domingo, 29 de julho de 2018

CRISE NA NICARÁGUA: um barco à deriva não pode ser abandonado sobre as águas turbulentas do Império. Defender sem hesitar o país da Revolução Sandinista contra a intervenção de Trump e dos neocon!!!


P
assado algum tempo desde que a Nicarágua submergiu nas profundezas da crise política após o governo Ortega desastrosamente ter tentado implantar verticalmente uma reforma na previdência por pressão do FMI. Por isso, agora faz jus aplicarmos um claro método de análise a fim de que possamos aferir a magnitude dos acontecimentos no país onde triunfou a Revolução Sandinista em 1979 ao depor pelas armas o ditador e sicário do Império, Anastácio Somoza. Isto porque até o presente quase todas as correntes da esquerda mundial fazem profissão de fé que os dissabores do governo sandinista devem-se exclusivamente pela política equivocada dos ex-revolucionários, descartando a participação dos órgãos de inteligência e do Departamento de Estado dos EUA. Encampam esta vertente, como não seria novidade, as correntes morenistas (LIT/PSTU, CST, MES...), cujas bases programáticas estão solidamente enraizadas na democracia burguesa: as quais podem assim ser resumidas “Ortega é um ditador sanguinário e assassino” e, portanto, deve ser apeado do poder, não interessa por quem. Fácil adentrar nesse terreno; difícil, contudo, é engolir essa patranha! Revela, antes de tudo, o grau de deterioração desta pseudo-esquerda, amiúde alinhada com a mídia corporativa ou com a opinião pública pequeno-burguesa, cujo cerne sempre fora o senso comum direitista. Muito longe desta perspectiva sombria e errática, o método marxista deve ser aplicado com rigor, orientando a análise para romper com programa identitário da neo-esquerda antirrevolucionária. A real situação deve ser abarcada através do ponto de partida geopolítico, o qual sempre permeou a realidade da América Central e do Caribe, ou seja, qual o papel cumpriam diante do monstro imperialista os governos da centro-esquerda burguesas nesses países. A pergunta correta, nesse sentido, a ser feita é quais os determinantes do Império nesta região?

 A AMÉRICA NÃO MAIS PARA OS AMERICANOS?

Os EUA foram se solidificando militar, econômica e politicamente perante o mundo desde os estertores do século XVIII, imediatamente após a o sangrento processo de independência das 13 Colônias e à custa do massacre de sua população indígena (a marcha para o Oeste) e o roubo de terras antes pertencentes à Espanha (México/Califórnia). Nesta caminhada de destruição prosseguem as ameaças sob a égide do governo Monroe que forja a índole expansionista doravante rumo ao sul, na declaração que ficou conhecida como a “América para os Americanos”, a “Doutrina Monroe” que definiu como sua a América Latina e não aceitaria qualquer ingerência europeia em toda a área. Em seu próprio território tal prática ia sendo cumprida à risca, como vista durante a Guerra Civil, nos combates contra os Confederados. A partir do Norte, rumo ao Oeste e Sul, em última análise, se desenvolveu um processo de acumulação primitiva de capitais que conduziu sobremaneira os EUA a sua doutrina e política expansionista sobre todo o planeta, culminando no início do século XX com os preceitos bélicos do “Big Stick” de Roosevelt assumindo assim beligerantemente a hegemonia sobre o continente das Américas.

A abordagem da crise será endógena, quando múltiplos fatores desencadearam os eventos; e exógena, a mais crucial, que determina os supostos erros de Ortega e sua violenta repressão aos movimentos de massa, bem como a caracterização mais precisa da situação política nos últimos dias de embate social.

Os Estados Unidos sempre cultivaram um sentimento de posse, de propriedade, seu quintal toda a América Central. A Nicarágua em pelo menos 200 anos não foge a essa regra básica. Seu objetivo sempre foi ter o território nicaraguense sob seu controle domínio. Desde o mercenário Willian Walker que invadiu a Nicarágua em 1856, até os anos 1912 e 1933 quando as ocupações militares foram efetivadas de forma sistemática no país, época durante a qual aparece o dirigente Augusto Cesar Sandino. Duas centenas de anos não podem ser subestimadas numa análise histórica das intervenções americanas precisamente na Nicarágua. Vamos mais longe, como retrata objetivamente documentos do WikiLeaks: “no caso da Nicarágua, após o triunfo de Daniel Ortega em 2007, a Embaixada dos EUA nesse país lançou um programa de apoio intensivo ao partido da oposição de direita, Alianza Liberal Nicaraguense (ALN)”1.

Os instrumentos/agentes intervencionistas observam o que reza os manuais de desestabilização de governos não alinhados ditados pelos organismos de inteligência dos EUA, muito similar (não idêntico) ao que acontece na Venezuela, vivenciou o Brasil durante as “Jornadas de Junho”, no Paraguai em 2012 ou, mais longe, a forma como foi aniquilada a Líbia de Ghadaffi, a proliferação dos bandos neonazistas na Ucrânia em 2013, e ainda as “forças” que visam isolar Bashar Al Assad na Síria através dos “insurgentes rebeldes”. O completo domínio do Caribe sempre foi considerado como uma questão de Segurança Nacional para a América do Norte! Segundo os neo-esquerdistas não o seria mais, pois Ortega é gente sua! Simples...

Em nível interno, como é possível um país há pouco sem nenhum problema mais intenso, de uma hora para outra entra em convulsão social? A previdência (INSS: Instituto Nicaraguense de Seguro Social) vinha se destacando como uma das mais sólidas de toda a América Latina e muito superior as do istmo; os baixos índices de criminalidade 2, bem abaixo do restante: Honduras, sob controle direto dos EUA tem uma taxa de 85,7 homicídios a cada 100.000 habitantes; a Nicarágua, situa-se na casa dos 6 por 100.000! Portanto, poderia ser considerado um país bastante seguro para se viver.

No aspecto social também se destacava por certa estabilidade, mesmo que tenha sido um dos países mais pobres das Américas, acima somente do Haiti. E quem nos apresenta isso não é nenhum esquerdista ou orteguista; vem dos balanços financeiros do Banco Mundial: entre 2014 e 2016 a pobreza diminuiu de 29,6 para 24,9%, cujo PIB oscilava em 4%: em 2011, “o crescimento atingiu um recorde de 5,1%, com uma desaceleração de 4,7 e 4,5 em 2016 e 2017, respectivamente. Para este ano, o prognóstico situa-se em 4,4%, com o qual a Nicarágua coloca-se no segundo lugar de crescimento entre os países da América Central, com perspectivas favoráveis para os investimentos estrangeiros diretos e o comércio”3. O Banco Centro-americano de Integração Econômica, relata que o déficit fiscal nicaraguense foi de 2,5%. Só a título de comparação, o déficit na Argentina foi de 4%! Neste quadro, no final de 2016, Daniel Ortega foi eleito com 72% dos votos, o que foi o suficiente para a mídia cloaca mundial denunciar aos quatro cantos a existência de fraude dando voz à burguesia vernácula inconformada pelo fato do casal Ortega não levar adiante a sua política neoliberal de privatizações do sistema previdenciário...

OS EQUÍVOCOS NEOLIBERAIS DO CASAL ORTEGA

Playboys marombados à serviço de Trump
Daniel Ortega e Rosario Murillo cometeram o erro de aliar-se com a oligarquia e seus representantes no Congresso, os inimigos históricos da FSLN que pressionaram o governo a colocar uma reforma previdenciária draconiana em consonância com o FMI, o que provocou a ira não só dos trabalhadores como do empresariado fortemente alinhado com Washington, porque estes estavam marcados para contribuir com uma maior fatia de impostos. Grande parte das conquistas sociais advindas da Revolução foi pouco a pouco sendo descartada ao longo da gestão orteguista, hoje alinhada com a reacionaríssima Igreja católica. Dada a imensa multidão que acorreu ao protesto em Manágua no mês de abril, o governo recuou quatro dias depois do anunciado. Mas as mobilizações continuaram, doravante nas mais diversas e remotas regiões do país. Na mesma proporção aumentou a força do aparato repressivo, o que só alimentou ainda mais o caráter de frente sediciosa opositora, cujas reivindicações são a renúncia do presidente e a convocação de novas eleições, conclamando sem dúvida, a um golpe de estado.

A GUERRA COMERCIAL CONTRA PEQUIM

Contudo, qual é o elemento causal dos levantes em todo o país? É necessário voltarmos para o raciocínio inicial acerca dos interesses geopolíticos ianques na Nicarágua e América Central de forma geral. O grande sonho americano visa materializar um canal interoceânico em solo nicaraguense desde o início do século XX. O revés desta política era o medo enfadonho que uma potência europeia o fizesse - a França começou a construir um canal via Panamá. Os EUA frustraram a aspiração francesa, ao invadir o Panamá em 1904 e tomar o projeto para si. Desde então, o Império impede que rotas interoceânicas alternativas compitam com o Canal do Panamá. Ao longo do século XX e XXI esta foi a preocupação latente do Departamento de Estado americano. Para seu desespero, o casal Ortega abre condições para que um canal seja construído com capitais chineses e apoiado pela Rússia, fato que se colocado em prática poderia quebrar a estabilidade hegemônica dos EUA no Caribe, o equilíbrio estratégico estaria bastante alterado. Para o Pentágono a região caribenha é considerada “Mare Nostrum”, denotando a antiga “Doutrina Monroe” agora posta sobre a mesa novamente! Para Trump nada poderia ser mais ameaçador do que a presença chinesa em seu quintal! Uma vez instalados, os chineses desempenhariam não apenas um papel comercial conflitivo com os interesses americanos, como evidentemente instalaria bases militares nas suas barbas. E então, pode-se aventar que não há nenhuma participação dos EUA nos protestos antigoverno sandinista? Não esquecer que Ortega tem grandes e profundas relações de amizade e comércio com Cuba, Venezuela e os países da ALBA! Washington tem todo interesse em uma “mudança de regime” tal qual ocorreu no Brasil, por exemplo. Ou seja, há todo um ambiente armado para um golpe de Estado.

Emblema do Comando Sul dos EUA
Neste quadro, a Casa Branca vem se valendo de todos os meios para intervir na crise, a fim de debilitar o governo de Daniel Ortega e por a termo o acordo com a China. Seu método: um enxame de ONGs “humanitárias”, organizações da sociedade civil cooptadas, a mídia corporativa e seus factoides. Esses setores partem para a propaganda ideológica denunciando os “horrores” cometidos pelos ditadores encastelados em Manágua, tudo sob o incentivo do “Comando Sul dos Estados Unidos” 4 e o “Cartel de Lima”. A intensa campanha tem por objetivo a convalidação de uma violenta erradicação dos sandinistas do poder através da “invasão humanitária”, um déjà vu dos modus operandi das intervenções efetivadas em diversas partes do mundo.

MODUS OPERANDI DA DESESTABILIZAÇÃO DE REGIMES POLÍTICOS

Em questão entram de sola os paramilitares, mercenários disfarçados de estudantes universitários, jovens dispostos a sacrificar-se, matar, incendiar, destruir. Porém, tem que dar-lhes credibilidade através da opinião pública, porque senão perde eficácia: é preciso dar vazão aos protestos, cujo emblema central reside na corrupção desenfreada na cúpula sandinista (coincidência com o que ocorre no Brasil?). Mesmo que os altos dirigentes sandinistas tenham se degenerado no correr dos tempos ao promover alianças com seus inimigos históricos como a Igreja católica e o empresariado associado à Câmara de Comércio norte-americana e, por isso, a política tenha se concentrado no casal presidencial como alvo da ira “popular”. Evidentemente, que o desgaste também está ligado à involução política do sandinismo e o rompimento de seu fio revolucionário.

Todo um aparato de desestabilização foi oportunisticamente montado para se aproveitar do enfraquecimento do governo e dar louros à “oposição”. Só não enxerga isso quem realmente não quer ver! A mídia cloaca cumpre seu papel de difundir as “atrocidades” do governo como se factoides fossem verdades absolutas e irrefutáveis. ONGs a soldo de Trump contam mais de 400 mortes de manifestantes desde que se iniciara a escalada de conflitos com a aquiescência da OEA.

“O FILHO DA PUTA É NOSSO”!

Em uma guerra, Washington não tem o menor escrúpulo moral para atingir seus objetivos: recruta toda espécie de gente, como playboys marombados e acéfalos, drogados, narcotraficantes, mercenários, assassinos, lumpens de várias gamas etc. Rezam que assim virão atrás as jovens gerações que nem sequer sabem montar um coquetel molotov ou como se organizar politicamente. Basta ver que a dinastia Somoza contou sempre com os aportes dos EUA já na década de 30 do século passado. O último Somoza governou a Nicarágua de 1967 a 1979 quando foi derrubado pelos sandinistas. O apoio ianque ao somozismo era total: Roosevelt disse em 1939 que “Somoza pode ser um filho da puta, mas é o nosso filho da puta!”. Se os EUA recorreram a uma sangrenta ditadura durante décadas, porque iria abrir mão de seus “investimentos” de uma hora para outra? Não faz o menor sentido descartar a participação do Império no processo de desestabilização do governo sandinista. Logo defenestrado o ditador em 1979, Reagan tratou de criar forças paramilitares e mercenárias em Honduras para combater os revolucionários, tal é a importância da região para os interesses geopolíticos americanos.

Formada a “oposição”, o grupo conhecido como M19, de extrema direita, foi a Washington reunir-se com outro grupo, o Freedom House seita igualmente direitista que defende o Estado americano. Com esta “ajuda”, foram a D. Trump suplicar que o governo estadunidense enviasse aportes e forças especiais para combater Ortega. O M19 posou com os neocon do Congresso, foram gentilmente conduzidos para o Departamento de Estado para clamar por poder bélico através do USAID. Antes, a National Endowment for Democracy (NED)5 afirmara que milhões de dólares foram enviados para as “bases insurrecionais” da Nicarágua, planejamento iniciado em 2014. O orçamento da USAID para a Nicarágua superou os US$ 5,2 milhões para este ano, “com a maioria dos fundos destinados à capacitação da sociedade civil e as organizações de mídias” 6. “Sociedade Civil”, na verdade, são as ONGs que maquilam cifras de cunho humanitárias, sempre para cima, culpando diretamente o governo nicaraguense pelas mais de 448 mortes, 2.800 feridos, 595 desaparecidos, centenas de presos e dezenas de processados, no intuito de provocar uma quebra da ordem constitucional. Na verdade, são em torno de 295 os mortos causados pelos bandos fascistas e somam com os óbitos de ambos os lados.

A ESQUERDA NO ATOLEIRO “DEMOCRÁTICO” DO IMPERIALISMO

O casal Ortega adotou uma política neoliberal própria
A conduta traidora e neoliberal do casal Ortega não justifica de modo algum o que pregam os morenistas: “Fora Ortega! Fora ditador assassino!”7, negando a participação do império nas mobilizações da oposição. Conclui de forma equivocada que “O governo Ortega é uma ditadura sanguinária, exploradora e entreguista do país ao imperialismo. Por isso, toda a esquerda latino-americana está obrigada a escolher um lado: ou com a heróica (sic) luta do povo nicaraguense contra a repressão e a exploração ou com uma ditadura que tenta se esconder atrás de uma falsa fachada progressista 8. A Convergência Socialista, hoje LIT/PSTU, já adotou o foquismo como método de luta em 1979 (ver a “Brigada Simon Bolivar”!), doentiamente pró-sandinismo (mas foi expulsa pelos sandinistas!); já foi lulista inveterado até o ano 2000, atualmente se coloca do outro lado da trincheira sem, contudo, abstrair o conteúdo de classe das transformações políticas dessas organizações e seus vínculos com o imperialismo, bem como o modus operandi deste último. Vai a reboque da opinião pública mundial pró-imperialista! Outras corrente da esquerda, sem compreender o substrato das mobilizações contra Ortega, aventam a possibilidade de uma “nova revolução” como propugna o MES de Luciana Genro 9. Vai mais longe totalmente envolto em delírios um artigo do site Esquerda on Line, destacando que “Quem estava à frente dos protestos: a auto-organização popular”10, isto é, tudo começara com a espontaneidade das massas, sem direção. Até certo ponto seria possível, mas os organismos de inteligência logo tomaram para si a efetivação programática do movimento oposicionista.

Ignoram, ou fazem vistas grossas a que o objetivo do governo fascista de Trump é colocar um governo sátapra no lugar de Ortega, como produto imediato do recrudescimento da guerra comercial contra a China desencadeada pelo asqueroso plutocrata “reality show”. Trump é “o primeiro presidente dos EUA a definir especificamente a China como ‘rival’ desde a viagem de Richard Nixon à China em 1971”, escreveu Cary Huang, in South China Morning Post. À Casa Branca, portanto, não interessa mais um governo sandinista, a exemplo do que fez no Brasil com o PT há 13 anos no Planalto. Ambos tentaram novos alinhamentos econômicos, com China e Venezuela e os BRICS, respectivamente. “Não precisamos mais desse nosso filho da puta”!!! Em suma, a esquerda em sua maioria encampou-se com o imperialismo na forma de depor Ortega.

Longe dos trabalhadores alinharem-se inapelavelmente com o imperialismo, o maior inimigo da Humanidade, os verdadeiros revolucionários devem cerrar fileiras com Ortega/Rosario Murillo, sempre levando em conta a política retrógrada da camada dirigente do sandinismo, mas nunca clamando pela deposição como pregam os verdugos do Pentágono e da Casa Branca dirigidos pelo idiota-útil Trump. Fora a ingerência americana na Nicarágua e na América Central!


NOTAS:                                                     

1 The WikiLeaks Files: The World According to US Empire.

2 Dez países com as maiores taxas de homicídio por 100.000 habitantes do mundo. Honduras, governada por controle remoto desde 2009 por Washington ostenta a lúgubre honra de ter a maior de todas: 85,7 homicídios a cada 100.000 habitantes. Seguem-no El Salvador (63,2), Venezuela (51,7), Colômbia (48,8), Belize (37,2), Guatemala (36,2), Jamaica (35,2), Trinidad y Tobago (32,8), Brasil (30,5) e República Dominicana (30,2). Em 2017 a taxa nicaraguense chegou a 6 por 100.000!!!


4 O Comando Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM), localizado em Doral, Flórida na Grande Miami, é um dos dez comandos - Unified Combatant Commands (CCMDs) - no Departamento de Defesa dos Estados Unidos. E é sua responsabilidade providenciar planejamento de contingência, operações e cooperação de segurança para América Central e do Sul, o Caribe (exceto commonwealths, territórios, e possessões dos EUA), suas águas territoriais, e para a proteção de força de recursos militares dos EUA nas regiões adstritas.

5 https://www.ned.org/ . Acesso em 28 de julho de 2018.

6 Idem.


8 Idem.