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s recentes acontecimentos na Venezuela são decorrentes de
uma conjuntura política complexa desde que o chavismo teve sua assunção no
Estado, a partir de 1999 e, desde então vem sendo alvo de ataques frequentes do
Departamento de Estado americano que acionou o botão vermelho de alerta para a
região: rica em petróleo e praticamente no quintal dos Estados Unidos. E por
esta última modalidade, a Venezuela tem se convertido em um país estratégico
para os interesses do imperialismo e a sua indústria petrolífera. Ao mesmo
tempo, em suas fronteiras está a Colômbia, igualmente estratégica, não por suas
riquezas minerais, mas por seu papel de submissão aos interesses acima citados,
em especial sob o antigo governo entreguista do narcotraficante Álvaro Uribe1. Bogotá tem sido o portal de entrada política
intervencionista dos EUA, valendo-se da justificativa do “combate ao tráfico de
drogas” (quando Uribe fora durante anos advogado do Cartel de Medelin e amigo
íntimo de Pablo Escobar!) e perseguição fascista à guerrilha da FARC. Nestas
condições, o fascismo e a direita venezuelana vão ganhando terreno sob os
auspícios da CIA e os aportes da Casa Branca.
A Venezuela e suas fronteiras com a Colômbia (a oeste) |
Não há a menor sombra de dúvida que a agudização da crise na
Venezuela está intimamente relacionada à perseguição a FARC e a subsequente
entrada de tropas americanas na Colômbia com a autorização de Bogotá, com os
olhos voltados a pressionar o governo bolivariano Chávez/Maduro por intermédio
de incursões paramilitares e crimes ao longo das fronteiras.
O “ensaio geral” das tendências fascistizantes da chamada
“oposição” de direita (FedeCamara) aconteceu em abril de 2002 com o golpe de
estado que depôs temporariamente o coronel Chávez após a deflagração de um
lockout em nível nacional.
Doravante, de forma gradual e amiúde violenta, a ação de
paramilitares mercenários a soldo do Pentágono tem sido uma constante no
quesito provocações nas fronteiras, e também dentro do próprio território
venezuelano. Os paramilitares invadem a Venezuela para praticar atos
terroristas sob a coordenação da CIA e do Departamento de Estado ianque.
Infiltrados em manifestações de massas ou em “lockouts” programados,
desabastecimentos organizados pela patronal, praticam toda sorte de crimes para
atacar o governo Maduro. Os empresários “opositores” chegaram, em meio à forte escassez
de produtos básicos, a esconder e/ou queimar dezenas de toneladas de alimentos,
provocando uma alta absurda de preço dos mesmos e filas imensas nos mercados,
arguindo cinicamente responsabilidade a Maduro!
O caso mais fragrante de invasão mercenária aconteceu em
2004 quando a direita mais reacionária esteve a frente da entrada de bandidos e
sabotadores (típicos sapadores de guerra) a partir do estado de Táchira, a
oeste do país.
Esta operação não foi obra do acaso, mas parte do denominado
“Plano Guarimba”, na qual estava inclusa a malfadada coalizão “Coordenadoria
Democrática”, responsável pelo golpe em 2002. Hoje esta “coordenação” atua sob
o nome de MUD (Mesa de Unidade Democrática), causadora dos inúmeros distúrbios
no país.
“Guarimba” trata-se de um termo de reverência da classe
média aos sabotadores terroristas, de apoio a grupos paramilitares a fim de
espalhar a violência combinada com atos terroristas antibolivarianos, ataques a
prédios públicos e dezenas de assassinatos feitos por franco-atiradores. Até os
dias atuais prevalecem esses métodos cuja finalidade “tática” é causar o maior números
de danos para fragilizar o governo Maduro e, se possível, assassiná-lo – tal
como o fizeram com Chávez (envenenado pelos agentes da CIA e do Mossad).
AS GARRAS DO IMPÉRIO DILACERAM A VENEZUELA.
PLANOS E MAIS PLANOS PARA DERRUBAR GOVERNO BOLIVARIANO...
PLANOS E MAIS PLANOS PARA DERRUBAR GOVERNO BOLIVARIANO...
Vários “meetings” foram organizados para definir estratégias
de “combate ao bolivarismo”. Um deles foi realizado com o usurpador de 2002,
Pedro Carmona com Rafael Marin, da Ação Democrática para Todos, com vistas a
conspirar junto com empresários do agronegócio e “sátrapas” regionais impostos
pelas multinacionais petrolíferas.
Em 2004, coordenados pelo então presidente Álvaro Uribe –
hoje senador – o estado de Miranda foi invadido por tropas paramilitares,
causando propositalmente problemas diplomáticos e profundas baixas na população
civil. Essa tentativa de golpe foi batizada de “Operação Daktari”, voltada para
assassinar dirigentes do governo Chávez agindo em Caracas. Logo a opinião
pública venal atribuiu as mortes a Chávez, com o claro intuito de
desestabilizar o seu governo e isolá-lo nas relações internacionais através de
uma grande comoção em nível mundial. Eis em que consiste a operação: “...um
comandante da Guarda Nacional, tenente coronel, respondeu que era preciso usar
paramilitares colombianos porque, primeiro, não eram venezuelanos, e segundo, eles não iriam olhar para trás para
atirar, no iriam ter nenhum remorso na consciência, e para eles o que
interessava era o pagamento, logo era mais eficiente usá-los do que usar tropas
venezuelanas que iriam ter problemas de consciência, que não iriam querer
atacar seus companheiros...”2.
Contudo, foi durante o governo do “Democrata” Obama que as
dissenções com a Venezuela aumentaram: tornaram-se “uma ameaça à segurança
nacional dos EUA e sua política externa”. Nesse tempo, assessores do
ex-presidente Bush, Rudolph Giuliani (ex-presidente da Câmara de Nova Iorque) e
Mary Beth Cory (ex-subsecretária de Estado e Defesa) reuniram-se em Bogotá com
as forças armadas colombianas para definir resoluções militares contra as FARC
e intervencionistas na Venezuela. A partir daí o contingente de tropas
paramilitares ianques só aumentou, acampadas ao longo das fronteiras do país
bolivariano: são mais de 2 mil soldados cercando Táchira e Zulia. Esta é a mais
sólida evidência da participação direta dos EUA nos processos de conspiração
contra os governos Chávez/Maduro. No vale tudo da guerra declarada, a Casa
Branca acusa Maduro de “violação de direitos humanos” e desrespeito à
“liberdade de imprensa”.
Documento secreto conspirativo vem à tona |
Mais recente, em 2016, veio à tona um amplo documento do
Comando do Sul dos Estados Unidos (controle da América Latina e do Caribe) intitulado
“Venezuela Freedom-2 – Operation”3, o
qual em primeiro lugar previa a desestabilização e uma queda abrupta de Nicolás
Maduro. Seu método: “ações de violência, condições para conseguir substituir o
governo de Maduro por um governo de transição, uma coalizão composta por
dirigentes da oposição [MUD], líderes sindicais e as onipresentes ONGs”4.
No final de junho uma tentativa de golpe militar de tipo
fascista foi estancada. Um general com um grupo de paramilitares
(autodenominados “guerreiros de deus”, daí presume-se o caráter do bando) cujas
relações com a CIA são comprovadas, bombardeou o Supremo Tribunal de Justiça. Em
julho último, Antonio Ledezma (Aliança Bravo Povo – ex-prefeito de Caracas) e
Leopoldo Lopez (Vontade Popular – de espectro eminentemente fascista) foram
presos por Maduro, pois estavam incitando à direita e amparado pela mídia
golpista, o ódio popular contra o governo. Não tardou para que Donald Trump
espumasse seu ódio de classe alertando o Departamento de Estado contra a
“ditadura” de Maduro e ameaçou com invasão aberta do país por parte das forças
armadas. Aliás, campanha lamentavelmente
assimilada e adotada pela LIT e a UIT contra a “terrível ditadura” instalada no
país caribenho (“Abaixo Maduro”, “Viva o MUD”!!!!). Por esta mesma trilha percorreram
a OEA e o Mercosul que romperam com o ocupante do Palácio Miraflores,
acusando-o de “ditador”!!!
PETRÓLEO BARATO E RÁPIDO PARA OS AMERICANOS
A evolução do comércio petrolífero da Venezuela |
O fundo nebuloso de todos os embates entre Venezuela e EUA,
com a coparticipação da Colômbia, visa o controle estratégico da matriz
energética do país caribenho, atualmente de certa forma sob controle estatal de
Maduro. A acima referida “Venezuela Freedom” força quedas artificias do barril
de petróleo no mundo, ou então diminuindo a compra do petróleo venezuelano,
diminuindo drasticamente recursos para a Venezuela, o que obriga Maduro a limitar
programas sociais, aprofundando a crise com as massas trabalhadoras.
Outrora, com os recursos advindos do petróleo, a Venezuela
ficou conhecida mundialmente pela erradicação do analfabetismo, derivada de um sistema
de ensino público em todos os níveis, proporcionalmente é o país com mais
universitários do mundo em relação a sua população, milhões de moradias
populares foram entregues a preços simbólicos para a população de baixa renda,
aposentadoria digna e salários com aumentos significativos. Todas essas
conquistas, entretanto, não foram dadas por beneplácito, mas pela luta e
organização dos trabalhadores, está sendo desfeita em ruínas por ordem e
intervenção direta de Washington...
O "idiota-útil" a serviço das grandes corporações |
Questão que sob a égide do fascista idiota-útil (Trump),
assume um ponto fulcral: o petróleo, mas
não aquele que todos ingenuamente imaginam a ser destinado ao consumo usual dos
proprietários de veículos automotores; mas àquele voltado para movimentar a
extensa e pesada máquina de guerra imperialista, ou seja, o seu Exército, a
Marinha e a Aeronáutica.
Devido à proximidade
da região em torno da Venezuela, o petróleo torna-se mais barato e ágil. A
extração e transporte desde o Oriente Médio demora cerca de um mês para chegar
à América do Norte, enquanto o que é produzido na Venezuela pode estar
disponível em torno de quatro dias! Portanto, eis a importância estratégica da
Venezuela na alimentação e na “alma” do monstro imperialista! Assim,
dominar este país significa maior poder de barganha econômico-militar em todo o
mundo em relação ao assalto recolonizatório de todas as nações do planeta.
APESAR DAS CAPITULAÇÕES DO BOLIVARIANISMO:
AO LADO DE MADURO CONTRA AS INVESTIDAS CRIMINOSAS DO IMPERIALISMO!
AO LADO DE MADURO CONTRA AS INVESTIDAS CRIMINOSAS DO IMPERIALISMO!
Apesar da crise, Maduro conta com amplo movimento de massas |
O clima de guerra civil enfrentado pelo país somente será
rompido quando as massas trabalhadoras e oprimidas venezuelanas tomarem para si
os destinos da nação, construindo na prática a sua própria independência.
Possível somente com o método de classe: manifestações de massas, protestos,
greves operárias nas fábricas controladas pela direita golpista em ação
conjunta com Maduro para derrotar o fascismo e o paramilitarismo. Ao contrário
do que a mídia golpista de lá e daqui afirmam, Maduro tem forte apoio popular! Entretanto,
essa luta deve correr sem apoio ou confraternização com o decadente governo
bolivariano. Para todos os povos oprimidos do globo, o inimigo número um é o
imperialismo, muito além de um governo burguês nacionalista!
Notas:
1 A “lista negra” do Newswek:
http://www.newsweek.com/blacklist-list-126281
2 Extraído do livro A
invasão paramilitar, Operação Daktari. Luis Britto García e Miguel Pérez
Pirela, Rodríguez Torres, 2012. O grifo é meu;
3 Uma análise bem detalhada: http://misionverdad.com/la-guerra-en-venezuela/al-descubierto-la-agenda-del-comando-sur-contra-venezuela-informe-especial