terça-feira, 13 de dezembro de 2016

152 ANOS DA GUERRA DO PARAGUAI – BRASIL/ARGENTINA/URUGUAI/INGLATERRA: extermínio étnico em nome da “civilização” liberal e da economia de mercado


A
 guerra contra o Paraguai, iniciada no 13 de dezembro de 1864, foi o maior e mais sangrento conflito militar da América Latina. Diferente do que a historiografia positivista (e os neopositivistas ou antimarxistas encabeçados por Francisco Doratioto) que compartimentaliza a História, a abordagem desse artigo será sob a perspectiva do materialismo histórico, a que coloca a guerra dentro de um movimento universal – embora nem sempre consciente – de desenvolvimento do capitalismo em âmbito mundial. Ou seja, das colônias latino-americanas, das independências, da guerra propriamente dita, tudo como resultado de um novo modo de produção que emergia através das guerras napoleônicas na Europa ainda transitoriamente “feudal”, destacando de soslaio o processo da guerra civil norte-americana. Neste viés, as guerras assumem não mais apenas o papel de saquear povos e nações, mas serviriam para abrir forçosamente mercados e instaurar governos “sátrapas” ao redor do globo terrestre, naquilo que se converteu na “era dos impérios” que começou pela Índia e a China nas chamadas “guerras do ópio”.

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA/15 DE NOVEMBRO 1889: golpe político-militar para ratificar domínio do latifúndio e do privatismo nas entranhas do Estado

“Uma rematada tolice que foi a tal república. No fundo, o que se deu em 15 de novembro foi a queda do Partido Liberal e a subida do Conservador, sobretudo da parte mais retrógrada dele, os escravocratas de quatro costados”. [Lima Barreto, 1881-1922]

Quadro de Henrique Bernardelli
idealizando a Proclamação da República
pelo Marechal Deodoro da Fonseca
A
Proclamação da República no Brasil segue em uma linha de evolução iniciada com a “Independência” (1824) conduzida pelas classes dominantes do país. Consequência das revoltas sociais e políticas durante o “Império”, das novas necessidades da Revolução Industrial que se desenvolvia na Europa e o reordenamento das oligarquias no país logo após o fim da Guerra contra o Paraguai. Não se tratou de um corte histórico na sociedade, nem um ato heroico de um indivíduo tal como o representado pela arte oficial em que o Marechal Deodoro da Fonseca aparece glamoroso montado em seu corcel erguendo seu quepe triunfante como figura central do episódio, tampouco representou a vontade popular e os novos ideais de liberdade. A vida, após a Proclamação da República, como ela era no Império segue a mesma: exploração, elitismo e selvageria repressiva antipopular... agora acrescida com o trabalho assalariado dos imigrantes europeus que viria por substituir a mão de obra escrava.

DECISÃO CONTRA A VONTADE DE DEODORO!

Adoentado, acometido de forte dispneia (enfermidade contraída durante a Guerra do Paraguai), o Marechal Deodoro foi retirado da cama pela madrugada e instigado a agir dada a enorme crise por que passava o governo de D. Pedro II. Este último, o “velhinho” passava os dias prostrado e recolhido na sua residência em Petrópolis (72 quilômetros da capital Rio de Janeiro). Foi necessário que os republicanos, atônitos com a morbidez dos militares, espalhassem o boato de que o imperador iria prender as lideranças do partido para que Deodoro colocasse algumas tropas nas ruas e no dia 15 se deslocassem para o centro do Rio de Janeiro a fim de deporem os ministros de D. Pedro II. O “herói da proclamação” fazia parte do staff de confiança do imperador, relutou em participar do “putsch” até poucos dias antes. Nem mesmo o imenso prestígio do Exército após o genocídio que foi a Guerra contra o Paraguai (1864-1870) animava o claudicante marechal!

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

O PERÍODO PÓS-GOLPE INSTITUCIONAL NO BRASIL: junta de rentistas impostores assume controle do (des)governo federal


O
 golpe institucional perpetrado contra o governo da frente popular, por força do STF, PF e Parlamento, insere-se em cima de um novo patamar político e econômico, aberto em nível internacional. E como tal vai se aprofundando em seu curso reacionário no Brasil e quiçá na América Latina em seus aspectos ideológicos e políticos, que inelutavelmente refletem a nova superestrutura jurídica e econômica do país. A edição e aprovação em primeiro turno da PEC 241 é o exemplo cabal desta tendência nefasta, imposta por uma junta financista ultraneoliberal sob as escusas de uma “crise econômica herdada do PT”, cujo expoente é Henrique Meirelles, o homem de confiança do capital financeiro e tem o usurpador Temer como fantoche.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

DO “MENSALÃO” ÀS “JORNADAS DE JUNHO DE 2013”; DA “LAVA JATO” AO GOLPE INSTITUCIONAL-MIDIÁTICO: as eleições municipais no marco da fascistização do regime político e o rearranjo das oligarquias no Brasil


A
s eleições municipais deixaram uma marca indelével, apesar de ser um terreno distorcido do nível de consciência das massas, a enorme quantidade de votos nulos, brancos e abstenções nos maiores colégios eleitorais brasileiros, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre... Contanto, antes de indicar um elemento de progressividade neste âmbito, revela de forma acachapante a continuidade da fraude política inaugurada com o “Mensalão” a partir de 2012; passou pelas tão enaltecidas “jornadas de junho” de 2013 quando a direita retrógrada mostrou seus dentes raivosos balizada pela mafiosa Rede Globo. Como nada fora provado contra o PT – o alvo estratégico de Joaquim Barbosa – nos processos farsas do “mensalão”, apenas uma estúpida tese de “domínio do fato”, era necessário algo mais profundo e espetacular. Criou-se a operação “lava jato” desde os bastidores do Departamento de Estado dos EUA, com o claro fito de criminalizar o PT e o conjunto da esquerda no Brasil em conluio com a grande mídia corporativa sob o címbalo obscuro de um admirador confesso de Benito Mussolini, o juizeco e dublê de justiceiro Sérgio Moro. Neste ínterim, surge a nefasta figura de Eduardo Cunha como presidente da Câmara quem, ao lado do PSDB, inviabilizou a governabilidade da frente popular. Não que Dilma dispusesse alguma pauta progressista aos “digníssimos” deputados; ao contrário, sua agenda era neoliberal e entreguista pari passu! Cunha aprova a censura nas eleições, com a limitação do tempo de propaganda e a participação de pequenos partidos de esquerda, restringindo-os a incríveis seis segundos! Uma lei piorada em relação àquela da ditadura militar, a odiada “Lei Falcão”...

sábado, 1 de outubro de 2016

ESTADOS UNIDOS ENCABEÇAM FRENTE TERRORISTA AL NUSRA: desvendam-se plano e agenda criminosa para balcanizar e criar “regimes salafistas” na Síria


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os últimos dias temos presenciado a intensificação dos ataques ao regime sírio por intermédio não só de bombas, mas também pelas linhas tortas da “mídia mainstream”1, acusando-o a seu modo como sendo responsável pelos constantes massacres da população e a dizimação bélica das caravanas de ajuda humanitária em Aleppo. Porém, como veremos, trata-se de uma pugna ideológica – claro, compreendida como expressão de uma guerra sangrenta de extermínio – e de propaganda das grandes potências ocidentais para desestabilizar e desmoralizar o regime político laico e republicano de Assad2. Seu método são as sabotagens e mentiras tomadas como fatos indeléveis. Para comprovar semelhante descalabro basta analisarmos rapidamente o que “jornalões” publicam e divulgam através de suas pautas arquitetadas desde os bastidores do Pentágono e sordidamente pensadas a partir da CIA. Soma-se que os EUA não participam como meros expectadores, mas com mão ativa ao insuflar grupos jihadistas reacionários contra os sírios, o que fica bem exposto após a entrevista que um dirigente do grupo al Nusra, o comandante Abu al-Ezz, concedeu ao jornal alemão Kölner Stadt Anzeiger (26/9/2016). A frente Al-Nusra a que pertence Abu é uma dissidência da Al Qaeda, rebatizada sob a orientação dos EUA de Frente Fatah al-Sham para dificultar o controle russo na região leste da Síria.

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

20 DE SETEMBRO DE 1835, A “REVOLUÇÃO FARROUPILHA”: de “caudilhos” a “pacificadores”, dos mitos resta-nos a bosta sobre ruas e alamedas como verdade concreta


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omeçaram esta semana as comemorações da “Semana Farroupilha” em todo o Rio Grande do Sul. Nas ruas, gaúchos pilchados, desfiles de “tropeiros” em seus cavalos, CTGs e folcloristas românticos em polvorosa; enfim, todos absortos em seu esfuziante e desgastado “civismo regional” que reverencia heróis do passado glorioso e seus feitos totalizantes do povo gaúcho, emblemática e ufanisticamente venerados no hino rio-grandense: “Sirvam nossas façanhas/De modelo a toda Terra” (https://www.letras.mus.br/hinos-de-estados/126618/). Tantas virtudes juntas correspondem à realidade? Para o marxismo não há categorias abstratas derivativas de si mesmas, a ciência histórica trabalha diretamente com o que a vida e as necessidades materiais lhe fornece, quer relativo aos indivíduos quer no âmbito coletivo. Neste sentido, caracterizar a insurgência dos farrapos como uma revolução é redundar num tremendo equívoco, pois o móvel da época sempre fora a guerra como principal fator de acúmulo e povoação do extremo sul brasileiro e, ao final das beligerâncias, poucas coisas da estrutura social e política foram alteradas. A “estância” e o militarismo bárbaro atuaram como mecanismo de posse do território gaúcho, alimentados ainda mais pela crise acentuada do modelo econômico brasileiro, a mineração, a monocultura de exportação do açúcar e, mais tarde, o café. Os revoltosos farroupilhas não poderiam estar à frente de seu tempo, expressavam antes de tudo a mentalidade da época, consubstanciada nas guerras de conquistas, na defesa incondicional do regime escravagista, a pilhagem, o contrabando e o roubo como fatores de acumulação de capital e renda da terra.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

7 DE SETEMBRO DE 1822 - INDEPENDÊNCIA DO BRASIL: compromisso estabelecido pela aristocracia rural para inserir “corpos imensos de cabeças pequenas” na divisão internacional do trabalho




O
estroina D. Pedro e sua comitiva, setembro de 1822, deixam a capital de São Paulo em direção a província de Santos, cidade na qual aconteciam diversos distúrbios sociais em decorrência da politica inepta do governador e suas desavenças com a aristocracia rural, mesmo sendo seu “sátrapa” nomeado por “vossa majestade”. Ao chegar foi recebido com vaias e xingamentos. Para tentar remediar a crise e cooptar a população, o “eminente” D. Pedro promoveu uma grande festança que durou a noite inteira. Nem a farra e a bebedeira conseguiram reverter o quadro, apenas promoveu uma briga generalizada de bêbados e nosso príncipe contraíra uma tremenda dor de barriga! Sem o fito de acalmar os ânimos, volta correndo a São Paulo. Estafado pela longa viagem, resolve apear de seu burro às “margens plácidas” do riacho Ipiranga acometido de severa diarreia. Sujo, mal tendo tempo para colocar as calças, D. Pedro recebe um estafeta com mensagem de que seu pai, D. João VI, ordenando-o voltar imediatamente para Portugal a fim de se submeter ao Rei. Junto com esta ordem recebe outras duas cartas: de José Bonifácio, que aconselhava o príncipe a romper com o domínio português; e a outra, de sua mulher, D. Leopoldina (partidária de José Bonifácio), na qual apoiava politicamente a proposta de Bonifácio. Gritando de dor, em circunstâncias nada glamorosas, D. Pedro teria proferido o brado da “independência ou morte”, haja vista que sua maior ambição era estabelecer uma monarquia absolutista no Brasil dirigida por ele próprio. Uma viagem do Brasil a Portugal demorava dois meses, tempo que os lusitanos levaram para saber do ato do regente. Porém, para chegar a esse ponto, o custo social foi muito elevado, uma vez que abarca um longo período, desde primórdios do século XVIII e desenvolvido com a fuga da família real de Portugal para o Brasil em 1808. A “corte” lusitana instalou-se no Rio de Janeiro confiscando (roubando) casas e terras dos brasileiros. As razões da “independência” não foram um ato isolado da vontade de um dirigente de Estado, mas estão nas novas necessidades do capitalismo entendido na divisão internacional do trabalho.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

“POKÉMON GO” EM AÇÃO: brincadeira nada ingênua, ou quando o “caçador” torna-se presa!


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uito se têm comentado sobre a nova mania, quase histérica, que tomou conta de milhões de pessoas em todo o mundo, a qual chega ao Brasil. Alguns, a maioria dos casos, acreditam piamente que o jogo é apenas uma diversão inocente e que a ela todos devem ter direito, além de trazer inúmeros pontos positivos de interações com o meio. Outros salientam criticamente os efeitos mais nocivos referentes à indução alienante de uma coletividade praticante. No entanto, o que nem um nem outro grupo postula, muito menos tem a mínima ideia do que seja, é que o “joguinho” tem implicações que vão muito além dos aspectos meramente lúdico-formais. Por trás reside uma tecnologia bastante avançada e com imenso poder de fogo informático, fruto de décadas de experimentos, que incorpora parâmetros políticos, econômicos, ideológicos e quiçá militares. O “Pokémon Go”, o jogo de realidade aumentada, não é aquele joguinho abnóxio que está posto simploriamente na palma da sua mão, haja vista que o dispositivo requer acessos ininterruptos à rede, que por sua vez, se vale de uma triangulação geoespacial através de câmera orientada ao “objeto” Pokémon, na verdade dados reais capturados!

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

DIREITA VOLVER: MARX E ENGELS RACISTAS? Boçalidade da classe média, Carlos Moore e o ódio nos tempos de fascistização



O
ntem, 31 de julho, adornado de adesivos que publicitavam o “Fora Temer, não ao golpe”, após o ato contra o golpe, alguns coxinhas, “mauricebas e patricebas” desmiolados, me abordaram na rua de forma bastante ofensiva e raivosa: “só pode ser um petista comunista”, “vai pra Cuba”, “Marx era racista, protonazista” gritava uma com ares de superioridade e mais um desfile de pérolas fundamentadas num senso comum vil, típico de imbecis sem cérebro que jamais leram algo de Marx, mas muita Veja. Eis então que um desses elementos asqueroso estava distribuindo um “mosquito” que continha algumas “citações” de Marx, o qual fiz questão de pegar, li apesar do asco: diz, “As classes sociais e as raças fracas demais para conduzir as novas condições de vida devem deixar de existir. Elas devem perecer no holocausto (sic!) revolucionário”. O outro trecho, nauseabundo, tomado aleatoriamente afirma “que a escravidão é uma categoria econômica como qualquer outra... esclarecendo que se trata da escravidão direta, a dos negros do Suriname, no Brasil, nas regiões meridionais da América do Norte... Sendo que, comparado ao resto de nós um nigger (crioulo) é o que há de mais perto do reino animal, ele é, sem dúvida nenhuma, o representante mais adequado para este distrito”. Sem perder tempo e paciência deter-me-ei a comentar essas duas passagens atribuídas a Marx. Fato emblemático ilustra quão reacionária é a etapa por que passamos em termos de regime político. Nesse sentido, cabe nos fortalecer com a discussão ideológica bastante sólida.

quarta-feira, 15 de junho de 2016

O SACO SEM FUNDO DO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO: um órgão sem nenhum controle social, mas com mesa posta para o capital


A
té o presente momento todo o arco da opinião pública dita “progressista”, ao lado da frente popular, levando de roldão a esquerda trotsquizante (PSTU, CST, PCO, MRT, MES), tem caracterizado o sistema judiciário brasileiro como um órgão corporativista, dirigido por tucanos, distante dos reais anseios dos trabalhadores. Esta, entretanto, é uma meia verdade que não foge aos limites do senso comum e a seu “empirocriticismo” analítico. Ficam no ar as perguntas: por que o judiciário foi uma das peças mais importantes na deposição do governo Dilma através de um articulado golpe institucional? Qual o papel da famigerada “operação lava jato” no contexto da procuradoria geral da República e do STF? A raiz da compreensão vai ao fundo da necessidade de termos uma visão macro, tanto em nível econômico como no geopolítico e situa-la dentro de uma guerra não convencional declarada pelo imperialismo norte-americano há poucos anos.

sexta-feira, 13 de maio de 2016

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA, 13 DE MAIO DE 1888: Regime político escravista verga após três séculos de luta do povo negro! Zumbi dos Palmares, nosso coração e mente!

 

“A acumulação original desempenha na economia política aproximadamente o mesmo papel que o pecado original na teologia. Adão deu uma dentada na maçã, e deste modo o pecado desceu sobre o género humano. A origem daquele é explicada ao ser contada como anedota do passado. Num tempo remoto havia, de um lado, uma elite diligente, inteligente, e sobretudo frugal, e do outro uma escumalha preguiçosa, que dissipava tudo o que tinha e mais” (K. Marx, O Capital - A Chamada Acumulação Original)

P
assados três longos e terríveis séculos dos suplícios da escravidão, a 8 de maio de 1888 o ministro da agricultura conselheiro Rodrigo Augusto da Silva – membro do Partido Conservador - apresenta seu projeto à Câmara dos Deputados, o qual preconizava o fim do trabalho escravo no Brasil. 83 deputados declararam-se favoráveis; 9 foram contra. Aprovado logo foi remetido para o Senado, “onde foi recebido com grande alegria” (Anais do Senado), votado e aprovado no dia 13 e encaminhado para a regente “princesa” Isabel que na mesma tarde assinou a “Lei Áurea” (Lei Imperial n.º 3.353). Porém, muito distante desta visão idílica e ordeira, a realidade foi tremendamente adversa: “Os ex-escravos foram abandonados à sua própria sorte... Se a lei lhes garantia o status jurídico de homens livres, ela não lhes fornecia os meios para tornar sua liberdade efetiva... A Lei Áurea abolia a escravidão mas não seu legado. Trezentos anos de opressão não se eliminam com uma penada” (A abolição, Emília Viotti da Costa). Assim deve ser compreendido o processo da abolição da escravatura no Brasil, ou seja, a lei ainda que de modo deformado, indicava um acirramento da luta de classes durante o período colonial (capitalista). O caráter de classe da “princesa” e seu pai (D. Pedro II) é inquestionável. Agora, de forma alguma pode ser caracterizada como falsa a abolição, pois adotar tal assertiva é corroborar com a ocultação das resistências e lutas heroicas do povo negro que não foram poucas (fugas, justiçamentos de senhores e feitores, rebeliões, quilombolas...), fazendo coro com um “novo” tipo de história segundo o qual a resistência do trabalhador escravizado é negada “em meio a uma sociedade harmônica, que quando o cativo atinge sua alforria sente falta da proteção de seu senhor” (Katia Mattoso) enaltecendo um mundo de sonhos e de “colaboração mútua”.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

“POR DEUS, MINHA FAMÍLIA E MEU DINHEIRO”, sim eles são os filhos da pátria burguesa!


O
que esperar da bancada BBB (Bíblia, Boi, Bala) na Câmara Federal? Nada e tudo! A sociedade cada vez mais espetacularizada pelos barões da mídia com teatros do absurdo e de vampiros sanguessugas: os “representantes do povo” atuando em favor da família (as suas próprias, claro), de Deus e dos amigos (quadrilhas de assalto aos cofres públicos, claro), todos, no entanto, unidos “contra a corrupção”! Manifestavam-se assim os crápulas, os proponentes da perfídia, os achacadores, os oportunistas de camarote, enfim todas as hienas representando contra o PT.

O que vimos neste último domingo, longe de ser uma aberração ou um “circo de horrores” como muitos afirmaram, é o retrato mais fiel da “democracia dos ricos” – e sem retoque no photoshop! Talvez tenha chocado alguns incautos defensores da democracia em geral, mas é o suprassumo da “realidade política” a qual estamos submetidos e que permeia nossos “probos mandatários”. O sistema e o regime corrupto somente poderia gerar todo aquele espetáculo dantesco no Congresso, está na “alma” do capitalismo que a cada dia gera mais e mais indigentes intelectuais e escroques políticos com no máximo dois neurônios na "defesa do povo" brasileiro. O fascismo destrói a política e assassina a gramática!

segunda-feira, 28 de março de 2016

YES, NÓS TEMOS BANANAS, subornos, corrupção e... Sérgio Moro! A “justiça” vem de fora para perpetuar exploração capitalista

A
té agora um grande espectro da opinião pública encarou a crise institucional que abala o governo Dilma como consequência da corrupção, dia após dia bombardeando a população com factoides midiáticos. Aqui, é necessário mudar esta perspectiva se valendo de um método de análise materialista a partir do critério de classe, pois tratar os melindres da corrupção de forma geral dilui o essencial, o conflito entre os exploradores e explorados, como se o corrupto (o serviçal) pudesse agir como elemento ativo no processo e perante o capitalista (a burguesia), quando este último se apropria da riqueza nacional como inerente à acumulação capitalista. A mídia, a classe média, a direita e até setores da esquerda vêm tratando a corrupção brasileira como uma generalidade deixando para trás o aspecto ontológico mais importante que é a dominação de classe. A corrupção sempre existiu, desde as formações sociais pré-capitalistas – quando não havia a distinção público/privada (antiguidade oriental, Grécia Clássica, Roma), só que hoje ela advém e parte da classe dominante detentora dos meios de produção. Assim, o jogo por detrás das visões generalizadoras passa por manter a lógica do senso comum, a fim de que a dominação e a opressão de uma classe sobre a outra se perpetue indefinidamente no avançar dos tempos. O conteúdo de classe e ideológico tem sido imposto de fora, como teremos oportunidade de constatar mais abaixo. Outrossim, significa desvincular a corrupção de uma apropriação privada dos recursos públicos em direção a um punhado de ricaços como um sistema funcional e não uma qualidade natural da alma humana.

segunda-feira, 14 de março de 2016

OPERAÇÃO “CAR WASH”* Arquitetada pelos amos do Norte para solapar as forças produtivas do Brasil. Politização (ou despolitização) da “justiça” do país?



A
denominada operação “Lava Jato” (“car wash”) a cada dia ganha contornos mais autoritários, acentuando teses comezinhas do tipo “achismo”, do “teria” e/ou “poderia” conduzidas com o credo do “homem de preto”, Sergio Moro. A sua última peripécia que emoldurou o sequestro ilegal do ex-presidente Lula é a peça mais trágica de um enredo elaborado a partir das “delações premiadas” de notórios gangsteres e escroques a serviço do capital no Brasil, afinal quem corrompe é o possuidor e não os meros estafetas públicos. Não direi de quem partiram as novas “denúncias” que provocaram a caça a ao ex-presidente Lula e seus familiares (apenas digo que foi alguém com o nome do sempre-tucano Delcídio...). Promotores públicos medíocres e profundamente ignorantes se aproveitam do sangramento do staff governamental para terem seus dias de fama como serviçais da burguesia paulista. A burguesia financeira na voz dos tucanos paulistas arregaça suas mangas e ataca o governo federal. A classe média idiotizada expõe sua esquizofrenia anticomunista manietada pela mídia corporativa. Sobre este caldo de cultura virulento imensamente contagioso navega o bundamolismo da direção nacional do PT que praticamente se cala diante da ofensiva direitista, o que significa que tem a sua aquiescência com a situação. Tudo coaduna à fascistização do regime político através da politização (ou despolitização) da “justiça” brasileira e da condenação da política (partidos) em geral pela mídia mainstream.

sexta-feira, 4 de março de 2016

PRIMÁRIAS AMERICANAS Donald Trump, a preferência impreterível da oligarquia financeira e do imperialismo?



A
s prévias presidenciais norte-americanas deste ano tem chamado atenção pelo fato de candidaturas pouco convencionais terem surgido praticamente do nada; mais especificamente, Donald Trump de um lado e Bernie Sanders por outro, ambos eclipsando figuras conhecidas. Destaca-se, entretanto, a primeira não tanto por sua “excentricidade” ou pelos aspectos boçais, mas por indicar aonde trilha a política do imperialismo ianque ao partir em secções a sua própria carne. Com Trump, estaríamos defronte a um candidato “anti-establishment” como a opinião pública burguesa (e até da esquerda) quer fazer crer? Ou diante de um “aventureiro” que não tem nada a perder, ou simplesmente um “louco”? Qual é o poder de fogo desta nova direita que emerge do campo conservador republicano?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

LUTA CONTRA O OBSCURANTISMO DO SÉCULO XVI Após dois mil anos Nicolau Copérnico consegue parar o Sol e movimentar a Terra! “Expulsar” a teologia da ciência!

 
N
o dia 19 de fevereiro de 1473 nascia Nicolau Copérnico, ninguém menos do que aquele que revolucionaria o modo de pensar humano e o modo de fazer Ciência, um instrumento que rompesse não apenas com as verdades absolutas como também com o senso comum da experiência empírica imediata. Seus estudos se bateram com os mais ignorantes padres e monges da Igreja católica partidária da metafísica aristotélica/tomista. Em questão, a rejeição da teoria geocentrista do Universo, segundo a qual a Terra seria o centro de tudo, em torno da qual os elementos giram. No entanto, sua obra somente fora reconhecida às vésperas de sua morte, com a publicação do emblemático livro “De revolutionibus orbium coelestium” (Da revolução de esferas celestes) em 1543. Afirmara que a Terra era apenas mais um planeta que concluía uma órbita em torno de um sol fixo todo ano e que girava em torno de seu eixo ao longo de um dia, conseguira explicar os equinócios de forma bastante plausível, o eixo rotacional da Terra e as estações climáticas. Muita água rolou, ou melhor, muitos equinócios houve até chegar a estas conclusões: quase dois mil anos sob a égide doutrinária da Igreja e dos grilhões das masmorras ou suas fogueiras de auto de fé contra os “hereges”. Seus embates, dúvidas são exemplos a serem seguidos na época atual, cada vez mais mergulhada no reacionarismo medieval e de retrocesso cultural e ideológico de amplas as massas em nível planetário em pleno século XXI, quando finalmente foram comprovadas as teses da Teoria Geral da Relatividade de Einstein e suas ondas gravitacionais.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

SURTO DO ZIKA VÍRUS E O PROJETO AEDES TRANSGÊNICO. O novo “bug” de Bill Gates e o gene letal do capitalismo!


H
á inúmeros aspectos escondidos na estória do Zika Vírus (descoberto em 1950), muito além de uma suposta “teoria da conspiração”. Ele já existia muito antes deste surto exposto à exaustão pela mídia oligopsônica mundial, e tem cotação nas bolsas de valores! Vale 599 dólares, mas como os proprietários são magnânimos o estão distribuindo gratuitamente na América Latina!! Tem quem ache que se trata de um problema de gênero, como faz o O PSTU (site PSTU, 3/2), pois afetaria as mulheres grávidas causando microcefalia nos bebês. Ora, ainda não foi comprovada a influência do Zika vírus na gestação. O problema é muito mais profundo, e envolve uma análise política mais abrangente. Nesta trama cabulosa estão envolvidos alguns dos maiores conglomerados financeiros do planeta: a ATCC, de propriedade da Fundação Rockefeller no início da cadeia produtiva e a Oxitec mantida pela Fundação Bill e Melinda Gates que vem completar o processo. O primeiro desenvolveu o inseto, o segundo modificou-o geneticamente. Terrível esta “parceria”? Não. Trata-se de capitalismo, cara-pálida!

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

FABRICANDO O “DÉFICIT PREVIDENCIÁRIO” NA FONTE: Planalto mente para entregar o imenso filão estatal a rentistas e especuladores


H
á vários anos o governo federal (de Collor, Itamar a FHC, chegando a Lula/Dilma) em conluio com a mídia mainstream (de massa, dominante e golpista - PIG) vêm montando uma operação de guerra contra a Previdência Social, difundindo em seus “jornalões” e “telejornalões” que a crise por que passa o sistema previdenciário brasileiro resulta da incapacidade gerencial do Estado. É, neste sentido, alvo permanente de longas matérias em seus editoriais e reportagens cotidianas, vendendo a ideia bastarda de que a “solução” para o “enorme déficit” da previdência passa por sua privatização o mais rápido possível. Ora, esta é antes de tudo a concepção conservadora neoliberal mais rasteira e mentirosa que possa existir e com a qual os “economistas de planilha” do Planalto concordam em grau e gênero, abrindo espaços para o proselitismo político retrógrado. No entanto, em cima deste engodo traçam todo seu manancial programático com o claro objetivo de vender gato por lebre, ou seja, vender o suposto déficit para colher os frutos suculentos de um enorme potencial de lucratividade através da privatização da previdência; caso contrário, entrará em falência. Longe desta concepção atrazada (com ‘z’ mesmo!!), abordaremos o problema levantado de acordo com o método materialista, segundo o qual o sistema previdenciário é superavitário em seu todo, contestando sobremaneira as teses neoliberais.