sexta-feira, 16 de junho de 2017

PORQUE O FRUTO PODRE NÃO CAI: Fração burguesa apoia Temer, enquanto direções sindicais apostam na institucionalidade eleitoral até 2018!


O
moribundo governo Temer está podre e claudicante. Mas, por que não cai? São múltiplos os fatores: está sendo sustentado a fórceps por uma fração minoritária da burguesia paulista (Fiesp e o agronegócio) e a oligarquia nordestina (teles e empresariado ligado ao setor terciário), as quais têm como representante e porta-voz o PSDB e seus satélites (DEM, PR etc.) no Congresso. Contudo, a tucanalha não apresenta consenso em suas propostas de manter em pé o semicadavérico peemedebê. FHC, astutamente com um pé na governabilidade e salvação do regime, encampou sem titubear a proposta da esquerda, aquela adaptada ao status quo, de “eleições gerais” (os morenistas que se manifestem!). Atesta sua nota: “A conjuntura política do Brasil tem sofrido abalos fortes e minha percepção também. Se eu me pusesse na posição de presidente e olhasse em volta reconheceria que estamos vivendo uma quase anomia” (O Globo, 16/6). Intimamente relacionada à “tese” do velho tucano corrupto, como elemento fundamental da permanência da quadrilha de assaltantes no Planalto, está a incapacidade da esquerda em superar os limites impostos pelo regime, cujo plano programático não ultrapassa a ideia de “eleições gerais” ou das “diretas já”, ou estapafurdicamente uma a-histórica “nova constituinte” (inacreditável!!!!). Até mesmo o projeto de greve geral para o dia 30 de junho está sendo descartado pelas direções sindicais, pois deixar o vampiro-mordomo sangrar favorece as pretensões eleitorais do PT em 2018.

 Neste quadro, o staff temerista, de tão sórdido e incapaz de lavar adiante as tão esperadas “reformas sociais” (Previdência e Trabalhista) reclamadas pelo mercado, que a mídia oligopsônica aos poucos foi “queimando” figuras exponenciais do golpe constitucional que depôs Dilma há um ano: Eduardo Cunha, Geddel Vieira, Aécio Neves, o próprio Temer e seus asseclas. A rede Globo é a cabeça de ponte da mídia golpista, a qual pretende impor um “novo” governo bonapartista, eleito por via indireta, dominado por rentistas internacionais e com um judiciário completamente submisso aos interesses do mercado (muito mais do que já o é hoje), isto é, um governo do PSDB – Tasso Jereissati, por exemplo – descartado o lúmpen Aécio, ou até mesmo um Henrique Meirelles.

Não esqueçamos, neste contexto, o fato de que o asqueroso ministro do STF, Gilmar Mendes, concedeu novo fôlego para o impostor sentado na cadeira presidencial ao votar contra a cassação da chapa Dilma/Temer. Aliás, o voto do “alto saber jurídico” do tucano togado teve um efeito de salvar Temer e não a chapa com o PT, haja vista que Dilma já fora cassada e condenada sem nenhuma prova de seus “crimes”. O julgamento no TSE não passou de um picadeiro cheio de palhaços togados nada engraçados, uma provocação para as mentes mais atentas: funcionou como palco para um ato público de desagravo ao governo do PMDB! Com o ministro do STF à cabeça como um dos principais articuladores do golpe constitucional, manda e desmanda no país uma das mais retrógradas oligarquias do planeta, tal é seu reacionarismo que pretende empurrar para trás todas as conquistas sociais dos últimos 20 anos, remetendo-o para o início do século XX nas relações de produção.

SOBREVIDA AO DECRÉPITO GOVERNO PEEMEDEBISTA

O tucano do STF/TSE conseguiu unificar momentaneamente a quadrilha de mafiosos instalada no Planalto. A lúmpen-burguesia tem como elemento de ligação uma parte de rentistas e do mercado bursátil, balizada incontinenti pela ânsia das reformas da previdência e trabalhista, cuja meta passa por acabar com o já insignificante estado de bem-estar social (SUS, aposentadorias, fim da justiça do trabalho, criação de um vasto e numeroso exército industrial de reserva – desemprego -, arrocho salarial, aumento da produtividade e da jornada de trabalho, fim do 13º, fim das férias etc.). Para esta verdadeira politica de recolonização o capital financeiro pretende reduzir salários ao nível de países extremamente pobres como Filipinas, México, Índia, Grécia etc. a fim de inserir o Brasil na nefasta cadeia produtiva global da superexploração exaustiva do proletariado, cuja extração da mais-valia pode atingir níveis nunca antes vistos.

Enfim, o presidente usurpador consegue se manter graças a cinco fatores fundamentais do golpismo: o STF, a fração da burguesia paulista e rentistas, a promessa do programa de maldades das reformas, a sustentabilidade promovida pela oligarquia nordestina sob o comando do arquicorrupto Tasso Jereissati (dono da rede do shoppings Iguatemi e da operadora Oi, acionista da Odebrecht e de bancos privados). O tucano, que tem a promessa do Planalto de que as dívidas e multas da Oi serão perdoadas e de que lhe será concedido de mãos beijadas um patrimônio de cem bilhões de reais, neste aspecto, salienta que “a reforma trabalhista segue seu caminho e o Brasil depende de que nós continuemos a trabalhar e dar, ao processo de reformas, seguimento”. Completando este quadro, não pode ficar de fora a adaptabilidade das direções sindicais e partidárias da esquerda que se resumem a respeitar a institucionalidade golpista sem colocar em marcha uma grande mobilização dos trabalhadores e do povo explorado. Assim adquire uma estéril sobrevida que assusta o demiurgo da cloaca, o “príncipe da privataria”, o FHC, que por isso reza pelas eleições gerais, temendo pela horrorosa “anomia”** nacional...

ACIRRAMENTO DA CRISE ECONÔMICA FAZ CENTRAIS SINDICAIS RECUAREM ATÉ MESMO DA PROPOSTA DAS “DIRETAS JÁ”

Centrais retiram chamada de greve geral dos anúncios
O grau de deterioração do regime político e a exacerbação das contradições entre os poderes de Estado na pugna entre o Judiciário e o Executivo, embora sejam coparticipe do golpe constitucional, conduz a um aprofundamento da crise política e, consequentemente, econômica-social, sem precedentes na história recente do Brasil. Recessão, desemprego em massa e corte de benefícios é a tônica dos consortes mafiosos defecados no Planalto!

Numa conjuntura em que o contido caldo de cultura da revolta popular pode adquirir rumos incontroláveis, o que segundo as direções sindicais pode questionar o regime da democracia dos ricos e “perturbar o pleno desenvolvimento do calendário eleitoral”, colocando por terra os planos da frente popular (PT e PCdoB). Isto é, nenhuma espécie de polarização social e política interessa aos dirigentes dos movimentos sociais. Mesmo porque se trata de um diversionismo a “solução” “diretas já”, bandeira há muito superada pela História! A proposta de FHC fora elogiada até por importantes setores do PT. Assim uma greve geral, mesmo que bastante limitada, poderia fugir ao controle de suas direções burocráticas, e está, por essa razão, sendo repensada.

A única saída para apear do poder a lúmpen-burguesia (homens brancos, misóginos, velhos e ricos) é a partir de um grande movimento de massas, organizado desde a base: sindicatos, escolas, moradia e bairros, desempregados. Fora disso, serão apenas medidas paliativas para referendar o atual regime político falido e colocar outro verdugo da classe operária sentado na cadeira presidencial...


  * Ilustração inicial: montagem de capa da revista Carta Capital
** Falta de organização, desregramento.