sábado, 1 de outubro de 2016

ESTADOS UNIDOS ENCABEÇAM FRENTE TERRORISTA AL NUSRA: desvendam-se plano e agenda criminosa para balcanizar e criar “regimes salafistas” na Síria


N
os últimos dias temos presenciado a intensificação dos ataques ao regime sírio por intermédio não só de bombas, mas também pelas linhas tortas da “mídia mainstream”1, acusando-o a seu modo como sendo responsável pelos constantes massacres da população e a dizimação bélica das caravanas de ajuda humanitária em Aleppo. Porém, como veremos, trata-se de uma pugna ideológica – claro, compreendida como expressão de uma guerra sangrenta de extermínio – e de propaganda das grandes potências ocidentais para desestabilizar e desmoralizar o regime político laico e republicano de Assad2. Seu método são as sabotagens e mentiras tomadas como fatos indeléveis. Para comprovar semelhante descalabro basta analisarmos rapidamente o que “jornalões” publicam e divulgam através de suas pautas arquitetadas desde os bastidores do Pentágono e sordidamente pensadas a partir da CIA. Soma-se que os EUA não participam como meros expectadores, mas com mão ativa ao insuflar grupos jihadistas reacionários contra os sírios, o que fica bem exposto após a entrevista que um dirigente do grupo al Nusra, o comandante Abu al-Ezz, concedeu ao jornal alemão Kölner Stadt Anzeiger (26/9/2016). A frente Al-Nusra a que pertence Abu é uma dissidência da Al Qaeda, rebatizada sob a orientação dos EUA de Frente Fatah al-Sham para dificultar o controle russo na região leste da Síria.

NAS GUERRAS, ALÉM DAS VITÍMAS HUMANAS, MORRE A VERDADE!

Informações “fake” têm inundado jornalões e telejornais do mundo inteiro que destacam as amiúdes vitimizações de crianças pelo “despótico e genocida” Bashar al-Assad e seu desprezo pelo povo. Partem principalmente do Catar tamanhas injúrias, que tem como epicentro a Al-Jazzera como porta-voz dessa petro-ditadura. Lá, esquentam a ideia de que crianças são torturadas e que têm suas unhas arrancadas em represália e que inúmeros corpos infantis foram encontrados nas prisões do exército sírio. Nada fora provado. Ou nem tanto...

Aqui fica evidente a "manipulação" da foto: a cabeça do
menino deveria ficar naturalmente voltada para o continente
A ofensiva ideológica tem se tornado brutal, tendo seu ápice no início de 2014 demonstrada pela emblemática foto do menino sírio Aylan Kurdi encontrado afogado em praia turca. Pouco depois se descobriu que foi uma foto produzida com primores de requintes para servir de publicidade e contrainformação de guerra visando atingir o governo os “inimigos dos povos” Assad e seus aliados (Rússia, Irã, Índia, Hezbollah...).

O autor que criou esta macabra imagem foi uma empresa, a Communications & Estrategies que tem escritórios em Washington e Istambul. Não demorou muito para que a foto fosse divulgada em alarde por todos os países da OTAN e do Conselho de Cooperação do Golfo. A foto em questão foi uma montagem, isto é, preparada convenientemente de acordo com as exigências técnicas fotográficas e políticas. Claro, de verdade nesta estória somente o cadáver da criança, vítima inocente da guerra sangrenta provocada pelo Ocidente e seus asseclas das monarquias árabes.

Algo similar foi feito nesta segunda metade de agosto, quando outra foto de criança ganhou destaque na mídia a fim de causar “comoção” na opinião pública mundial: a do menino sírio Omram Dagneesh em cuja imagem aparece coberto de pó e sangue após ser recolhido a uma ambulância retirado de escombros. Assim, mais uma vez, tornou-se uma icônica prova de que Obama deve intensificar os ataques à Síria para por a termo essas atrocidades cometidas pelo “genocida Assad”. Todavia, essa foi uma falsificação muito mais grotesca do que a do menino Aylan.

O responsável por isto foi Mahmoud Rasian, fotógrafo filo-terrorista próximo aos Zinki (Harakat Nour al-Din al-Zenk, uma criatura da CIA que recebe mísseis antitanque BGM-71 Tow dos Estados Unidos), conhecidos como “cortadores de cabeças” de crianças para expô-las ao mundo como se fosse obra do bárbaro governo Assad. Não tardou para o grupo “Aleppo Media Center” – vinculado ao sionista The Times of Israel (http://www.timesofisrael.com/topic/aleppo-media-center/) e ávidos antigovernistas – para disseminar o factoide desses criminosos na internet e mídia impressa do Ocidente. A própria imagem denuncia a farsa3: uma vítima de guerra sem qualquer ferimento grave recém-saída de ruínas! Nem mesmo as lágrimas de crocodilo da mídia mainstream e seus jornalistas venais que se empenharam em difundir e vender a farsa conseguiram comover alguém mais sério...

A imagem da fraude: de verdade somente
a guerra imperialista!
Omram não fora assistido por socorristas como mostram as imagens, mas por “atores” bem treinados para atuar diante de uma câmera, conhecidos como White Helmets que coordenadamente colocaram a criança sobre uma cadeira como um trunfo de guerra dentro da ambulância à espera dos repórteres!

Nos últimos dias, a cena parece se repetir à exaustão, quando uma menina de cinco anos fora resgatada em meio aos escombros na cidade de Aleppo pelos White Helmets após um ataque aéreo, transformando-a em outro ícone anti-russo/sírio. Há de se ressaltar que o ataque foi realizado pela... OTAN!

ESTADOS UNIDOS ALIMENTAM LOGÍSTICA CRIMINOSA DOS “REBELDES”

O “império do caos” pretende estrategicamente balcanizar toda a região do Oriente Médio, em especial a Síria, o que fica bem patente com a descoberta de um relatório altamente secreto redigido em 2012, um ano após a deflagração do conflito, pela Agência de Inteligência da Defesa (Defense Intelligence Agency - DIA) onde são expostas a metas da guerra na região:

“OCIDENTE, PAÍSES DO GOLFO E TURQUIA [QUE] APOIAM A OPOSIÇÃO [SÍRIA]… HÁ A POSSIBILIDADE DE ESTABELECER UM PRINCIPADO SALAFISTA DECLARADO OU NÃO-DECLARADO NO LESTE DA SÍRIA (HASAKA E DEIR EZZOR), E ISSO É EXATAMENTE O QUE DESEJAM AS POTÊNCIAS QUE APOIAM A OPOSIÇÃO, A FIM DE ISOLAR O REGIME SÍRIO, QUE É CONSIDERADO COMO PROFUNDIDADE ESTRATÉGICA DA EXPANSÃO XIITA (IRAQUE E IRÃ)”. [em caixa alta no original, o negrito é meu]4

Como se constata, todas as cartas foram distribuídas entre a Al Qaeda e o Estado Islâmico (ambos sunitas5) através da pragmática ação americana de soerguer um “principado salafista6”, com a clara e objetiva finalidade de “dividir para conquistar” toda a região, tal como vige na Arábia. Uma Síria esfacelada e mergulhada no caos é tudo o que desejam os imperialismos europeu e americano, já que Washington permitiu a emergência do Daesh7 segundo declarações do tenente-general Michael Flynn, ex-chefe da DIA: “Eu acho que foi uma decisão. Eu acho que foi uma decisão voluntária” (https://www.rt.com/usa/312050-dia-flynn-islamic-state/).

O relatório da DIA conclui então que “os salafistas, a Irmandade Muçulmana, e AQI [Al-Qaeda no Iraque] são as principais forças motrizes da insurgência na Síria”, movimentos apoiados pelo “Ocidente, países do Golfo e a Turquia”. Dando vazão a essa necessidade do capital tem o torpe enquadramento da esquerda: “Quatro anos depois, a revolução na Síria segue, em que pese a tolerância do ditador Bassar Al-Assad pelas grandes potências, além da colaboração de uma parte da esquerda mundial, que seguiu as diretrizes dos governos da Venezuela e de Cuba, que se puseram ao lado de uma ditadura assassina” (http://www.pstu.org.br/node/21361).

Os proponentes da "primavera árabe"
na contramão da História
O descarado apoio do Pentágono aos terroristas e criminosos de guerra taxados de “rebeldes” ou até mesmo “revolucionários” pela esquerda trotsquizante quinta-colunas do império vem sendo contumazmente denunciado por dirigentes russos, como o fez recentemente o embaixador enviado ao Conselho de Segurança da ONU, Vitaly Chirkimi: mercenários estão “armados com tanques, veículos blindados, artilharia de campo, são dezenas de unidades pesadamente armadas... É claro que não têm como produzir esses equipamentos. Todo esse armamento está sendo recebido por eles enviado por generosos apoiadores ocidentais com os EUA...”. Assistência essa recebida pela Al Nusra e o Daesh.

Treinadas e orientadas pela CIA e o Mossad8 seus alvos são bem específicos: usam a população local como escudos humanos e atacam indiscriminadamente áreas residenciais de Aleppo e os comboios de ajuda humanitária depositando a culpa no governo sírio e na Rússia. No dia 17 de setembro caças norte-americanos atacaram (por engano!!!) tropas do exército sírio na cidade de Deir Ezzor, matando 83 soldados sírios e mais de uma centena de feridos. Após o bombardeio, o Pentágono orientou o ataque dos terroristas sobre o exército sírio expulsando-o temporariamente de suas posições na colina Al Thardeb. “A situação em si foi agravada porque os Estados Unidos simplesmente violaram o acordo de cessar fogo feito a duras penas na Síria e mandaram bala contra o Exército sírio, o que foi logo interpretado como um socorro direto ao EI” (http://br.blastingnews.com/mundo/2016/09/eua-e-russia-se-estranham-no-conselho-de-seguranca-da-onu-gerando-tensao-maxima-001126755.html) afirmou Vitaly. Os EUA, desta forma, abrem espaços com bombas da OTAN para indicar o caminho dos criminosos em direção à derrubada do governo Assad.

FRENTE ÚNICA COM PUTIN E ASSAD!!!

Portanto, o fato, muito além de mera hipótese de apoio ao terror por parte dos EUA, foi comprovado através de entrevista do comandante do Al-Nusra, Abu al-Ezz, ao jornal Kölner Stadt Anzeiger (http://www.ksta.de/politik/interview-mit-al-nusra-kommandeur--die-amerikaner-stehen-auf-unserer-seite--24802176). Ressaltou de forma peremptória que “Sim, os EUA apoiam a oposição, mas não diretamente. Eles apoiam os países que nos apoiam. Mas não estamos ainda satisfeitos com esse apoio. Deveriam nos apoiar com armas de alta tecnologia. Vencemos batalhas graças aos mísseis ‘TOW’. Conseguimos equilíbrio de forças com o estado, graças àqueles mísseis. Recebemos os tanques da Líbia, pela Turquia. Também os ‘BMs’ – lançadores de múltiplos foguetes. O regime nos ultrapassa só em jatos de combate, mísseis e lançadores de mísseis...”.

Com a proximidade das eleições norte-americanas
os Democratas deverão dar uma demonstração
de força atacando com selvageria a Síria
Se antes pairava alguma dúvida acerca dos frondosos apoios materiais do imperialismo americano, agora elas se desfazem por completo, muito embora muitos acreditem que as hostes do fundamentalismo islâmico salafista sejam revolucionárias atuando como parte da “revolução árabe” como o fazem partidários do morenismo (LIT/PSTU) e de Hillary Clinton...

Com a proximidade das eleições norte-americanas a ofensiva contra o país sírio deve se acentuar drasticamente, em especial tendo como mandatário Obama em “ajuda” à candidata Hillary Clinton, a mulher responsável pelas inúmeras iniquidades e atrocidades cometidas pelo Departamento de Estado e o Pentágono no Egito, Líbia e países da África em nome da “democracia e liberdade dos povos”!!!! Mais do que nunca é necessário defendermos a nação Síria oprimida em frente única com o regime nacionalista de Bashar al-Assad, a Rússia e o Hezbollah!


Notas

1 A típica grande mídia corporativa falsificadora dominante que está em voga

2 Única republica laica não-alinhada do Oriente Médio. Em 1964, depois com a tomada deassunção ao poder em 1963 pelo Partido Baath, socialista e nacionalista, empreendeu uma série de profundas reformas sociais e econômicas. Ficou conhecida como República Popular da Síria. Em 1966, o país aliou-se ao Egito e, em 1967, envolveu-se na Guerra dos Seis Dias. Mais tarde, em 1973, atacou Israel, na chamada Guerra do Yom Kippur. Interferiu na defesa do Líbano contra Israel, em 1978. Partidária da causa palestina, mostrando-se contra as negociações de paz egípcio-israelitas, que ocorreram depois da viagem de Anwar Sadat a Jerusalém.



5 Sunita X Xiitas: Os descendentes da família de Maomé, ficaram conhecidos como xiitas, um grupo ainda hoje minoritário e que se caracteriza por ser tradicionalista, conservando as antigas interpretações do Alcorão e da Lei Islâmica, a Sharia. Já os membros do outro grupo, muito maior em número de adeptos ainda hoje, constituindo cerca de 90% da população islâmica, ficaram conhecidos como sunitas divergem da concepção sucessória dos xiitas e, segundo, por sempre atualizarem suas interpretações do livro sagrado do Alcorão e da Lei Islâmica, valendo-se de outra fonte além das citadas, a Suna — livro onde estão compilados os grandes feitos e exemplos do profeta Maomé.

6 Movimento ortodoxo ultraconservador dentro do islamismo sunita que se resume a uma abordagem fundamentalista do Islã, emulando o profeta Maomé e seus primeiros seguidores.

7 “ISIS” em árabe – ou seja, a sigla formada pelas quatro iniciais das quatro palavras principais do nome Estado Islâmico no Iraque e na Síria (ou no Levante)


8 Instituto para Inteligência e Operações Especiais. É o serviço secreto do Estado de Israel, com sede em Tel Aviv, encarregado de espionagem e ações paramilitares no Oriente Médio.