os últimos dias temos presenciado a intensificação dos
ataques ao regime sírio por intermédio não só de bombas, mas também pelas
linhas tortas da “mídia mainstream”1, acusando-o a seu modo como
sendo responsável pelos constantes massacres da população e a dizimação bélica das
caravanas de ajuda humanitária em Aleppo. Porém, como veremos, trata-se de uma
pugna ideológica – claro, compreendida como expressão de uma guerra sangrenta
de extermínio – e de propaganda das grandes potências ocidentais para
desestabilizar e desmoralizar o regime político laico e republicano de Assad2.
Seu método são as sabotagens e mentiras tomadas como fatos indeléveis. Para
comprovar semelhante descalabro basta analisarmos rapidamente o que “jornalões”
publicam e divulgam através de suas pautas arquitetadas desde os bastidores do
Pentágono e sordidamente pensadas a partir da CIA. Soma-se que os EUA não
participam como meros expectadores, mas com mão ativa ao insuflar grupos
jihadistas reacionários contra os sírios, o que fica bem exposto após a
entrevista que um dirigente do grupo al Nusra, o comandante Abu al-Ezz,
concedeu ao jornal alemão Kölner Stadt
Anzeiger (26/9/2016). A frente Al-Nusra a que pertence Abu é uma
dissidência da Al Qaeda, rebatizada sob a orientação dos EUA de Frente Fatah
al-Sham para dificultar o controle russo na região leste da Síria.
NAS GUERRAS, ALÉM DAS VITÍMAS HUMANAS, MORRE A VERDADE!
Informações “fake” têm inundado jornalões e telejornais do
mundo inteiro que destacam as amiúdes vitimizações de crianças pelo “despótico
e genocida” Bashar al-Assad e seu desprezo pelo povo. Partem principalmente do
Catar tamanhas injúrias, que tem como epicentro a Al-Jazzera como porta-voz dessa
petro-ditadura. Lá, esquentam a ideia de que crianças são torturadas e que têm
suas unhas arrancadas em represália e que inúmeros corpos infantis foram
encontrados nas prisões do exército sírio. Nada fora provado. Ou nem tanto...
Aqui fica evidente a "manipulação" da foto: a cabeça do menino deveria ficar naturalmente voltada para o continente |
O autor que criou esta macabra imagem foi uma empresa, a Communications & Estrategies que tem
escritórios em Washington e Istambul. Não demorou muito para que a foto fosse
divulgada em alarde por todos os países da OTAN e do Conselho de Cooperação do
Golfo. A foto em questão foi uma montagem, isto é, preparada convenientemente
de acordo com as exigências técnicas fotográficas e políticas. Claro, de
verdade nesta estória somente o cadáver da criança, vítima inocente da guerra
sangrenta provocada pelo Ocidente e seus asseclas das monarquias árabes.
Algo similar foi feito nesta segunda metade de agosto,
quando outra foto de criança ganhou destaque na mídia a fim de causar “comoção”
na opinião pública mundial: a do menino sírio Omram Dagneesh em cuja imagem
aparece coberto de pó e sangue após ser recolhido a uma ambulância retirado de
escombros. Assim, mais uma vez, tornou-se uma icônica prova de que Obama deve
intensificar os ataques à Síria para por a termo essas atrocidades cometidas
pelo “genocida Assad”. Todavia, essa foi uma falsificação muito mais grotesca
do que a do menino Aylan.
O responsável por isto foi Mahmoud Rasian, fotógrafo
filo-terrorista próximo aos Zinki (Harakat Nour al-Din al-Zenk, uma criatura da
CIA que recebe mísseis antitanque BGM-71 Tow dos Estados Unidos), conhecidos
como “cortadores de cabeças” de crianças para expô-las ao mundo como se fosse obra
do bárbaro governo Assad. Não tardou para o grupo “Aleppo Media Center” –
vinculado ao sionista The Times of Israel
(http://www.timesofisrael.com/topic/aleppo-media-center/)
e ávidos antigovernistas – para disseminar o factoide desses criminosos na
internet e mídia impressa do Ocidente. A própria imagem denuncia a farsa3:
uma vítima de guerra sem qualquer ferimento grave recém-saída de ruínas! Nem
mesmo as lágrimas de crocodilo da mídia mainstream e seus jornalistas venais que
se empenharam em difundir e vender a farsa conseguiram comover alguém mais
sério...
A imagem da fraude: de verdade somente a guerra imperialista! |
Nos últimos dias, a cena parece se repetir à exaustão,
quando uma menina de cinco anos fora resgatada em meio aos escombros na cidade
de Aleppo pelos White Helmets após um ataque aéreo, transformando-a em outro
ícone anti-russo/sírio. Há de se ressaltar que o ataque foi realizado pela...
OTAN!
ESTADOS UNIDOS ALIMENTAM LOGÍSTICA CRIMINOSA DOS “REBELDES”
O “império do caos” pretende estrategicamente balcanizar
toda a região do Oriente Médio, em especial a Síria, o que fica bem patente com
a descoberta de um relatório altamente secreto redigido em 2012, um ano após a
deflagração do conflito, pela Agência de Inteligência da Defesa (Defense
Intelligence Agency - DIA) onde são expostas a metas da guerra na região:
“OCIDENTE, PAÍSES DO GOLFO E
TURQUIA [QUE] APOIAM A OPOSIÇÃO [SÍRIA]… HÁ A POSSIBILIDADE DE ESTABELECER UM
PRINCIPADO SALAFISTA DECLARADO OU NÃO-DECLARADO NO LESTE DA SÍRIA (HASAKA E DEIR
EZZOR), E ISSO É EXATAMENTE O QUE
DESEJAM AS POTÊNCIAS QUE APOIAM A OPOSIÇÃO, A FIM DE ISOLAR O REGIME SÍRIO,
QUE É CONSIDERADO COMO PROFUNDIDADE ESTRATÉGICA DA EXPANSÃO XIITA (IRAQUE E
IRÃ)”. [em caixa alta no original, o negrito é meu]4
Como se constata, todas as cartas foram distribuídas entre a
Al Qaeda e o Estado Islâmico (ambos sunitas5) através da pragmática
ação americana de soerguer um “principado salafista6”, com a clara e
objetiva finalidade de “dividir para conquistar” toda a região, tal como vige
na Arábia. Uma Síria esfacelada e mergulhada no caos é tudo o que desejam os imperialismos
europeu e americano, já que Washington permitiu a emergência do Daesh7
segundo declarações do tenente-general Michael Flynn, ex-chefe da DIA: “Eu acho
que foi uma decisão. Eu acho que foi uma decisão voluntária” (https://www.rt.com/usa/312050-dia-flynn-islamic-state/).
O relatório da DIA conclui então que “os salafistas, a
Irmandade Muçulmana, e AQI [Al-Qaeda no Iraque] são as principais forças
motrizes da insurgência na Síria”, movimentos apoiados pelo “Ocidente, países
do Golfo e a Turquia”. Dando vazão a essa necessidade do capital tem o torpe enquadramento
da esquerda: “Quatro anos depois, a revolução na Síria segue, em que pese a
tolerância do ditador Bassar Al-Assad pelas grandes potências, além da
colaboração de uma parte da esquerda mundial, que seguiu as diretrizes dos
governos da Venezuela e de Cuba, que se puseram ao lado de uma ditadura
assassina” (http://www.pstu.org.br/node/21361).
Os proponentes da "primavera árabe" na contramão da História |
Treinadas e orientadas pela CIA e o Mossad8 seus
alvos são bem específicos: usam a população local como escudos humanos e atacam
indiscriminadamente áreas residenciais de Aleppo e os comboios de ajuda
humanitária depositando a culpa no governo sírio e na Rússia. No dia 17 de
setembro caças norte-americanos atacaram (por engano!!!) tropas do exército
sírio na cidade de Deir Ezzor, matando 83 soldados sírios e mais de uma centena
de feridos. Após o bombardeio, o Pentágono orientou o ataque dos terroristas
sobre o exército sírio expulsando-o temporariamente de suas posições na colina
Al Thardeb. “A situação em si foi agravada porque os Estados Unidos
simplesmente violaram o acordo de cessar fogo feito a duras penas na Síria e
mandaram bala contra o Exército sírio, o que foi logo interpretado como um
socorro direto ao EI” (http://br.blastingnews.com/mundo/2016/09/eua-e-russia-se-estranham-no-conselho-de-seguranca-da-onu-gerando-tensao-maxima-001126755.html)
afirmou Vitaly. Os EUA, desta forma, abrem espaços com bombas da OTAN para
indicar o caminho dos criminosos em direção à derrubada do governo Assad.
FRENTE ÚNICA COM PUTIN E ASSAD!!!
Portanto, o fato, muito além de mera hipótese de apoio ao
terror por parte dos EUA, foi comprovado através de entrevista do comandante do
Al-Nusra, Abu al-Ezz, ao jornal Kölner
Stadt Anzeiger (http://www.ksta.de/politik/interview-mit-al-nusra-kommandeur--die-amerikaner-stehen-auf-unserer-seite--24802176).
Ressaltou de forma peremptória que “Sim,
os EUA apoiam a oposição, mas não diretamente. Eles apoiam os países que nos
apoiam. Mas não estamos ainda satisfeitos com esse apoio. Deveriam nos apoiar
com armas de alta tecnologia. Vencemos batalhas graças aos mísseis ‘TOW’.
Conseguimos equilíbrio de forças com o estado, graças àqueles mísseis.
Recebemos os tanques da Líbia, pela Turquia. Também os ‘BMs’ – lançadores de
múltiplos foguetes. O regime nos ultrapassa só em jatos de combate, mísseis e
lançadores de mísseis...”.
Com a proximidade das eleições norte-americanas os Democratas deverão dar uma demonstração de força atacando com selvageria a Síria |
Com a proximidade das eleições norte-americanas a ofensiva
contra o país sírio deve se acentuar drasticamente, em especial tendo como
mandatário Obama em “ajuda” à candidata Hillary Clinton, a mulher responsável
pelas inúmeras iniquidades e atrocidades cometidas pelo Departamento de Estado
e o Pentágono no Egito, Líbia e países da África em nome da “democracia e
liberdade dos povos”!!!! Mais do que nunca é necessário defendermos a nação
Síria oprimida em frente única com o regime nacionalista de Bashar al-Assad, a
Rússia e o Hezbollah!
Notas
1 A típica grande mídia corporativa falsificadora
dominante que está em voga
2 Única republica laica não-alinhada do Oriente
Médio. Em 1964, depois com a tomada deassunção ao poder em 1963 pelo Partido
Baath, socialista e nacionalista, empreendeu uma série de profundas reformas
sociais e econômicas. Ficou conhecida como República Popular da Síria. Em 1966,
o país aliou-se ao Egito e, em 1967, envolveu-se na Guerra dos Seis Dias. Mais
tarde, em 1973, atacou Israel, na chamada Guerra do Yom Kippur. Interferiu na
defesa do Líbano contra Israel, em 1978. Partidária da causa palestina, mostrando-se
contra as negociações de paz egípcio-israelitas, que ocorreram depois da viagem
de Anwar Sadat a Jerusalém.
3 Mais detalhes sobre o fotógrafo terrorista a
soldo do imperialismo: https://willyloman.wordpress.com/2016/08/19/omran-daqneesh-photo-created-by-child-beheading-zinki-terrorist-supporter-mahmoud-raslan/
5 Sunita X Xiitas: Os descendentes da família
de Maomé, ficaram conhecidos como xiitas, um grupo ainda hoje minoritário e que
se caracteriza por ser tradicionalista, conservando as antigas interpretações
do Alcorão e da Lei Islâmica, a Sharia. Já os membros do outro grupo, muito
maior em número de adeptos ainda hoje, constituindo cerca de 90% da população
islâmica, ficaram conhecidos como sunitas divergem da concepção sucessória dos
xiitas e, segundo, por sempre atualizarem suas interpretações do livro sagrado
do Alcorão e da Lei Islâmica, valendo-se de outra fonte além das citadas, a
Suna — livro onde estão compilados os grandes feitos e exemplos do profeta Maomé.
6 Movimento ortodoxo ultraconservador dentro do
islamismo sunita que se resume a uma abordagem fundamentalista do Islã,
emulando o profeta Maomé e seus primeiros seguidores.
7 “ISIS” em árabe – ou seja, a sigla formada
pelas quatro iniciais das quatro palavras principais do nome Estado Islâmico no
Iraque e na Síria (ou no Levante)
8 Instituto para Inteligência e Operações
Especiais. É o serviço secreto do Estado de Israel, com sede em Tel Aviv,
encarregado de espionagem e ações paramilitares no Oriente Médio.