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moribundo governo Temer está podre e claudicante. Mas, por
que não cai? São múltiplos os fatores: está sendo sustentado a fórceps por uma fração minoritária da
burguesia paulista (Fiesp e o agronegócio) e a oligarquia nordestina (teles e empresariado
ligado ao setor terciário), as quais têm como representante e porta-voz o PSDB
e seus satélites (DEM, PR etc.) no Congresso. Contudo, a tucanalha não apresenta
consenso em suas propostas de manter em pé o semicadavérico peemedebê. FHC, astutamente
com um pé na governabilidade e salvação do regime, encampou sem titubear a
proposta da esquerda, aquela adaptada ao status
quo, de “eleições gerais” (os morenistas que se manifestem!). Atesta sua
nota: “A conjuntura política do Brasil tem sofrido abalos fortes e minha
percepção também. Se eu me pusesse na posição de presidente e olhasse em volta
reconheceria que estamos vivendo uma quase anomia” (O Globo, 16/6). Intimamente relacionada à “tese” do velho tucano
corrupto, como elemento fundamental da permanência da quadrilha de assaltantes
no Planalto, está a incapacidade da esquerda em superar os limites impostos
pelo regime, cujo plano programático não ultrapassa a ideia de “eleições
gerais” ou das “diretas já”, ou estapafurdicamente uma a-histórica “nova
constituinte” (inacreditável!!!!). Até mesmo o projeto de greve geral para o
dia 30 de junho está sendo descartado pelas direções sindicais, pois deixar o
vampiro-mordomo sangrar favorece as pretensões eleitorais do PT em 2018.
Não esqueçamos, neste contexto, o fato de que o asqueroso
ministro do STF, Gilmar Mendes, concedeu novo fôlego para o impostor sentado na
cadeira presidencial ao votar contra a cassação da chapa Dilma/Temer. Aliás, o voto do “alto saber jurídico” do tucano
togado teve um efeito de salvar Temer e não a chapa com o PT, haja vista que
Dilma já fora cassada e condenada sem nenhuma prova de seus “crimes”. O
julgamento no TSE não passou de um picadeiro cheio de palhaços togados nada
engraçados, uma provocação para as mentes mais atentas: funcionou como palco
para um ato público de desagravo ao governo do PMDB! Com o ministro do STF
à cabeça como um dos principais articuladores do golpe constitucional, manda e
desmanda no país uma das mais retrógradas oligarquias do planeta, tal é seu reacionarismo
que pretende empurrar para trás todas as conquistas sociais dos últimos 20 anos,
remetendo-o para o início do século XX nas relações de produção.
SOBREVIDA AO DECRÉPITO GOVERNO PEEMEDEBISTA
O tucano do STF/TSE conseguiu unificar momentaneamente a
quadrilha de mafiosos instalada no Planalto. A lúmpen-burguesia tem como
elemento de ligação uma parte de rentistas e do mercado bursátil, balizada incontinenti
pela ânsia das reformas da previdência e trabalhista, cuja meta passa por
acabar com o já insignificante estado de bem-estar social (SUS, aposentadorias,
fim da justiça do trabalho, criação de um vasto e numeroso exército industrial
de reserva – desemprego -, arrocho salarial, aumento da produtividade e da
jornada de trabalho, fim do 13º, fim das férias etc.). Para esta verdadeira
politica de recolonização o capital financeiro pretende reduzir salários ao
nível de países extremamente pobres como Filipinas, México, Índia, Grécia etc.
a fim de inserir o Brasil na nefasta cadeia produtiva global da superexploração
exaustiva do proletariado, cuja extração da mais-valia pode atingir níveis
nunca antes vistos.
Enfim, o presidente usurpador consegue se manter graças a cinco
fatores fundamentais do golpismo: o STF, a fração da burguesia paulista e
rentistas, a promessa do programa de maldades das reformas, a sustentabilidade
promovida pela oligarquia nordestina sob o comando do arquicorrupto Tasso Jereissati
(dono da rede do shoppings Iguatemi e da operadora Oi, acionista da Odebrecht e
de bancos privados). O tucano, que tem a
promessa do Planalto de que as dívidas e multas da Oi serão perdoadas e de que
lhe será concedido de mãos beijadas um patrimônio de cem bilhões de reais, neste
aspecto, salienta que “a reforma trabalhista segue seu caminho e o Brasil
depende de que nós continuemos a trabalhar e dar, ao processo de reformas,
seguimento”. Completando este quadro, não pode ficar de fora a adaptabilidade
das direções sindicais e partidárias da esquerda que se resumem a respeitar a
institucionalidade golpista sem colocar em marcha uma grande mobilização dos
trabalhadores e do povo explorado. Assim adquire uma estéril sobrevida que
assusta o demiurgo da cloaca, o “príncipe da privataria”, o FHC, que por isso
reza pelas eleições gerais, temendo pela horrorosa “anomia”** nacional...
ACIRRAMENTO DA CRISE ECONÔMICA FAZ CENTRAIS SINDICAIS
RECUAREM ATÉ MESMO DA PROPOSTA DAS “DIRETAS JÁ”
Centrais retiram chamada de greve geral dos anúncios |
O grau de deterioração do regime político e a exacerbação
das contradições entre os poderes de Estado na pugna entre o Judiciário e o
Executivo, embora sejam coparticipe do golpe constitucional, conduz a um
aprofundamento da crise política e, consequentemente, econômica-social, sem
precedentes na história recente do Brasil. Recessão, desemprego em massa e
corte de benefícios é a tônica dos consortes mafiosos defecados no Planalto!
Numa conjuntura em que o contido caldo de cultura da revolta
popular pode adquirir rumos incontroláveis, o que segundo as direções sindicais
pode questionar o regime da democracia dos ricos e “perturbar o pleno
desenvolvimento do calendário eleitoral”, colocando por terra os planos da
frente popular (PT e PCdoB). Isto é, nenhuma espécie de polarização social e
política interessa aos dirigentes dos movimentos sociais. Mesmo porque se trata
de um diversionismo a “solução” “diretas já”, bandeira há muito superada pela
História! A proposta de FHC fora elogiada até por importantes setores do PT. Assim
uma greve geral, mesmo que bastante limitada, poderia fugir ao controle de suas
direções burocráticas, e está, por essa razão, sendo repensada.
A única saída para apear do poder a lúmpen-burguesia (homens
brancos, misóginos, velhos e ricos) é a partir de um grande movimento de
massas, organizado desde a base: sindicatos, escolas, moradia e bairros,
desempregados. Fora disso, serão apenas medidas paliativas para referendar o
atual regime político falido e colocar outro verdugo da classe operária sentado
na cadeira presidencial...
* Ilustração inicial: montagem de capa da revista Carta Capital
** Falta de organização,
desregramento.