terça-feira, 13 de dezembro de 2016

152 ANOS DA GUERRA DO PARAGUAI – BRASIL/ARGENTINA/URUGUAI/INGLATERRA: extermínio étnico em nome da “civilização” liberal e da economia de mercado


A
 guerra contra o Paraguai, iniciada no 13 de dezembro de 1864, foi o maior e mais sangrento conflito militar da América Latina. Diferente do que a historiografia positivista (e os neopositivistas ou antimarxistas encabeçados por Francisco Doratioto) que compartimentaliza a História, a abordagem desse artigo será sob a perspectiva do materialismo histórico, a que coloca a guerra dentro de um movimento universal – embora nem sempre consciente – de desenvolvimento do capitalismo em âmbito mundial. Ou seja, das colônias latino-americanas, das independências, da guerra propriamente dita, tudo como resultado de um novo modo de produção que emergia através das guerras napoleônicas na Europa ainda transitoriamente “feudal”, destacando de soslaio o processo da guerra civil norte-americana. Neste viés, as guerras assumem não mais apenas o papel de saquear povos e nações, mas serviriam para abrir forçosamente mercados e instaurar governos “sátrapas” ao redor do globo terrestre, naquilo que se converteu na “era dos impérios” que começou pela Índia e a China nas chamadas “guerras do ópio”.

NA ATUAL ÉPOCA DE REACIONARISMO E RETROCESSO IDEOLÓGICO “RESTAURACIONISMO HISTORIOGRÁFICO” VERSUS MARXISMO

A vertente deste modo de encarar a História parte do professor Francisco Doratioto. Na sua obra “Maldita Guerra: Nova História da Guerra do Paraguai” fica bem explícita nas primeiras páginas: “Entre 1740 e 1974, o planeta teve 13 bilhões de habitantes e assistiu a 366 guerras de grande dimensão, ao custo de 85 milhões de mortos. O resultado dessas guerras parece ter sido um premio à agressão, pois em dois terços delas o agressor saiu-se vencedor e, quanto a duração, 67% terminaram em prazo inferior a quatro anos. A Guerra do Paraguai faz parte, portanto, da minoria, pois o agressor, o lado paraguaio, foi derrotado, e a luta se estendeu por cinco anos”1. Para ele o Paraguai foi o responsável por sua destruição e pelo massacre de seu povo, pois “havia certeza da sua responsabilidade, quer no desencadear da guerra, ao invadir o Mato Grosso, quer na destruição de seu país, pelos erros na condução das operações militares e na decisão de sacrificar os paraguaios...”2. Este ganhou o gáudio da mídia corporativista e dos setores que tem triunfado sobre as hostes da contrarrevolução cultural não só no Brasil como no mundo.

Para os historiadores neopositivistas
Solano López foi o agressor
No correr do livro reforça ainda mais sua ideia quando afere que a Guerra iniciou-se a partir do sequestro do navio Marquês de Olinda e a invasão do Mato Grosso por tropas paraguaias, o que vai ao encontro da historiografia oficial/positivista, permeada de preconceitos políticos, sociais e de classe. Põe irresolutamente para baixo do tapete as inúmeras contradições existentes entre as nações envolvidas na região platina, como as várias intervenções do Estado imperial escravista brasileiro na Argentina e Uruguai na condição de agente intermediário (subimperialista) da Inglaterra desde a segunda metade do século XIX.

Semelhantes teses, do início da década de 2000, delineadas na “Era” do governo Fernando Henrique Cardoso, hoje ganham partidários com as análises neoliberais do brasilianista britânico Leslie Bethell quem nega a participação da Inglaterra no conflito sul-americano: “O governo britânico não tinha praticamente nenhum interesse no Paraguai e nenhuma vontade de piorar as disputas existentes no Rio da Prata, e muito menos de promover a guerra... As autoridades britânicas, em sua maioria, estavam a favor dos aliados, mas a Inglaterra se manteve oficialmente neutra durante a guerra e utilizou sistematicamente sua influência a favor da paz”.3 Para ele Brasil, Argentina e Uruguai entraram na guerra por suas próprias forças e pela beligerância agressiva e indomável de Solano López!

A VIA PARAGUAIA DE DESENVOLVIMENTO ENFRENTA A “CIVILIZAÇÃO” EUROPEIA

Uma abordagem séria acerca da Guerra contra o Paraguai passa necessariamente por aplicar o método do materialismo histórico, ou seja, o modo como a civilização se desenvolve em todos os seus aspectos e as superestruturas jurídicas que dela despontam. E aqui cabe resgatar a análise dos autores marxistas e descartar como reacionária as visões historiográficas supracitadas. Evidente que Pomer e Chiavenatto exageraram em algumas colocações, mas não elimina o essencial: a consolidação do imperialismo em nível mundial.

A “via independente” tomada pelo governo paraguaio logo após a Independência (1814) é fundamental para compreender os passos da beligerância de poderosas nações contra um minúsculo país. Muito se deve à política de Jose Gaspar Rodrigues de Francia, nomeado com o título não pejorativo de “Ditador Supremo da República do Paraguai” – e em 1816 “ditador perpétuo.

Notória sempre fora a sua preocupação em manter o país fora dos domínios das potências estrangeiras, principalmente com as pretensões argentinas de recompor o Vice-Reinado do Rio da Prata. A Igreja, principal fonte de problemas intervencionistas, foi expropriada e nacionalizada; a oligarquia fora combatida em seu poderio; formara o primeiro exército permanente (próprio) do continente. Nesta senda, levou adiante forte aliança com o campesinato.

Não por acaso, em 1823, efetiva a primeira grande reforma agrária da América do Sul e nacionaliza o sistema financeiro. Isso já num quadro de isolamento total por parte das caóticas oligarquias reacionárias de Argentina e Brasil que viam com maus olhos a ascensão do regime paraguaio e sua aproximação com a população pobre. Para acirrar ainda mais os ânimos, de Francia incrementou a agricultura, a pecuária o artesanato e a indústria têxtil e desempenhou tremendos esforços para desenvolver a educação no jovem país emergente! Durante seu governo de 26 anos forjou duramente a nação paraguaia, um sentimento que não havia em lugar nenhum da América Latina, ou seja, a ideia de um povo, nação. No entanto, por ter desapropriado a classe dominante colonialista fora taxado inapelavelmente de assassino, bárbaro, terrorista, precisamente por não estar preso ao tacão do imperialismo inglês.

VOZES DO COLONIALISMO PREDATÓRIO DETERMINAM QUE O POVO PARAGUAIO MERECE SER ESMAGADO

Carlos Antonio López sucedeu de Francia na condição de primeiro presidente constitucional da República em 1844. Não só deu prosseguimento ao que de Francia havia construído como aperfeiçoou o modelo econômico autônomo-estatal: procurou de todas as formas negociar com o Uruguai uma passagem para o mar, deu vazão aos excedentes produzidos para incrementar a indústria e a infraestrutura investindo na formação de jovens talentos. Em pouco tempo investia em ferrovias e indústrias siderúrgicas; enquanto Brasil e Argentina estavam importando... alfinetes e botões da Europa!!!! Um Paraguai cujo trabalho assalariado predominava perante um Brasil escravista! Esse era o grande espectro que assustava os “povos civilizados”...

Após sua morte, o filho, Francisco Solano López, assume as rédeas do Estado em 1862. Leva adiante o projeto do pai: articula apoios na Europa, contrata profissionais para modernizar os meios de produção e, ao mesmo tempo, negocia tratados de paz com Brasil e Argentina. Porém, a “paz” almejada não passava pelos países em voga, mas pela potência do outro lado do Oceano!

A diplomacia britânica começa a insuflar os ânimos valendo-se da ideologia colonialista: “…Insignificante em si mesmo, o Paraguai pode impedir o desenvolvimento e o progresso de todos os seus vizinhos. Sua existência é nociva e sua extinção como nacionalidade deve ser proveitosa para seu próprio povo e para todo o mundo”.4 Bartolomeu Mitre, presidente da Confederação Argentina, logo adere à provocação: “A República argentina está no imprescindível dever de formar aliança com o Brasil a fim de derrubar essa abominável ditadura de López e abrir ao comércio do mundo essa esplêndida e magnífica região...”.5

Entretanto, a intervenção mais sórdida, eugenista e odiosa foi a do diplomata norte-americano Charles Washburn falando em nome do liberalismo enquanto sistema econômico mundial: “Por sua torpeza e cegueira, junto com outros pecados, o povo paraguaio merece o completo extermínio que o aguarda. O mundo terá justo motivo para congratular-se quando não houver uma só pessoa que fale o endiabrado idioma guarani”.6 Em outras palavras, longe de ser a “ditadura” de López o grande problema, era a “livre circulação de mercadorias e matérias-primas” que determinava o desenrolar político da questão platina na época da Inglaterra vitoriana.

URUGUAI SUBJUGADO DÁ INÍCIO À OFENSIVA CONTRA SOLANO LÓPEZ

O vapor brasileiro Marquês de Olinda
Alimentados pelos desejos da metrópole e instigados pelas palavras do norte-americano, Brasil invade o Uruguai (até então aliado do Paraguai) em outubro de 1864 e ordena, ao lado da Argentina, o fechamento das saídas para o mar, o que asfixia a economia paraguaia. López rompe relações diplomáticas com Brasil e Argentina que agora obrigam o Uruguai a eles se unir através do fantoche asqueroso Venâncio Flores. Sem dúvidas, começa aí a terrível guerra, muito mais por obra dos aliados do império britânico do que por uma vontade insana de Solano López! Tudo que virá de agora em diante será fruto dessas dissenções. López declara guerra ao Brasil em 13 de dezembro de 1864.

Neste contexto é que Solano López aprisionou o navio brasileiro Marquês de Olinda e, em consequência D. Pedro II acendeu o pavio da guerra contra o Paraguai. A Inglaterra através de empréstimos financeiros ao Brasil defende cooptar Argentina e Uruguai também com gordos empréstimos e assim deflagrar a guerra dos três países à nação guarani. A Tríplice Aliança foi formada em 1º de maio de 1865.

GUERRA PARA EXTERMINAR UM POVO INTEIRO DESDE O VENTRE MATERNO!

No início da guerra o Brasil nem exército possuía, a maioria dos soldados era composta por escravos; na Argentina não era muito diferente, pois formavam tropas mercenárias; o Uruguai apenas funcionava como baliza. Pensavam, outrossim, que a guerra seria breve. Durou seis anos!

O Duque de Caxias veio para
implantar a "disciplina" nos
aliados
De 1865 até 1867 foram inúmeras as derrotas dos “exércitos” da “tríplice” aliança. Quando então se dão conta: “O Exército paraguaio é numeroso relativamente ao seu povo porque não se distingue do povo. Cada soldado defende seu próprio interesse e o bem-estar de sua família, na defesa que faz do seu país”.7 Cônscios de sua inferioridade militar os aliados tratam de “profissionalizar” o comando, colocando à cabeça o “Duque de Caxias”, temido por seus “métodos” selvagens de guerra. Os recrutamentos para a guerra eram coercitivos. Para a conformação da Tríplice Aliança, o “império” brasileiro incutia através de seus diplomatas a estapafúrdia ideia de que a “guerra não era contra o povo paraguaio, mas a Solano López”.8

A incorporação dos “combatentes” era extremamente violenta: na Argentina, jovens eram acorrentados uns aos outros para serem conduzidos aos acampamentos militares; no Uruguai povoados inteiros foram desfeitos para servirem à guerra; no Brasil os “voluntários da pátria” eram caçados ipsis litteris como bichos. Deserções e motins eram frequentes no seio dos aliados.

Muitos crimes de guerra foram praticados: logo no inicio da guerra o grotesco Venâncio Flores ordenou a degola de 1.400 prisioneiros paraguaios já dominados e rendidos. A guerra era para ter sido encerrada em janeiro 1869 com a tomada de Assunção, saqueada pelos brasileiros. Mas não. Em agosto de 1869 foi a vez do comando brasileiro praticar atrocidades: o Conde d’Eu, um bandido a serviço da monarquia brasileira, lançou a ordem de degolar todos os paraguaios após a batalha pela posse do forte Peribebuy e incendiar o único hospital da região. Os que tentavam escapar eram empurrados para as chamas... Quatro dias depois, na batalha de Acosta Ñu 20 mil soldados aliados lutam contra apenas 500 veteranos paraguaios e 3.500 crianças com no máximo 10 anos de idade! “O maior massacre bélico do mundo, não existindo antecedentes de outros exércitos integrados completamente por crianças”.9 Ninguém fora poupado e para completar o Conde d’Eu mandou que o matagal fosse incendiado para matar as mulheres, mães das crianças, e os feridos. A população civil não escapou incólume, sofreu agressões, torturas, estupros, saques e roubos de gado, além de prisões em massa.

A insanidade do alto comando não parou nisto. O “pai” do exército brasileiro, o Duque de Caxias, em nome da “civilização” decidiu contaminar as áreas ribeirinhas com cólera10 como “estratégia” de guerra e assim dizimar a resistência da população paraguaia; o general Mitre, da Argentina, entusiasmou-se com a ideia da guerra bacteriológica e tratou de enviar soldados portadores de varíola, que ao serem capturados disseminavam a moléstia entre os “inimigos”. Seguiam à risca a orientação do Duque de Caxias, segundo quem, seria necessário “matar até o último paraguaio no ventre de sua mãe”.

NECESSIDADE DE DESTRUIR UM SÍMBOLO DE DESENVOLVIMENTO AUTONÔMO

Corpos paraguaios jazem pelo terreno após duras batalhas
Derrotado o Paraguai, o genro de D. Pedro II, que substituíra Caxias no comando, baixou ordens para que a artilharia bombardeasse todas as fundições e máquinas paraguaias, represas foram dinamitadas e TODOS OS SOBREVIVENTES foram fuzilados! Para os vencedores não bastava o holocausto de sua população, era preciso aniquilar o emblema do progresso e da independência nacional. Para que não restassem lembranças, apenas ruínas. “Esta guerra foi uma coisa tão indecente e vergonhosa que só durante o conflito que se soube que, no pacto da Tríplice Aliança, havia uma cláusula que previa que ela só terminaria com a morte de López e a troca de poder no Paraguai, não se poderia assinar armistício”11.

Em 1º de março de 1870, Solano López e seus cem soldados remanescentes foram descobertos em Cerro Corá e executados. Só assim, para os aliados, a guerra chegara a seu término, após mais de dois anos de massacres injustificados, cuja população fora dizimada em 75%; quase toda população masculina morrera em combate; o Paraguai teve tomado 140 mil quilômetros quadrados de seu território como “indenização de guerra”; todas as suas riquezas saqueadas e distribuídas entre os aliados. As dívidas de guerra com o Brasil perduraram até 1943, as quais foram abolidas apenas sob o governo de Getúlio Vargas!

Claro está que não cabe nenhuma “divinização” acrítica dos dirigentes paraguaios, principalmente Solano López. Eles, sem sombra de dúvidas, incorreram em inúmeros erros de estratégias, como ao se imiscuir nas pugnas internas da Confederação Argentina em 1859 como “árbitro”. Dois anos depois, unificada, a Argentina lançou-se contra o Uruguai e em seguida ao Paraguai. No plano militar, a Batalha de Riachuelo foi um fracasso. Em uma guerra não há lugares para flores e embelezamentos românticos e ideais. O lopismo foi antes de mais nada uma reação às inúmeras oligarquias submissas ao império colonial inglês que cercavam o Paraguai, o qual respondeu à altura, não sendo, óbvio nenhum santo. No entanto, coube ao queridinho da mídia corporativa, Francisco Doratioto – como levantamos no início do artigo – igualar Solano López à sanha psicopata dos militares argentinos e brasileiros em seus hediondos crimes de guerra e dono de uma incompetência inata. Na realidade, apesar de seus erros, Solano López foi a expressão política do enfrentamento de um país minúsculo, extremamente pobre e atrasado economicamente com forças extremamente desproporcionais dos gigantes Argentina e Brasil instados argutamente pelo liberalismo do império britânico.


CRONOLOGIA DO CONFLITO

Maio de 1864 - Brasil envia representante ao Uruguai, que vivia uma guerra civil, para discutir as ameaças sofridas por cidadãos brasileiros em território uruguaio. Os brasileiros que tinham fazendas no interior reclamavam que sofriam assaltos violentos.

18 de junho de 1864 - Enviados do Brasil, Argentina e Inglaterra se reúnem para mediar o fim da guerra civil no Uruguai, com representantes tanto do governo oficial, de Atanásio Aguirre, quanto do chefe da rebelião, Venâncio Flores. Não há acordo e a guerra civil continua.

Agosto de 1864 - Governo brasileiro ameça intervir militarmente no Uruguai, caso o governo não puna os responsáveis pela violência contra brasileiros no país. Em nota enviada a diplomatas brasileiros, governo do Paraguai protesta contra qualquer invasão do território do Uruguai.

30 agosto de 1864 - Uruguai rompe relações diplomáticas com o Brasil.

12 de outubro de 1864 - Brasil invade o Uruguai.

12 de novembro de 1864 - Em retaliação à invasão brasileira ao Uruguai, Paraguai apreende o vapor brasileiro Marquês de Olinda.

13 de dezembro de 1864 - O líder paraguaio Solano López declara guerra ao Brasil.

27 e 28 de dezembro de 1864 - Exército paraguaio ataca o forte Coimbra, atualmente na região de Mato Grosso do Sul

Janeiro de 1864 - Exército paraguaio invade Corumbá, Miranda e Dourados.

7 de janeiro de 1865 - Decreto nº 3.371, do Império do Brasil, cria os Corpos de Voluntários da Pátria. São prometidas recompensas para quem se voluntariar à luta.

21 de janeiro de 1865 - Decreto nº 3.383, do Império do Brasil, convoca a Guarda Nacional para se juntar ao Exército. Era composta por cerca de 440 mil homens, mas pouco mais de 40 mil participaram do combate. Na época, o alistamento na Guarda tinha a função de mostrar status social.

1º de maio de 1865 - Assinatura do Tratado da Tríplice Aliança por Brasil, Argentina e Uruguai.

Junho de 1865 - Exército paraguaio invade o Rio Grande do Sul e ocupa Uruguaiana.

11 de junho de 1865 - Batalha do Riachuelo, em que a Marinha paraguaia é derrotada pelas forças aliadas.

18 de agosto de 1865 - Soldados paraguaios em Uruguaiana se rendem.

16 de abril de 1866 - Exército aliado na Argentina cruza o rio Paraná e invade o Paraguai, onde inicia marcha rumo à fortaleza de Humaitá.

24 de maio de 1866 - Batalha de Tuiuti, que é considerada a mais importante e uma das mais sangrentas da guerra. O exército paraguaio atacou os soldados da Tríplice Aliança que seguiam para Humaitá. Apesar das inúmeras mortes, os aliados venceram.

12 de setembro de 1866 - López pede encontro com Bartolomeu Mitre, governante da Argentina. Os dois se reúnem, mas não há acordo para o fim da guerra.

22 de setembro de 1866 - Exército da Tríplice Aliança ataca fortaleza de Curupaiti, mas é derrotado pelos paraguaios. Foi a maior derrota aliada.

6 de novembro de 1866 - Decreto nº 3.725-A, do Império do Brasil, liberta escravos que servissem no exército contra o Paraguai.

Abril e maio de 1867 - Tropas aliadas invadem o Paraguai rumo à fazenda Laguna, mas são atacadas pelos paraguaios e obrigadas a recuar. Episódio é conhecido como Retirada da Laguna.

Julho de 1867 - Tropas brasileiras partem em direção a Humaitá, para atacar a fortaleza.

15 de agosto de 1867 - Esquadra do governo imperial segue pelo rio Paraguai e ultrapassa a fortaleza de Curupaiti, mas não tenta passar por Humaitá. Permanece seis meses entre as duas fortalezas e, apesar de bombardeá-las, não consegue destruí-las.

3 de março de 1868 - López deixa a Fortaleza de Humaitá e arma quartel-general em San Fernando, distante cerca de 10 quilômetros.

25 de julho de 1868 -Exército aliado toma posse da Fortaleza de Humaitá.

Dezembro de 1868 -  Paraguaios são derrotados nas batalhas de Itororó, Avaí, e Lomas Valentinas, no que ficou conhecido por “dezembrada”.

1º de janeiro de 1869 - Tropas brasileiras invadem e saqueiam Assunção.
5 de maio de 1869 - Fundição de Ibicuí, onde eram feitas as armas do exército paraguaio, é destruída.

16 de agosto de 1869 - Batalha de Acosta-Ñu, em que 20 mil soldados da Tríplice Aliança enfrentam e vencem as tropas formadas por 6 mil paraguaios, em sua maioria idosos e crianças. Em homenagem às vítimas, 16 de agosto se tornou o Dia das Crianças no Paraguai.

1º de março de 1870 -  Solano López é morto em Cerro Corá. O líder paraguaio foi ferido com um golpe de lança pelo brasileiro José Francisco Lacerda, o Chico Diabo, e foi atingido por um tiro de fuzil. A morte de López encerra a guerra.



Notas
1 Grifo meu

2 Grifo meu


4 Intervenção do diplomata inglês, Edward Thornton

5 Júlio José Chiavenatto, Genocídio Americano, A Guerra do Paraguai

6 Idem.

7 Leon Pomer, A guerra do Paraguai, A grande tragédia rioplatense

8 MENDES, R. Teixeira. Benjamin Constant: esboço de uma apreciação sintética da vida e da obra do Fundador da República Brazileira. 2 ed. Do 1º vol. Rio de Janeiro: Sede Central da Igreja Pozitivista do Brasil, 1913. Note-se que apenas os positivistas opuseram-se às agressões ao Uruguai e ao Paraguai. Consultar O elucidativo artigo de Mario Maestri, Os positivistas ortodoxos e a guerra do Paraguai.

9 Organización Campesina del Norte. Em homenagem a este dia, o 16 de agosto foi declarado o Dias das Crianças no Paraguai.

10 despacho privado ao imperador Pedro II, datado de 18 de novembro de 1867