrimento” (Fred
Jerome, Einstein... Un traître
pour le FBI. Les secrets d'un conflit, p.58).
Einstein: "Nós temos uma enorme dívida" com a URSS |
Portanto, Hiroshima e Nagasaki arrasadas pelas bombas
atômicas tem que ser colocadas dentro da concepção capitalista-burguesa de
choques terroristas contra a ameaça de desenvolvimento do regime soviético na
Europa, numa fase de profunda e aguda crise intraburguesa e enquadrado como um
assassinato premeditado em escala industrial de massa. Tanto o III Reich queria
se erguer sob os escombros do Estado operário da União Soviética, como os
consortes dos países aliados tinham em comum o anticomunismo visceral. Para
atentar contra a URSS, a decisão de assassinar civis nas cidades japonesas foi
essencialmente política antes de militar e em nome dela continuam a ceifar
vidas e a invadir povos por todo o planeta até os dias atuais. Hoje a máquina
da morte do imperialismo americano e europeu está sendo cada vez mais
aperfeiçoada com armas químicas, biológicas, bacteriológicas, nanotecnológicas,
magnéticas etc., as quais podem destruir de diversas formas toda a Humanidade e
a biosfera terrestre. A crise estrutural da economia capitalista somente pode
produzir este tipo de indústria, a de aniquilação em massa; não pode
historicamente apresentar uma saída positiva para o progresso e o bem estar da
civilização.