quinta-feira, 21 de abril de 2016

“POR DEUS, MINHA FAMÍLIA E MEU DINHEIRO”, sim eles são os filhos da pátria burguesa!


O
que esperar da bancada BBB (Bíblia, Boi, Bala) na Câmara Federal? Nada e tudo! A sociedade cada vez mais espetacularizada pelos barões da mídia com teatros do absurdo e de vampiros sanguessugas: os “representantes do povo” atuando em favor da família (as suas próprias, claro), de Deus e dos amigos (quadrilhas de assalto aos cofres públicos, claro), todos, no entanto, unidos “contra a corrupção”! Manifestavam-se assim os crápulas, os proponentes da perfídia, os achacadores, os oportunistas de camarote, enfim todas as hienas representando contra o PT.

O que vimos neste último domingo, longe de ser uma aberração ou um “circo de horrores” como muitos afirmaram, é o retrato mais fiel da “democracia dos ricos” – e sem retoque no photoshop! Talvez tenha chocado alguns incautos defensores da democracia em geral, mas é o suprassumo da “realidade política” a qual estamos submetidos e que permeia nossos “probos mandatários”. O sistema e o regime corrupto somente poderia gerar todo aquele espetáculo dantesco no Congresso, está na “alma” do capitalismo que a cada dia gera mais e mais indigentes intelectuais e escroques políticos com no máximo dois neurônios na "defesa do povo" brasileiro. O fascismo destrói a política e assassina a gramática!

O “pacto oligárquico” consumado desde o primeiro mandato de Lula no Planalto soçobrou em oceano de águas turvas, atiçadas por ventos que sopram do norte. Ou seja, a recuperação (da bolha especulativa) econômica dos Estados Unidos após a grande recessão de 2008 provocou uma superdesvalorização das commodities, principalmente do petróleo, o que fez desabar as economias dos BRICS, por sobre cujas raízes assentara-se fugazmente o “superávit” brasileiro. Banqueiros, latifundiários (agronegócio), ricaços como Eike Batista e até a mídia corporativa estavam ganhando a custa do governo do PT e do Tesouro Nacional. Mas toda farra tem um custo! O dinheiro acaba um dia e chega a conta... Dívida pública, falência dos estados, alta dos juros, desemprego em massa. A burguesia demanda mudanças estruturais, como fim dos benefícios sociais, privatização da previdência, isenções, maiores subsídios estatais, ajustes fiscais não com a velocidade com que a frente popular estava implementando, mas em curto prazo, de lampejo e de bandeja. Para se chegar a este ponto, foi necessária a destruição das forças produtivas do país, paralisar todos os investimentos em infraestrutura. Papel desempenhado com desenvoltura pela “crash wash” do midiático tucano Moro ao lado de seus consortes do Ministério Público e STF que criam novas jurisprudências golpistas a seu bel-prazer. Em resumo, a “governabilidade” edificada pela frente popular ruiu, tomando o seu lugar os bandidos de toga e seu braço armado a PF.

FRACASSO DA CONCILIAÇÃO DE CLASSES DO LULISMO

Em questão, portanto, está o completo fracasso do projeto lulista de uma socialdemocracia tupiniquim cimentada em acordos com a classe dominante e oligarquias regionais (Joaquim Levy, Sarney, Katia Abreu, Michel Temer, Collor, Maluf e toda escória de fisiologistas...). Mais uma vez está provado que a prática da conciliação de classes sempre conduzirá a tragédias políticas, representadas pela conspiração aberta e descarada do vice-presidente. O PT é um bagaço de laranja chupado e jogado fora: após todos os corruptos e larápios terem se saciado, agora o cospem enojados. A “democracia” no Brasil espelha a podridão do regime político. O pus cancerígeno fez sua metástase no Congresso Nacional com todo seu reacionarismo.

Outro “espetáculo” está por vir no Senado, outras 72 horas de transmissões televisivas reverenciando nossos “representantes” fantoches e seus discursos bizantinos. Qual será a nova senha para receber as malas de dinheiro? Na Câmara foi “deus e a família”. Mas quem são os titeriteiros das marionetes?

Eles estão nas mãos dos industriais da Fiesp, Firjan e CNI; os empresários das associações comerciais e Fecomércio; os ruralistas da CNA, SRB e ABAG; os capitalistas dos oligopólios de comunicação, proprietários do Estadão, Folha, Globo, Abril, etc. Ou seja, a fonte da corrupção, a qual é tomada inversamente como “vítimas” do PT pelo PIG. Estes setores deram vazão à “nova direita” surgida após as manifestações de junho de 2013, alimentando toda sorte de imbecis e fascistas num Congresso em que dos 511 deputados somente 36 elegeram-se por suas próprias forças. Daí o “altíssimo nível”...

TRANSFERÊNCIA DA RIQUEZA PÚBLICA PARA OS GRANDES CAPITALISTAS

A burguesia pleiteia pela transferência de fundos públicos diretamente para seus bolsos através do “ajuste fiscal”, redução e restrição a pensões e ao seguro desemprego. O capital exige “austeridade”, neste sentido. Dilma em sua vereda direitista não teve cacife para atender estes reclames rentistas. Além disso, o PT, após diversas manifestações de massas não tem demonstrado ser confiável no controle social no país. Para a burguesia e o imperialismo o modelo petista está esgotado como meio de contenção de massas.

E ainda há quem defenda que este congresso de carrapatos convoque “eleições gerais” para postular o mafioso Moro para ocupar a cadeira do Planalto e, acredite, uma “assembleia constituinte livre e soberana” para instaurar no mínimo uma... teocracia evangélica!! Em que mundo da constelação onírica-delirante vivem?

A derrota do PT no plenário da Câmara e, certamente, no Senado não está balizado por nenhuma tendência progressista das forças sociais que compõem os agentes golpistas pró-impeachment; nem constitui uma via de superação ao governo neoliberal do PT. Antes de mais nada, este golpe institucional é uma séria derrota popular perante a ascendente direita mais encardida no país – há pouco base aliada de Dilma/Lula - que faz livremente proselitismo a torturadores e à ditadura militar assassina e nada sofre em termos de punição. Os “senhores” deputados foram as peças de um xadrez bem mais complexo no extenso jogo do poder que passa pela “Lava Jato”, Operação Zelotes, escândalo do HSBC, os “Panama papers”, a entrega do pré-sal às transnacionais, Trensalão, Merendão, Banestadão... que tem por finalidade um grande acordo nacional para salvar as grandes corporações e manter inabalável a corrupção capitalista, “pela graça de deus e da família”!