Aqui uma singela homenagem. Trotsky atingido por uma
picareta na cabeça pela covarde ação planejada a partir de um assassino
profissional a mando do stalinismo, Ramon Mercader, no dia 20 de agosto, não
resistiu ao golpe e veio a falecer no dia seguinte. Brilhante arregimentador e
escritor militante, grande construtor do Exército Vermelho que garantiu a
vitória da Revolução de Outubro durante a guerra civil contra as tropas do Czar
a serviço das potências imperialistas, foi o fundador da Quarta Internacional
em 1938. Opositor ferrenho à ideia da revolução em um só país destacou-se no
meio dirigente com a Teoria da Revolução Permanente e seria a razão de uma das
tantas desavenças com Stalin. Com a morte de Lenin em 1924, e por ser um membro
relativamente recente do Partido Bolchevique inicialmente não teve forças para
enfrentar a burocratização do mesmo, haja vista que era encarado como um “elemento
exógeno” por grande parte dos dirigentes “históricos” do partido. Desta característica
se aproveitara Stalin para formar um corpo burocrático a seus serviços e isolar
o grande dirigente da Revolução. Seu papel a partir do momento em que foi
banido da URSS pela camarilha montada por Stalin no poder foi a defesa
principista das conquistas sociais e políticas da União Soviética,
convertendo-se em seu maior combate da sua vida, o que viria a ser seu último
até sua vida ser apagada.
Poucos dias antes de Trotsky chegar ao México, Stalin e sua
camarilha deram início ao chamado “Segundo Processo de Moscou”, cujo objetivo
era o aniquilamento físico não apenas da velha guarda bolchevique ainda atuante
dentro da URSS, mas especialmente os dirigentes trotskistas em nível
internacional (e, óbvio, o próprio Trotsky). Na guerra civil espanhola, a
burocracia tinha em mente eliminar qualquer foco de oposição à política do
Kremlin levando a cabo várias execuções de importantes dirigentes antiestalinistas.
Até mesmo Ignace Reiss, um antigo agente da GPU e pertencente à uma ala mais à
esquerda do stalinismo que aderiu à plataforma trotsquista fora assassinado em
1937, Erwin Wolf (um dos secretários de Trotsky). Poucos meses depois foi a vez
do filho de Trotsky, Leon Sedov, assassinado por agentes da GPU; cerca de 30
dias após, o cerca apertava-se, agora com o extermínio em Paris de Rudolf
Klement (outro secretário de Trotsky). O foco, claro estava orientado para
eliminar o famoso revolucionário e ex-dirigente do Exército Vermelho...
Quando muitos passaram a combater a URSS stalinizada,
Trotsky nadando contra a corrente, afirmava categoricamente que a cidadela
soviética deveria ser defendida por toda a militância comunista mundial: a
casta burocrática lá instaurada deveria ser derrubada pelo proletariado russo e
não pelo imperialismo! Trotsky foi assassinado... mas suas ideias vigem com todo
vigor até hoje, uma vingança contra seus algozes stalinistas e até mesmo a seus
pseudosseguidores ditos “trotskistas” atuais! Mesmo mortalmente atingido na
cabeça pelo vil agente stalinista, enquanto era conduzido ao hospital declarou
aos seus camaradas: “Estou próximo da morte, devido ao golpe de assassino
político... Por favor, digam aos nossos amigos... Estou certo... da vitória da
IV Internacional... continuem”!